Por Arthur Stábile
No Ponte Jornalismo
PM arrasta mulheres pelos cabelos em ato do MPL
A Polícia Militar do Estado de São Paulo, comandada pelo governador João Doria (PSDB), agrediu manifestantes no terceiro ato contra o aumento no valor das tarifas do transporte público, puxado pelo MPL (Movimento Passe Livre) nesta quinta-feira (16/1). Os policiais puxaram uma manifestante pelos cabelos e outra pelo pescoço enquanto as prendiam na Praça da República, centro da cidade de São Paulo. A tropa ainda deteve ao menos 10 manifestantes, que foram liberados às 5h30 desta sexta-feira. Um PM registrou um boletim de ocorrência no 2º DP (Bom Retiro) contra o grupo por desobediência, resistência e lesão corporal, informou o MPL.
A Ponte flagrou o momento em que dois policiais homens iniciaram a ação ao dar golpes de mata-leão em duas garotas que seguravam a faixa do protesto. Os PMs as escolheram aleatoriamente. Com a agressão, as pessoas se revoltaram e tentaram interromper os golpes. Em meio à tentativa, a ativista Andreza Delgado, do MPL e PerifaCon, também acabou agredida.
“Eu tentei acudir as garotas pegas com mata-leão quando um PM se soltou delas e veio para cima de mim”, conta. “Os policiais me pegaram pelo cabelo, me arrastaram muito. Colocaram o pé em cima de mim. Estou muito dolorida, toda machucada”, descreve Andreza.
Os policiais levaram as duas jovens abordadas inicialmente para viaturas que estavam na Praça da República, no lado contrário à manifestação. Uma delas foi arrastada pelo pescoço em parte do trajeto. Ao menos três PMs que as levaram não possuíam identificação, como determina regra da PM. “Caiu no caminho”, justificou o policial que segurava a garota, enquanto os outros dois se calaram quando perguntados.
Outras sete pessoas também foram levadas para o 2º DP (Bom Retiro), na região central da capital paulista. “Não me falaram nada. Estou só esperando”, conta Andreza, quando estava sentada na delegacia, aguardando para ser ouvida.
Antes de ser arrastada, a ativista do MPL levou um jato de spray de pimenta dentro da boca em uma primeira ação truculenta da PM, ocorrida na esquina das avenidas Ipiranga e São João. “Em uma foto, eu tô com a boca cheia de leite, que era pra amenizar a irritação”, diz. Depois de detida, ela aguardou até ir para a delegacia. “Fiquei 45 minutos algemada, ouvindo várias provocações. Um PM disse que gostava de manifestação para bater nas pessoas”, relembra.
Ato contra valor das passagens
O terceiro protesto contra o aumento no valor da passagem do transporte público, de R$ 4,30 para R$ 4,40, teve concentração no Theatro Municipal, centro da cidade de São Paulo. A ideia dos manifestantes era chegar à Avenida Paulista, passando pela Rua da Consolação, mas a PM os impediu. Alegou que a chuva que caíra em São Paulo causou trânsito e que o ato pioraria as condições.
Segundo pesquisa no site da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) às 18h, hora em que a marcha sairia, a cidade registrava 38 quilômetros de congestionamento, sendo 7 deles no centro, número que está abaixo da média de trânsito para o horário. Uma das alegações do 1º tenente Cesário, líder dos PMs mediadores, é de que havia o risco de acontecerem “arrastões” nos engarrafamentos.
A marcha só começou quando os manifestantes se irritaram e driblaram o bloqueio da PM fixado em direção à Prefeitura de São Paulo, indo no sentido contrário, rumo ao Largo do Paissandu. Cerca de 300 metros depois, a primeira ação truculenta, com a PM usando escudos para impedir a entrada na Avenida Ipiranga.
Nesse instante, PMs distribuíam golpes em quem estivesse na frente, entre eles o fotógrafo da Ponte Daniel Arroyo, agredido com três chutes por um policial. “Dá para perceber que estou trabalhando: estou com uma câmera na mão, credencial, capacete. Estava na linha, identificado, levei três chutes”, relatou Daniel.
Com a liberação, o ato seguiu para a Praça da República, onde foi novamente bloqueada, desda vez definitivamente. Cerca de 30 minutos depois, os dois policiais agrediram com mata-leão e detiveram as duas garotas.
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PMs deram mata-leão de forma aleatória em duas garotas que seguravam faixa do @passelivre_sp . Uma das garotas foi arrastada pelos cabelos até ser colocada na viatura. #AtoMPL
Ao menos três policiais estavam sem identificação. Perguntado, um deles disse que ela “caiu” enquanto prendia a manifestante. Os outros dois, um o motorista da viatura, se calaram quando questionados.#AtoMPL
Outros cinco manifestantes foram presos na Praça da República e outro nas imediações da Rua Sete de Abril. Um dos policiais mediadores filmou a conversa de advogados da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) com os detidos, o que viola o direito de defesa, segundo os defensores.
Os policiais usaram bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, deram golpes de cassetete e com seus escudos, inclusive em jornalistas identificados. Com a dispersão dos manifestantes por conta do cheiro, que invadiu a estação República do Metrô e atingiu pessoas que ali estavam, entre elas crianças, a PM passou a caçar quem estava no protesto no entorno da praça.
As dez pessoas foram levadas para o 2º DP e assinariam termo circunstanciado por desacato à autoridade e resistência à prisão, segundo integrantes da OAB que acompanharam o desenrolar das acusações. PMs impediram jornalistas de permanecerem dentro do prédio para acompanhar os trabalhos da Polícia Civil.
A liberação só aconteceu às 5h30 desta sexta-feira (17/1), segundo o MPL. Em nota, o movimento destaca que a polícia cometeu abusos durante a ação no protesto. “Entre as posturas abusivas da polícia, desde o momento das detenções arbitrárias e violentas, foi relatada importunação sexual de uma manifestante por um PM, além das lesões corporais sofridas por diversas pessoas detidas. Isso só mostra que, sob o comando de um governador que diz que a polícia tem carta branca pra atirar primeiro e perguntar depois, o direito à livre manifestação está longe de ser uma realidade”, diz o comunicado enviado na manhã desta sexta-feira.
Os primeiros protestos organizados pelo MPL, em 7 e 9 de janeiro, tiveram repressão por parte da polícia. No primeiro ato, 32 pessoas foram detidas “para averiguação”, como definiu um policial. Entre as pessoas estava o fotógrafo Rodrigo Zaim, que trabalhava na cobertura do protesto. O fotojornalista Daniel Arroyo, da Ponte, foi agredido com golpe de cassetete por um PM na dispersão de manifestantes na estação Trianon/Masp da Linha 2-Verde do Metrô.
O segundo ato teve mais agressões a jornalistas, com profissionais identificados e com câmera nas mãos recebendo novos golpes de cassetete de PMs e outro fotógrafo atingido por uma bomba de gás, que explodiu ao cair no chão. Neste ato, o repórter Arthur Stabile, da Ponte, foi revistado por PMs quando registrava a revista dos policiais a dois manifestantes antifascista, impedidos de usar bandeira com logo do movimento. “Usa drogas? Tem algum ilícito? Tem problema na Justiça?”, questionou o PM ao profissional.
A Ponte questionou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) sobre as prisões, as agressões cometidas pelos policiais, a falta de identificação de parte dos PMs e por quais crimes os presos foram acusados. Em nota, a pasta informou que toda a ação policial foi para garantir “o direito à livre expressão e a segurança de todos”.
“Após o deslocamento para a região da Praça da República, houve um princípio de tumulto que foi contido pelos policiais. Uma policial militar foi ferida durante a ação. Dez pessoas, sendo oito adultos e dois adolescentes, foram detidas por desacato e lesão corporal e encaminhadas ao 2º DP. As imagens citadas pela reportagem são analisadas pela Polícia Militar e as medidas cabíveis serão adotadas”, diz nota.
A reportagem insistiu, mais uma vez, no pedido de um posicionamento sobre as agressões e até mesmo a denúncia de uma “importunação sexual” feita por um PM contra uma manifestante, mas não obteve retorno até o momento.
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Lembro-me que foi por causa de um aumento de 0,20 que começaram as manifestações de 2013 logo encampadas pela Globo e pelos fascistas de plantão transformando uma manifestação legítima naquele tsunami contra o PT e Dilma!
Nao se deve dar voz e espaco para covardes que declaram o que este PM infeliz declarou.
E ai CAMBADA DE VAGABUNDOS…Vcs foram a tropa pra tirar a DILMA e o PT…e elegeram o FASCISTÓIDE…PARABÉNS….HOJE vcs querem o QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ…Cambada de FDPssssssssssss….
Na verdade o clima de guerra era fomentado desde o movimento cansei, sempre esquecido…..com certas dondocas e uma desavisada, que teve outdoors com as madames com cara de velório e vestidas de preto e comício na praça da Sé, em que uma das integrantes chegou na sua reluzente limousine Mercedes….. movimento que derrubou o presidente de uma multinacional….ali foi a primeira tentativa em criar a insatisfação popular….maldito movimento que nunca deveria ser esquecido…..
Nada a ver com as grandes manifestačoes convocadas pela Globo em junho de 2013, quando a PM assistia de braços cruzados manifestantes atirando coqueteis molotov contra predios publicos….lamentavel que intelectuais ditos progressistas viram como positivas aqueles atos que trouxeram a luz o fascismo que ai está descendo o porrete em quem se atreva sair as ruas: a primavera no Egito e noutros paises resultou em ditaduras e muito poder as milicias de quarteirao….Lula foi certeiro ao apontar forças ocultas por tras daqueles atos….a prova ta ai
Isso é só o começo.
Os PMs que exercem a violência contra os cidadãos são igualmente criminosos quanto aqueles que comandam. Todos na cadeia hierárquica são cúmplices nas ações criminosas. Não é válida a desculpa de que recebeu “ordens superiores”. São criminosos aquele que dá a ordem e aquele que executa a ordem. É isso que a Justiça da Alemanha está fazendo valer no caso dos nazistas.