EU, Florbela Espanca

Este poema está no livro “Charneca em flor”, publicado em 1931 e considerado a obra-prima da poetisa portuguesa

Enviado por Gilberto Cruvinel

Eu (II)*

Florbela Espanca

“Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera…
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim… e não me via!

Andava a procurar-me – pobre louca! –
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma”

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 – Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela Lobo, mas que opta por autonomear Florbela d’Alma da Conceição Espanca foi uma poetisa portuguesa.  A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmoO psnteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos.Há uma biblioteca com o nome de Florbela Espanca em Matosinhos, cidade pertencente ao Distrito do Porto em Portugal.

O poema acima pertence ao livro “Charneca em flor”, publicado em 1931 e considerado a obra-prima da poetisa portuguesa. * Há outro poema de escritora com este título.

Redação

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