Extinção do auxílio emergencial irá impactar pelo menos 36% das famílias de baixa renda, segundo Datafolha

Segundo o levantamento, essas pessoas têm a política assistencial como a única fonte de renda. Programa chega ao fim e não terá nenhum substituto

Reprodução

Jornal GGN – O fim prematuro do auxílio emergencial, proclamado para este dezembro pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido), já mostra seus efeitos sobre as, pelo menos, 36% das famílias que têm a ajuda como a única fonte de renda, segundo a pesquisa Datafolha divulgada na noite deste domingo, 20 de dezembro.

O auxílio emergencial foi anunciado pelo governo federal em 7 de abril, para as famílias brasileiras de baixa renda em decorrência da crise sanitária da Covid-19. A gestão de Bolsonaro propôs o pagamento de R$ 200, mas o Congresso aprovou, inicialmente, a ajuda de R$ 600.

De acordo com o Datafolha, feito entre os dias 8 e 10 de dezembro, a dependência exclusiva do auxílio caiu nos últimos meses, em comparação ao último levantamento. 

Em agosto, 44% apontavam a ajuda do governo como única fonte de renda, mas com a redução do benefício, de R$ 600 para R$ 300 por mês, parte dessas pessoas encontraram alguma outra fonte de renda. 

Segundo a reportagem, apesar dessa pequena disparidade entre os levantamentos, um estudo do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Vinícius Botelho, alertou que a redução do auxílio emergencial já colocou a renda de cerca de 7 milhões de pessoas abaixo do nível de pobreza em outubro deste ano, em relação a setembro. Segundo ele, esse número deve saltar para 17 milhões, após o fim do benefício.

Especialistas ouvidos pelo GGN vinham alertando para os efeitos do fim do programa. Em uma discussão dos impactos da austeridade em meio à pandemia da Covid-19 sobre as questões de raça e gênero, na série Brasil Milênio, a economista Luiza Nassif Pires destacou como a extinção da política irá acentuar as desigualdades.

“Precisamos falar da importância que o auxílio-emergencial teve até agora e que vai acabar em dezembro. Muito dos impactos negativos que a gente teve e que vamos observar sobre o aumento das desigualdade de gênero e raça ainda não chegaram, eles vão chegar assim que o auxílio terminar”, explicou na ocasião.  

Mesmo com todas essas análises, Bolsonaro afirma que não haverá prorrogação do benefício e nem a criação de um novo programa para substituí-lo. 

O levantamento do Datafolha ouviu, por telefone, 2.016 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Redação

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