Barroso, os negros de primeira linha e a reforma trabalhista, por Rodrigo Carelli

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Foto: Marcelo Camargo/EBC
 
Jornal GGN – Assim como a fala de que seu ex-colega Joaquim Barbosa era um “negro de primeira linha”, diversas outras opiniões do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), assumem um discurso da autoridade que entende legítima, mas que pode causar sofrimento a diversas pessoas.
 
A opinião é do professor e procurador Rodrigo de Lacerda Carelli, que chama a atenção para a defesa da reforma trabalhista feita por Barroso em um evento sobre o Brasil em Londres. O ministro repetiu argumentos sobre os processos trabalhistas que não têm base na realidade, e sim nas opiniões de Flávio Rocha, dono da Riachuelo.
 
Depois, em palestra no Tribunal Superior do Trabalho, Barroso afirmou que há um excesso de proteção trabalhista que “infantiliza, isso quando não estimula as pessoas a serem incorretas”. Para Carelli, o magistrado “somente reproduz a fala e o pensar da elite brasileira, que mantém a desigualdade social característica da sociedade brasileira, e todos os seus conhecidos males”.

Leia mais abaixo:
 
Do Jota
 
Barroso, negros de primeira linha e a reforma trabalhista
 
Os experimentos de Milgram explicam
 
Por Rodrigo de Lacerda Carelli

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, durante discurso de homenagem a Joaquim Barbosa, chocou a muitos ao afirmar que o ex-colega era um “negro de primeira linha”.[1] O próprio ministro Barroso se disse chocado com o que ele mesmo disse, pedindo desculpas “às pessoas a quem possa ter ofendido ou magoado, (…) sobretudo, se, involuntária e inconscientemente, tiver reforçado um estereótipo racista que passeia a vida tentando combater e derrotar.”[2]

O pedido de perdão do ministro Barroso é tão revelador quanto a sua primeira afirmação. Ele tem razão em dizer que a dor que causou nos outros foi involuntária e inconsciente e reforça um estereótipo de violência a todo um grupo de pessoas. E que é necessário combater e derrotar esse modo de pensar, que orienta as pessoas a realizá-lo sempre e sempre.

O trabalho do psicólogo social norte-americano Stanley Milgram é bem ilustrativo do mal que padece o ministro Barroso e, segundo os estudos desse pesquisador, atinge a maior parte das pessoas. Dois estudos, em particular, são ilustrativos: em um deles, uma pessoa é colocada junto a outras cinco, para realizar um teste, que consistia em responder a perguntas a todos igualmente dirigida. Uma só pessoa era testada a cada vez, pois não sabe que as demais eram, em verdade, participantes instruídos do projeto. Em determinado ponto, os participantes instruídos passam a escolher respostas que claramente estavam erradas, sendo que a pessoa testada também, na maior parte das vezes, a escolher essa alternativa, somente para acompanhar o grupo. A experiência demonstrava que as pessoas poderiam ser capazes de dizer coisas que contrariam seu próprio senso de realidade.[3]

No entanto, o estudo mais impactante de Stanley Milgram foi o da possibilidade de que a maior parte de pessoas possa infligir dor em outra, obedecendo a uma autoridade que entende legitimada, mesmo sabendo que está cometendo um mal. Nesse experimento, Stanley colocava uma pessoa que acreditava estar dando choques a outra quando esta dava respostas erradas a um teste de múltipla escolha. 65% das pessoas continuavam seguindo a autoridade – o pesquisador – mesmo quando a pessoa que supostamente recebia os choques gritava de dor.[4]  Milgram entendeu que “pessoas comuns, que estão apenas fazendo seu trabalho e não apresentam qualquer tipo de hostilidade, podem tornar-se agentes de um processo terrível e destrutivo.”[5]

Outras falas do ministro Barroso vão na mesma direção, assumindo o discurso, talvez de igual forma involuntárias e inconscientes, da autoridade que entende legítima – neste caso, o chamado Mercado -, mas que pode causar sofrimento a muitos. Por exemplo, o ministro Barroso foi a Londres participar de evento denominado “Brazil Forum” e realizou firme defesa da reforma trabalhista. Barroso teria afirmado que o “Brasil, sozinho, é responsável por 98% dos processos trabalhistas de todo o planeta”, enquanto tem 3% da população mundial.[6] Causa espanto um dado tão agressivo a qualquer razoabilidade e tão distante dos fatos tenha saído da fala do ministro Barroso, membro da cúpula do Poder Judiciário, que supostamente deveria conhecer seus ramos. Em 2015, o Brasil teve 2.619.867 casos novos na Justiça do Trabalho. [7] No mesmo ano, a França teve 184.196 novos casos trabalhistas,[8] a Alemanha teve 361.816 ações[9] e, somente a Espanha, 1.669.083 casos.[10] Não precisamos fazer cálculos profundos de matemática para só com essa pequena amostra a fim de verificar quão afastados da realidade estão os dados apresentados pelo ministro.

O ministro teria afirmado também que o Citibank decidiu deixar de operar no Brasil quando detectou que obtinha no país 1% de suas receitas, mas sofria 93% das ações trabalhistas.[11] Mais uma vez estamos diante de fala assustadora do ministro Barroso, sem aparente base na realidade, pois os próprios informes do banco e as análises do mercado financeiro, antes, durante e depois do encerramento das atividades da citada instituição bancária no varejo brasileiro, davam conta que o Citibank deixou não só o Brasil, mas também a Argentina e a Colômbia, estando tal decisão vinculada ao planejamento estratégico da instituição realizado em 2014, quando houve a deliberação de deixar os países nos quais o banco não tinha presença relevante, com o fim de concentrar suas atividades em clientes corporativos e institucionais nesses países, não havendo qualquer menção à questão trabalhista. Aliás, os analistas inclusive expressamente indicaram que a decisão não tinha nenhuma ligação com as características inerentes a esses mercados.[12]

Barroso creditou ao presidente da Riachuelo, Flavio Rocha, os dados inverossímeis sobre o percentual de ações trabalhistas brasileiras em relação ao mundo e as causas da saída do Citibank do mercado brasileiro.[13] Flavio Rocha tem sido, representando o “Mercado”, um dos articuladores mais  engajados e entusiastas na reforma trabalhista,[14] tendo inclusive participado de reunião com a Presidente do Supremo Tribunal Federal para tratar do tema.[15] Cabe lembrar que, em uma dessas ações trabalhistas que compõem o mais que exagerado percentual que o empresário e o ministro difundem, a empresa de Flavio Rocha foi condenada por condições degradantes de trabalho, nas quais a trabalhadora teria que colocar elástico em 500 calças por hora.[16]  Esse não foi um caso isolado, pois condições generalizadas de trabalho igualmente degradantes foram denunciadas na sua cadeia produtiva no sertão nordestino.[17]

Barroso, talvez animado pelos dados duvidosos fornecidos pelo representante do Mercado, continuou no ataque ao Direito do Trabalho em palestra no Tribunal Superior do Trabalho, falando a jovens juízes trabalhistas, afirmando que o excesso de proteção trabalhista acaba desprotegendo, “o que é ruim para o cidadão”. O modelo excessivamente paternalista, segundo afirmou, “infantiliza, isso quando não estimula as pessoas a serem incorretas”. E teria acrescentado que um dos papeis dos juízes é contribuir para a emancipação das pessoas.[18] O mercado de trabalho “ultraprotegido”  com trabalhadores “infantilizados” no Brasil é aquele em que, mesmo antes da Reforma precarizante, está em quarto lugar no mundo em acidentes de trabalho,[19] com mais de mil trabalhadores escravos resgatados no ano de 2015 (a maior parte na zona urbana)[20] e que, do grande número de ações trabalhistas que ajuíza, metade se refere a falta de pagamentos das verbas devidas pelo empregador na rescisão, sendo que as matérias mais demandadas estão pagamento de salários, férias e décimo terceiro salário. Ou seja, a existência de um número assustador de ações trabalhistas decorre do descumprimento de direitos e obrigações básicas dos empregadores. A reforma defendida por Barroso, que vai retirar ainda mais a já frágil proteção do direito trabalhista brasileiro e dificultar o acesso à Justiça, vai ocasionar mais sofrimento e mais lesão aos trabalhadores.

Percebe-se, então, que a frase “negro de primeira linha” não é deslocada de toda um modo de raciocínio construído e determinado. Na linha dos experimentos de Milgram, não é culpa de Barroso: ele somente reproduz a fala e o pensar da elite brasileira, que mantém a desigualdade social característica da sociedade brasileira, e todos os seus conhecidos males. O pensamento de Barroso é aquele construído pela autoridade que se entende por legítima – a elite brasileira -, que durante séculos, guia os (des)caminhos tupiniquins desde que esta terra foi tomada dos seus nativos. Hoje essa elite é representada pela figura quase divina do “Mercado”.

No entanto, algo que Barroso não deve ter percebido é que o que propõe não é inédito. A emancipação que sugere para as pessoas trabalhadoras, por meio do fim da proteção trabalhista e o afastamento da Justiça do Trabalho, foi “concedida” aos negros brasileiros pela lei áurea, no fim do Século 19. Os negros, então, foram jogados à própria sorte, fato que talvez tenha dado causa, mais de cem anos depois, à própria surpresa de se constatar a existência de um “negro de primeira linha” no Século 21. Conforme Florestan Fernandes, com o fim da escravidão os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos escravos, sendo que “o liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva”. [21] Rui Barbosa afirmou que a abolição se convertera “numa ironia atroz”, pois o que a “libertação”, da forma como realizada, traria ao ex-escravo “a liberdade de ser infeliz onde e como queira…”[22]

Não é de se espantar a situação do negro na sociedade brasileira atual – seja no trabalho, nas cadeias e nas relações sociais -, resultado da “emancipação” que recebeu de presente há 130 anos atrás; da mesma forma não há de se assustar com a identidade de discurso entre um ministro e um empresário que permite trabalhadores em condições precárias em sua cadeia produtiva, pois seria fruto da propensão a atender os anseios da autoridade. Não será mesmo surpresa para ninguém que os trabalhadores enfim libertos da “infantilização” do Direito e da Justiça do Trabalho perpetuem a miséria e a maltrapilha vida dos negros pelos séculos vindouros.

Os testes de Milgram poderiam ser feitos atualmente no Brasil que poderiam resultar, em relação aos negros e aos trabalhadores, em dados similares: a reprodução diuturna da violência racial ou em relação ao Direito e à Justiça do Trabalho, estando as duas interligadas. A autoridade cria a sociedade de linhas, castas, categorias de pessoas.

Por outro lado, temos a obrigação de sermos otimistas, como na canção de Peter Gabriel, “We do what we’re told (Milgram’s 37)” que alude – com pequeno equívoco – ao percentual de pessoas que se recusam a cumprir a ordem malévola da autoridade. A ideia de Peter Gabriel é que, gerando a consciência do funcionamento do paradigma da obediência à autoridade de Milgram, sejamos e atuemos como a minoria que desobedece ao perceber os males que está cometendo e passamos a não mais repetir a violência em nome da autoridade. O ministro Barroso tem a chance de, agora, percebendo a violência cometida, não mais repeti-la.

Rodrigo de Lacerda Carelli é professor da UFRJ e procurador do trabalho no RJ

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[1] https://oglobo.globo.com/brasil/barroso-chama-joaquim-barbosa-de-negro-de-primeira-linha-em-discurso-21449394

[2] http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/06/1891335-barroso-pede-desculpas-por-chamar-joaquim-barbosa-de-negro-de-primeira-linha.shtml

[3] COLLIN, Catherine et al. O livro da psicologia. São Paulo: Globo, 2012, p.248.

[4] MILGRAM, Stanley. Some Conditions of Obedience and Disobedience to Authority. Human Relations 1965 18:57, disponível em http://psyc604.stasson.org/Milgram2.pdf

[5] COLLIN, Catherine et al. O livro da psicologia. São Paulo: Globo, 2012, p.251.

[6] http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1883838-brasileiros-expoem-em-numeros-na-inglaterra-os-vicios-do-brasil.shtml

[7] http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2017/05/4c12ea9e44c05e1f766230c0115d3e14.pdfhttp://dares.travail-emploi.gouv.fr/dares-etudes-et-statistiques/etudes-et-syntheses/dares-analyses-dares-indicateurs-dares-resultats/article/le-taux-de-rotation-de-la-main-d-oeuvre-poursuit-sa-hausse-au-1er-trimestre. Há de se ressaltar que a taxa de rotatividade da mão de obra no Brasil gira em torno de 64%, enquanto que na França está em torno de 17%. http://www.dieese.org.br/notaaimprensa/2014/numerosRotatividadeBrasil.pdfhttp://dares.travail-emploi.gouv.fr/dares-etudes-et-statistiques/etudes-et-syntheses/dares-analyses-dares-indicateurs-dares-resultats/article/le-taux-de-rotation-de-la-main-d-oeuvre-poursuit-sa-hausse-au-1er-trimestre. O desemprego e a rotatividade fazem aumentar a conflituosidade judicial, e não o reverso, cf. amplo estudo europeu: http://www.antiprecarite.fr/attachments/article/181/CPH%20freins%20%C3%A0%20l’embauche%20_%20article%20juillet%202014.pdf.

[8] http://www.justice.gouv.fr/statistiques.html#statistique-judiciaire

[9] https://www.destatis.de/EN/FactsFigures/SocietyState/Justice/Tables_/SocialCourts.html

[10] http://www.poderjudicial.es/cgpj/es/Temas/Estadistica-Judicial/Estadistica-por-temas/Actividad-de-los-organos-judiciales/Asuntos-Judiciales-Sociales/, acesso em 09/06/2017.

[11] http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,citi-vendera-operacoes-de-varejo-no-brasil–na-argentina-e-na-colombia,10000017180http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/06/1784780-venda-do-citi-sai-ate-setembro-diz-ceo-no-brasil.shtml

[12] “I think this is more about Citi’s strategy of slimming down its consumer banking arm than it is about any intrinsic market weaknesses in Argentina, Brazil or Colombia, Cf. https://www.nytimes.com/2016/02/20/business/dealbook/citigroup-to-sell-retail-units-in-argentina-brazil-and-colombia.html?_r=0

[13] http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1883838-brasileiros-expoem-em-numeros-na-inglaterra-os-vicios-do-brasil.shtml

[14] http://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/legislacao-trabalhista-beira-a-raia-do-absurdo-diz-presidente-da-riachuelo/

[15] http://justificando.cartacapital.com.br/2017/05/11/carmen-lucia-monta-comite-com-empresarios-para-discutir-direitos-trabalhistas/

[16] http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/riachuelo-vai-pagar-pensao-mensal-a-costureira-que-colocava-elastico-em-500-calcas-por-hora/

[17] http://reporterbrasil.org.br/2015/12/roupas-da-hering-e-riachuelo-vem-de-oficinas-terceirizadas-no-sertao/

[18] http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/24293188

[19] http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-04/brasil-e-quarto-do-mundo-em-acidentes-de-trabalho-alertam-juizes

[20] http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/01/brasil-resgatou-mais-de-mil-trabalhadores-do-trabalho-escravo-em-2015

[21] FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes (o legado da “raça branca”). 5ª edição. São Paulo: Globo, 2008, p. 29.

[22] Idem, p. 30.

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Redação

7 Comentários

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  1. Barroso se identifica
    Barroso se identifica plenamente com a forma de pensar predominante no topo da pirâmide social. Pra ele o problema do Brasil é a preguiça dos trabalhadores.

  2. Caro professor

    Esse oriundo do barro a que você se refere, por certo não comete ofensas nem voluntárias e nem inconscientes.

    Se ele se deixa informar por um ente estranho ao meio jurídico e por ele é influenciado, ele não só é inconsciente como também não tem vontade própria.

    Não me dei ao trabalho de pesquisar sobre a nomeação do “nobre e delicado ministro” mas seria de se perguntar se ele ascendeu ao Supremo pelo quinto constitucional.

    Pelo sim, pelo não, pelo quinto dos infernos, certamente ele ascendeu e para lá deverá descer.

  3. Lei de mercado.

    Segundo Barroso, o modelo excessivamente paternalista, segundo afirmou, “infantiliza, isso quando não estimula as pessoas a serem incorretas”.

    Concordo em genero e grau com o ministro se le estiver falando do STF.

    Os juizes estão sobre uma rede de proteção tão absurda que não há o que fazer com um ministro incompetente, podendo mesmo serem incorretos.

    É preciso urgentemente coloca-los sob a lei do mercado.

  4. Eu não preciso de seu elogio, Ministro Barroso

    Lembram do arranca-rabo entre o Joca Barbosa e o Barroso no julgamento da AP 470?

     

    “[Joaquim Barbosa] Os fatos são graves, são gravíssimos, de maneira que trazer para o Plenário do Supremo Tribunal Federal um discurso político, puramente político, para infirmar a decisão tomada por um colegiado, num primeiro momento, confirmada em embargos de declaração, confirmada, isso me parece inapropriado, pra não dizer outra coisa ministro Barroso. Só isso.”

    ​[Barroso] Eu acho que vossa Excelência pode ter a opinião que tiver, eu respeito, expressar o que considera próprio…

    [Joaquim Barbosa] Claro, eu já me expressei. A sua decisão não é técnica, é simplesmente política!

    [Barroso] …O que eu estou dizendo para vossa Excelência, e é o fundamento do meu voto, é que os crimes de corrupção ativa, de corrupção passiva, de lavagem, de evasão de divisas e de gestão fraudulenta de instituição financeira, eles não são menos graves do que o de quadrilha, eles são mais graves do que o de quadrilha, e inclusive são apenados com reprimendas maiores, de modo que se em relação a esses crimes o Tribunal aumentou a pena entre 15% e 21% como regra, e em relação à quadrilha ou bando, aumentou a pena em 63% ou em 75%, eu considero isso uma contradição interna existente no acórdão. E nem estou explorando presidente, porque não tenho interesse de polemizar e aqui resolver que essa exacerbação tenha sido feita para evitar a prescrição ou para mudar o regime de semiaberto para fechado, eu não preciso especular isso…

    [Joaquim Barbosa] Foi feito para isso mesmo.

    [Barroso] …Eu só estou entendendo que não há sentido – e, portanto, a consideração é técnica e não política – em se majorar quadrilha ou bando em 75% e corrupção ativa em 21%, quando corrupção ativa é muito mais grave e as circunstâncias judiciais eram rigorosamente as mesmas. Mas eu não estou tentando convencer vossa Excelência diferentemente disso, e muito menos me passaria pela cabeça insinuar qualquer motivação indevida de vossa Excelência ao fazer isso. Portanto, vossa Excelência votou de acordo com a consciência de vossa Excelência, eu já elogiei o papel que vossa Excelência desempenhou…

    [Joaquim Barbosa] NÃO, EU NÃO PRECISO DO SEU ELOGIO, MINISTRO.

    [Barroso] …Durante esse julgamento, e eu estou manifestando a minha opinião. E, para mal dos pecados de vossa Excelência, meu voto vale tanto quanto a de vossa Excelência.”

  5. Paga um salário mínimo para o Barroso

    Se o Barroso recebesse um salário mínimo por mês em vez de um $upersalário e veríamos se ele continuaria com a opinião de que há excesso de proteção trabalhista e se ele continuaria tão corretinho quanto aparenta ser, nada obstante a offshore da sua dona.

  6. Infantilizar?
    A legislação
    Infantilizar?
    A legislação trabalhista é para o trabalhador o que a vasta legislação de proteção ao patrimônio é para os detentores de patrimônio material. Ela fornece proteção aos que vivem do trabalho pois esse é o único património que a maior parte da populacao tem na vida. Pela linha de raciocinio do excelentissimo seria justo então afirmar que todo o edifício legal brasileiro infantiliza os ricos e os privilegiados.

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