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Carta a Caravaggio, 4. Por Romério Rômulo
sobra ser um amante calejado de amores e estradas carcomidas
Trago meu cavalo doido, por Romério Rômulo
pro cariri vou agora, me declaro a essa senhora e caso no mesmo dia.
Fazendeiro do ar, por Romério Rômulo
fazendeiro de fazendas, mistura de pano e rendas, de bois, jumentos e éguas.
Só a estirpe dos canalhas me ama, por Romério Rômulo
As águas que me lavam são um pedaço do escuro.
Procuro deuses que me bebam/E sambem, por Romério Rômulo
Sou a amargada visão de um calafrio / Num corpo ancestral e delinquente.
Joaquinas&Anas&Alices, avós, por Romério Rômulo
As avós só me deixaram / Os atos dos seus segredos
Eu não vi Clarice/E deixo aqui minha paixão, por Romério Rômulo
Clarice entregou seu rosto / A Carlos Scliar: / Ele a deduziu em amarelo.
Maradona/Nas abas do coração, por Romério Rômulo
Chegava ao campo de cena / Mijava logo na grama / Que a vida só vale a pena / Se tiver alguma lama.
1, 2, 3, 4 y 5 Maradonas, por Romério Rômulo
La noche de Maradona / es una calle / y subvierte el arte / - gruesa y cruda –
Assim perdi a luz dos meus domínios, por Romério Rômulo
Você foi agonia / Eu fui açoite.
Serei belo e infeliz, poeta e cão, por Romério Rômulo
Vou ser plural e singular, muito mais belo / Que os cavalos febris de Salomão
Te dizer minha manhã incendiada, por Romério Rômulo
Quanto sobra de brilho em cada / Corpo revelado noite?
O amor sempre foi fera q me habita/Byron é a minha surpresa, por Romério...
Seu amor seguiu o rastro / Todo rasgado na lua
Me falta tempo pra morrer agora, por Romério Rômulo
Quanto de ti eu bebo nestes sais / De lamas e amores que não mais?
A vida por aqui é só um traço, por Romério Rômulo
Carrega a lassidão, feita u'a imagem / Armada nas carcaças do degredo.
O arame de João Cabral de Melo Neto, por Romério Rômulo
O arame de aparência tão restrita / É sempre dúctil, mas não é volátil
A água viva do sono/tem um olhar de senhora, por Romério Rômulo
Andei muito e nem andei / Não saí nunca daqui.
Sob a rouquidão dos teus domínios, por Romério Rômulo
O meu caminho é longo / e não te cabe.
Minha estrada, minha rua/Minha musa naufragada, por Romério Rômulo
Minha casa de artefato / Meu estado de cerrado
Sou feio. Minha estética é bruta, por Romério Rômulo
Minha paixão é o avesso da ternura / Movida em todo caso à força bruta.