Babu: Não foi vitimismo, foi o primeiro ano de governo Bolsonaro

Segundo Babu, em 2019 o meio artístico "passou por um massacre". O ator trabalhou apenas 2 meses no ano e pensou em desistir da carreira

Jornal GGN – Último homem a ser eliminado do Big Brother Brasil 2020, Babu Santana rebateu nesta segunda (27), durante o programa matinal da jornalista Fátima Bernardes, as críticas de antigos colegas de confinamento sobre o ator negro ter adotado um “discurso vitimista” durante o reality show.

Sem entrar na esfera política, Babu deixou transparecer que as mudanças no Ministério da Cultura a partir da eleição de Jair Bolsonaro foram sentidas lá na ponta, por artistas que, como ele, ficaram sem trabalho e renda perene, chegando a cogitar desistir da carreira.

“Não estou nem aí se alguém quer achar que é vitimismo. Era um fato que estava acontecendo em minha vida”, disparou.

Segundo Babu, “no ano passado o nosso meio [artístico] passou por um massacre. Um País que já não investe em Cultura, o ano passado foi terrível.”

Na visão do ator, alguns “conseguiram se virar” apontando na internet para projetar a imagem própria ou continuar fazendo trabalhos. “O que eu quis aprender com esses jovens era como me organizar dentro desse mundo moderno. Porque eu, vindo do mundo analógico, eu trabalhei janeiro e trabalhei setembro [de 2019], tendo 3 filhos.”

“Eu peguei um buraco, um abismo do cinema nacional. O cinema nacional, quase ninguém conseguiu filmar. Teatro estava muito difícil. (…) Foi muito ‘brabo’. O final do meu ano foi uma coisa que eu pensei em desistir da carreira. A gente pensa várias vezes, mas o ano passado eu pensei sério”, desabafou.

Ao longo de 2019, Bolsonaro tratou de esvaziar a Cultura, que praticamente perdeu o status de Ministério. Numa ofensiva contra a Agência Nacional de Cinema (Ancine), cortou 43% da verba destinada às produções audiovisuais. Foi o maior ataque à principal fonte de financiamento no setor desde 2012, segundo a Folha de S. Paulo.

A ação foi precedida de um discurso autoritário de Bolsonaro, defendendo que a Ancine fosse dirigida por alguém com “com perfil evangélico” e criasse “filtro de patrocínios”. Na prática, o presidente denotou que poderia impor uma censura prévia contra obras que ele não considera apropriadas de seu ponto vista ideológico.

A escolha de Regina Duarte para a Secretaria Especial de Cultura tampouco freou o movimento autoritário, ao contrário do que esperava parte da classe artística. Até agora a atriz de direita não disse a que veio.

Redação

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