Colaborou Cintia Alves
O candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), aceitou o convite de seu ex-oponente, Pablo Marçal, para participar de uma “entrevista de emprego” conduzida por ele, como o ex-coach prefere chamar. Nesta sexta-feira (25), a partir das 12 horas, Boulos terá a oportunidade de expor suas propostas sozinho, já que o candidato Ricardo Nunes (MDB) recusou o convite de Marçal para participar da live na antevéspera do segundo turno das eleições de 2024.
Embora parte da mídia e opinião pública pondere que o candidato psolista não deveria correr esse risco a essa altura do campeonato, considerando o potencial destrutivo da equipe de edições de Pablo Marçal, cientistas políticos acreditam que a participação na conversa poderá ser uma oportunidade para Boulos na disputa pela capital paulista.
Ao GGN, o cientista político Cláudio Couto, do podcast Fora da Política Não há Salvação, afirmou que o momento exige ousadia e uma estratégia calculada, já que “ele [Boulos] ainda tem uma distância muito grande para o Nunes, mesmo com a diminuição que a pesquisa Quaest identificou para 9 pontos, mas que ainda me parece muito grande”.
“Eu, se estivesse no lugar dele, também faria essa escolha. Tapava o nariz e participaria dessa live com o Marçal, tentando ver se consegue amealhar alguns votos desse eleitorado que o Marçal transferiu para o Nunes. Se ele conseguir roubar alguns, cada ponto percentual que ele ganha é um ponto percentual que o outro lado perde. Então, tem que fazer esse tipo de conta“.
O cientista político se refere à pesquisa Quaest divulgada na noite desta quarta-feira, que aponta que Nunes conta com o apoio de 79% dos eleitores de Marçal, dado que reforça a necessidade de uma mobilização mais intensa por parte da campanha de Boulos.
“Se o Boulos tiver condições de tirar um pouco desses votos, que foram do Marçal e transferidos para o Nunes, eu acho que aí ele tem chance de crescer um bocadinho.”
“Boulos só tem a ganhar nesse eleitorado”
Professor de Políticas Públicas (UERJ), especialista em Teoria do Voto e mestre em Ciência Política, Samuel Braun também avaliou que Boulos pode ganhar votos entre o eleitorado de Marçal, mas também ponderou sobre as pegadinhas do convite e também sobre a decisão parecer contraditória para Boulos.
“(…) ao topar normalizar Marçal após ensaiar este cinturão no primeiro turno, se contradiz e parece desesperado – eis porque estamos nos questionando se faz sentido ser sabatinado por Marçal, soa contraditório”, comentou. Para ele, Nunes “ganha com a inércia” e faz a estratégia de Boulos parecer mais arriscada.
“Boulos, ao topar dialogar com os seguidores de Marçal, só tem a ganhar nesse eleitorado. É impossível perder ali qualquer voto, pois já não o tem. E se considerado que neste eleitorado estão os mais suscetíveis ao seu discurso de mudança, muito mais que entre os eleitores com Nunes, vale a pena o desafio”, pontuou. “(…) talvez seja o único movimento capaz de mexer em tantos votos quanto necessário pra virar uma reeleição quase certa de Nunes”, acrescentou.
“Contudo, dizer que não há perdas nesse eleitorado não significa que irá ganhar. É preciso consciência que irá disputar ‘na casa do adversário’, que só propôs o duelo porque quer fortalecer seu domínio sobre o segmento”, ressalvou Braun.
Cavalo de Troia?
Para o analista político e especialista em marketing eleitoral Elias Tavares, a live de Marçal com Boulos lembra um “cavalo de Troia”, “onde um presente aparentemente inofensivo tem elementos estratégicos inesperados”. Tavares lembrou que Marçal foi um candidato extremamente hostil com os concorrentes, lançando mão de fake news para atacar Boulos, inclusive acusando o psolista de ser usuário de drogas.
“Boulos, ao aceitar o convite, pode ser visto como uma forma de atrair um eleitorado diferente dele, mas também como forma desesperada de atrair votos de qualquer jeito. Precisamos ter atenção do ponto de vista ético e estratégico, considerando que os perfis dos dois eleitorados têm diferenças consideráveis. Ao se expor, Boulos pode tanto conquistar simpatia entre eleitores de Marçal, como enfrentar questionamento entre seu próprio eleitorado. Esse movimento cria fato político relevante, mas não dá para afirmar com certeza se trará mais ganhos do que mais riscos para Boulos”, finalizou Tavares.
Público mais jovem
Couto destacou que, de acordo com as pesquisas mais recentes, Boulos tem crescido entre os eleitores mais jovens, de maior poder aquisitivo, e entre as mulheres, outro motivo para angariar votos do eleitorado de Pablo Marçal.
“Particularmente no caso dos mais jovens, que é um público que o Marçal atinge, acho que seria interessante para ele tentar conseguir votos por aí. Por isso, eu acho que é um risco que vale a pena correr; acho que ele não teria mais, a essa altura, muitos outros recursos a que pudesse recorrer que não fosse algo assim.”
LEIA TAMBÉM:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Boulos convidou o escorpião para atravessar o riacho e vai leva-lo nas costas. Bom para o Marçal, que além de sacanear o Boulos volta a ter importância midiática e ainda pode ter vantagem garantida com o vencedor – Nunes, que poderá dar-lhe um carguinho no seu governo.
Boulos não é o cristão que dá a outra face, Boulos é otário que dá as fuças mesmo, uma pessoa sem brios.
Não acredito que o Boulos mordeu essa isca. Se ferrou. Pô! Que amadorismo!
Só uma pessoa vai ganhar com isso… O Marçal. E o Boulos baixou ao menor nível possível…onde deve perder votos de seu próprio eleitores que vão ver isso como desespero… Lamentável