
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que em menos de uma semana três sem terras foram assassinados no Nordeste brasileiro. Um assassinato ocorreu no último dia 5, em Pernambuco, e outros dois no sábado (11), na Paraíba.
Para o MST, se observa uma escalada da violência contra acampados e assentados em todos os estados brasileiros, “onde ruralistas têm atuado como articuladores de milícias rurais que têm espalhado ameaças, violência e terror no campo”, diz trecho da nota divulgada.
No município de Princesa Isabel, neste sábado (11), no sertão da Paraíba, Ana Paula Costa Silva e Aldecy Viturino Barros estavam no acampamento Quilombo do Livramento Sítio Rancho Dantas quando foram executados por dois homens de moto que procuravam Aldecy, coordenador do acampamento.
Conforme conta a assessoria de comunicação do MST, os criminosos disseram que o coordenador precisava assinar um documento. Aldecy estava consertando o telhado da casa de Ana Paula e antes mesmo dele descer as escadas os criminosos efetuaram vários disparos contra Aldecy, que também atingiu Ana Paula.
No local, estavam o pai e o companheiro de Ana Paula, além de dois amigos da família.
Ana Paula Costa Silva era acampada, tinha 29 anos e três filhos. Aldecy Viturino Barros tinha 44 anos e dois filhos.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil da Paraíba.
O MST cobra a apuração do crime e a prisão dos criminosos. “Enquanto movimento, reafirmamos nossa luta contra toda forma de violência. Aos nossos mortos nenhum segundo de silêncio, mas uma vida toda de luta”, afirma o movimento, em nota.
Acampamento Francisco de Assis
No último dia 5, quase uma semana antes dos assassinatos na Paraíba, o agricultor, acampado e integrante do MST Josimar da Silva Pereira foi morto na cidade de Vitória de Santo Antão (PE), onde morava.
Conforme relato da assessoria de comunicação do MST, o camponês de 30 anos foi alvejado pelas costas enquanto se locomovia de moto para o Acampamento Francisco de Assis, onde trabalhava na irrigação do plantio de arroz orgânico.
Josimar atuava na luta pela desapropriação do Engenho São Francisco, onde está localizado o acampamento há 29 anos, uma das ocupações mais antigas do MST em Pernambuco, que aguarda para ser regulamentada como assentamento de maneira definitiva.
Nesta segunda-feira (13), cerca de 300 pessoas concentraram-se na frente da Escola Judicial de Pernambuco (ESMAPE), em Recife, para protestar e denunciar o assassinato do líder sem terra.
No local, ocorria a audiência entre o Ministério Público de Pernambuco (MPE-PE), a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-PE) e a Usina JB para discutir a situação das áreas não produtivas em Amaraji e Vitória de Santo Antão.
A área é disputada há três décadas entre os Sem Terra e a Usina Alcoolquímica JB, que foi recentemente classificada como improdutiva. A longa disputa pela área já havia levado o caso para a Comissão de Conflitos Agrários do Estado de Pernambuco antes mesmo do assassinato de Josimar.
“O movimento cobra urgência para que o governo execute as políticas de reforma agrária e faça justiça pela morte dos camponeses assassinados”, diz trecho da nota divulgada pelo MST.
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