Donald Trump e a “terceira via” conservadora

                                                                                                                       

O eleitor norte-americano, ao demonstrar apoio à candidatura de Donald Trump procura um candidato independente da política americana tradicional, dominada pelo ancestral bipartidarismo de republicanos e democratas. Foi o que mostrou a reportagem de Luís Fernando Silva Pinto no Jornal Nacional da TV Globo (29/2). Um cidadão entrevistado (Eric, 17min 28”) disse que procurava um “candidato com pouca ligação com a política tradicional”.

 

Os americanos procuram uma “terceira via” conservadora? 

Trump é um bufão e um comunicador na mídia. Tornou-se popular com o reality show “The Apprentice”, onde profissionais iniciantes disputavam um emprego e eventual chance de ser despedido por ele com seu sádico bordão: “You’re fired!” (“Estás despedido (a)!”.

 

Não  foram apenas sua experiência e brilho nos negócios  que o trouxeram até aqui: “O Donald” (como ele gosta de ser chamado na imprensa), herdou uma fortuna do pai, um construtor de habitações para a classe média que enriqueceu no pós-guerra com a expansão do mercado de habitações depois que a economia americana começou a recuperar-se do esforço de guerra. O Washington Post mostrou que ele não seria o que é sem a herança de seu pai, um dos homens mais ricos da América nos anos de 1970, Fred Trump.

 

O auto-proclamado super-homem dos negócios já esteve muito mal em seus empreendimentos imobiliários. Pediu falência quatro vezes e deixou parte dos formadores de opinião nos Estados Unidos preocupados com um possível gestor temerário na Casa Branca. É inacreditável, mas ele pode chegar lá.

 

Muita gente desconfia dele e seu poder como administrador. Em setembro de 2015, ele foi acusado por Carla Fiorino, ex-CEO da Hewlett-Packard, no debate presidencial coberto pela CNN (16/9), “por colocar declarar múltiplas falecias em seus empreendimentos”. A economia americana dispõe do “Chapter 11”, que permite a empresas em dificuldades reorganizar-se depois de declarar falecia. Trump acredita que tal recurso é necessário na reestruturação de empresas em dificuldades. É uma solução melhor do que fechá-las por completo, defende o incorporador e construtor.

 

Fiorino representa um segmento eleitoral de alto perfil, que teme um aumento de déficit público graças à “manipulação do dinheiro de outros por políticos”. Quem está com a razão: Trump ou seus opositores? O site de verificação de fatos Verifact (21/7) fez a apuração dos dados do debate em 2015. Começou por apresentar os quatro fiascos do empreendedor registrados na imprensa:

 

1) falência do Trump Taj Mahal publicada em 2015 no Washington Post (7/8).

2) falência do Trump Plaza Hotel, 1992. Publicada no New York Times (12/1992)

3) falência do empreendimento “Trump Hotel e Cassinos” em 2014, na NBC News (22/11)

4) falência do “Trump Entertainment Resorts”, de 2009. Faliu em 2014. Publicado no Washington Post (9/11)

 

Os especialistas ficaram divididos sobre os fracassos de Donald Trump, na página dos verificadores de fatos. O site apresentou opiniões pro e contra os procedimentos de Trump nos negócios. O empresário (e homem de mídia), de acordo com a decisão final, teve culpa parcial nos fracassos de seus empreendimentos. Não pôde ser responsabilizado por completo porque o setor de cassinos e resorts enfrentava dificuldades além de sua capacidade como capitão da indústria da construção civil de luxo.

 

Por outro lado, ele pediu falência quatro vezes, perdeu bens de alto valor e errou em muitas decisões de negócios. O depoimento acima citado da ex-presidente da Hewllet-Packard foi considerado pelos verificadores de fatos da Verifact como “verdadeiro em maior parte”.

 

No momento, Trump luta por apoio dentro do colégio eleitoral americano (composto por representantes estaduais), para suportá-lo em uma eventual vitória nas eleições. Ele não tem muito apoio nas duas casas. Ele acena a um eleitorado cansado da sucessão Bush-Clinton, e além do sólido sistema bipartidário norte-americano.

 

Ao rejeitar a política convencional, Trump é também repelido por ela. Sua capacidade nos negócios nunca foi tão impressionante como ele prega em seus discursos de candidato. As soluções empresariais em que ele pretende ancorar sua administração não podem substituir os programas de interesse público financiados pelo governo e fazer seu país retornar ao crescimento forte.  Quem reza por esta cartilha é sua principal rival ao cargo de presidente dos Estados Unidos: Hillary Clinton.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador