
A denúncia enviada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro e seus aliados na tentativa de golpe de Estado de 2022/2023 mostra que o ex-presidente não só tinha conhecimento do famigerado plano batizado de “Punhal Verde Amarelo”, como teria avalizado a orquestração para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.
Segundo a PGR, Bolsonaro recebeu os detalhes do plano em mãos em novembro de 2022. “O documento Punhal Verde Amarelo, renomeado “Plj.docx”, foi impresso por MÁRIO FERNANDES no Palácio do Planalto, no próprio dia 9.11.2022, e posteriormente levado ao Palácio da Alvorada para tratativas com JAIR MESSIAS BOLSONARO. Na mesma hora, MAURO CID também se encontrava no local.”
Mais do que isso, a PGR fala que Bolsonaro anuiu com o plano e que há provas disso em um áudio capturado pela Polícia Federal no âmbito das investigações. “A ciência do plano pelo Presidente da República e a sua anuência a ele são evidenciadas por diálogos posteriores, comprobatórios de que JAIR BOLSONARO acompanhou a evolução do esquema e a possível data de sua execução integral”, diz a PGR.
“Assim, em áudio por WhatsApp de 8.12.2022, MÁRIO FERNANDES relata a MAURO CID que havia estado pessoalmente com JAIR BOLSONARO e debatido o momento ideal de serem ultimadas as ações tramadas”, diz a peça acusatória.
Em mensagem a Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mário Fernandes enviou o seguinte áudio: “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas (…) ai na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades”.
A investigação encontrou ainda provas de que Bolsonaro, em determinado ponto da trama, sabia e teria demandado ele próprio o monitoramento das vítimas do plano Punhal Verde e Amarelo.
“Frise-se que o documento apresentado a JAIR MESSIAS BOLSONARO indicava a existência de ações de monitoramento já em curso, o que igualmente reforça a ciência prévia da alta cúpula da organização criminosa sobre a ideia que passou a ser operacionalizada segundo o plano ‘Punhal Verde Amarelo’.”
Segundo a PGR, o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que chegou a ser colocado em execução e foi abortado, foi encontrado sem data em posse dos investigados, mas fornece ‘as diretrizes estratégicas que orientaram a formalização da estratagema operacional.”
“O arquivo encontrado deixa claro que as diversas frentes de atuação da organização, narradas ao longo desta denúncia, foram fruto de planejamento prévio, que antecipavam desde os ataques ao processo eleitoral até a concretização do golpe de Estado, mediante assinatura de Decreto Presidencial, neutralização de autoridades públicas e controle da narrativa nacional e internacional sobre a
ruptura institucional”, reforçou a PGR.
DISCURSO PÓS-GOLPE
Além do plano Punhal Verde e Amarelo, Bolsonaro também teve contato com um documento encontrado pela PF na sede do Partido Liberal, que foi considerado o discurso que o ex-presidente iria ler à nação, caso o golpe tivesse tido sucesso.
“O material arrecadado consistia num texto impresso sobre declaração de “Estado de Sítio” e decretação de “Operação de Garantia da Lei e da Ordem”. Tratava-se do discurso a ser recitado pelo ex-presidente JAIR BOLSONARO no momento da efetivação do golpe de Estado. O mesmo texto também foi encontrado no aparelho celular de MAURO CID”, lembrou a Procuradoria.
Para o Ministério Público Federal, o “discurso encontrado na sala de JAIR MESSIAS BOLSONARO reforça o domínio que este possuía sobre as ações da organização criminosa, especialmente sobre qual seria o desfecho dos planos traçados – a sua permanência autoritária no poder, mediante o uso da força.”
Leia também:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
O rato chefe anda dizendo que tem a consciência tranquila.
Sem dúvida.
Consciência dele está tranquila como ficou ante as centenas de milhares de mortos na Covid, chegando a tripudiar sofre o sofrimento de moribundos.
Acredito que tenha a consciência tranquila sim. Afinal todo bandido tem.
“A burguesia tá acabando com a Barra
Afundam barcos cheios de crianças
E dormem tranquilos, yeah
E dormem tranquilos”.
Cazuza, Burguesia
Uma vez golpista, sempre bandidos.