Intervenção militar pode ampliar crise na segurança pública do Rio

“Presença dos Militares pode desestabilizar o tênue equilíbrio de forças que mantêm uma precaríssima paz social no Rio”
 
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(Foto ABr)
 
Jornal GGN – Especialistas apontam sérios problemas que podem ser acirrados com o decreto de intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, assinado hoje pelo governo Temer. Em princípio, porque o exército não está conformado a realidade da segurança pública, como já demonstraram experiências anteriores no próprio Rio, onde as Forças Armadas já foram empregadas. 
 
Em segundo lugar, a presença de generais no comando da Secretaria de Segurança pode causar o desprestígio das forças policiais militares e civis que, inclusive, sofrem com atrasos no pagamento de salários e condições de trabalho degradantes. Essa é a avaliação do professor do Departamento de Administração da FGVSP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani e do cientista político e professor do departamento de Gestão Pública da FGVSP, Marco Antonio Carvalho Teixeira, em artigo publicado no blog Gestão, Política & Sociedade, do Estado de S.Paulo.
 
Os docentes lembram que o Comandante do Exército, General Vilas Boas, já demonstrou preocupação com o emprego das tropas do exército para lidar com o problema da segurança pública e diversas vezes disse que essa não é a função das Forças Armadas.
 
Eles lembram, ainda, que experiências semelhantes no México e Colômbia “mostram que quando as tropas militares federais vão para as ruas cuidar de Segurança Pública a chance de se corromperem e não conseguirem resolver a situação é significativa”, ressaltando que não é preciso ir longe: o Exército já foi empregado diversas vezes em ações pontuais do Rio.
 
Os professores se preocupam, principalmente, com o impacto da autoridade do Exército sobre comandantes da Secretaria de Segurança Públicas das polícias militares e civis avaliando que “a presença dos Militares pode desestabilizar o tênue equilíbrio de forças que mantêm uma precaríssima paz social no Rio de Janeiro, levando a mais confrontos entre traficantes, policiais e exército e deixando a população a mercê desta guerra”. 
 
A solução da crise de segurança no Rio, para Alcadipani e Carvalho Teixeira deve partir de outras pontas como o uso da inteligência policial – com salários em dia e condições dignas de atuação -, e estratégias para “sufocar economicamente o crime organizado a ponto de eliminar alguma influencia que ele tenha junto aos poderes do Estado”.
 
“O Rio de Janeiro é a prova viva de que a Guerra contra as Drogas nos moldes até o momento existentes fracassou” afirmam, complementando que o Estado brasileiro deve pensar “de forma ousada” a regulamentação do mercado das drogas.
 
“O Rio de Janeiro poderia ser um laboratório para este experimento”. Clique aqui para ler o artigo na íntegra. 
 
Leia também: Intervenção é atalho ‘extremamente perigoso’, por Marcos Augusto Gonçalves
 
 
Redação

9 Comentários

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  1. Vapt-vupt…

    E ela poderá ser interrompida por alguns minutinhos para se votar a reforma da previdência ou se alguma das excelências quiser ir dar uma cagada…

    É vapt-vupt e volta a intervenção…

    Eita pais de merda…

  2. O exército brasileiro merece

    O exército brasileiro merece ser usado pelo governo corrupto de Temer. Se equivalem no desrespeito a nação e ao país. A ignorância histórica, o barbarismo do general Etchegoyen que os lidera e representa junto ao corrupto é síntese, não desvio, do padrão militar brasileiro.

    Um deles disse que o país está à deriva. E esta mesmo porque falta caráter, patriotismo e dignidade nos homens de alta patente e que ocupam altos cargos no país. Um Judiciário vergonhoso, um Legislativo de canalhas, um Executivo de ladrões golpistas, uma elite cruel e corrupta transformaram o país nessa miséria moral e que é vista com deboche no mundo inteiro. O Secretario de Estado americano pulou o Brasil no seu tour pela América Latina e isso diz tudo, não sobre n o que o país representa, mas o que a sua elite dirigente representa.

     

  3. Esse negócio de colocar soldados, que em média são garotos de 19

    Esse negócio de colocar soldados, que em média são garotos de 19 anos, fortemente armados para pacificar uma população vulneráve é algo que não vai acabar bem. Uma hora uma bala perdida vai atingir uma criança e a comunidade vai começar a reagir e extravassar tudo o que está reprimido causado pelo golpe e mais de um século de descaso do poder público. Desemprego, atrasos de salários, prisões e assassinatos arbitrários, falta de educação, saúde, transporte, moradia… vai tudo estourar em cima do exército.

    Os militares não tem preparo para gerir uma situação social tão complexa. Eles não estão ali resolveldo segurança pública, eles estão ali gerindo uma crise social bem mais complexa que envolve toda a falência do estado brasileiro e o ressentimento dessa população com o golpe. A única resposta que um militar pode oferecer é repressão e violência. Fuzis de grosso calibre que tirar a vida de um morador de favela, estará tirando a vidade de pais, filhos, irmãos, maridos, amigos, o que só vai agravar ainda mais a crise causando mais problemas. 

    1. Em relação à ‘luta’ contra os

      Em relação à ‘luta’ contra os traficantes, há duas possibldades quando se põe o exército no tabuleiro  = ou eles vão pro confronto direto com os traficantes e os traficantes vão pra cima e aí veremos uma guerra a la do Vietnã; ou os traficantes e soldados vão se ‘entender’ e aí o exército será contaminado pelo crime organizado. Enfim, uma situação de perde-perde. 

  4. Vão acender o pavio?

    O morro ameaçou descer e, como resposta, temos a intervenção militar no Rio.

    Planejam prender o Lula e mostrá-lo de macacão vermelho, algemado e acorrentado pelos pés no Jornal Nacional; depois de alguns dias talvez saia o habeas corpus, mas a bomba semiótica já terá sido lançada. A intervenção é uma preparação para conter os morros.

    O problema é que as forças armadas brasileiras, desde seu alto comando até a soldadesca, estão cansadas de dizer que não querem fazer papel de polícia. Os soldados que farão a repressão aos favelados moram nas favelas e/ou têm família nelas.

    O vampirão está se arriscando: 

    Um enfrentamento mais sério entre soldados e favelados, com muitas mortes, poderá levar a canoa a virar, isto é, a soldados começarem a se recusar a atirar em seus parentes e acabarem voltando as armas contra os oficiais que os comandam. Isso nunca ocorreu antes, mas a bomba semiótica lançada pela Unidos do Tuiuti provocou uma mudança de percepção não apenas na classe baixa, mas também na média (a foto da Paneleira Arrependida é emblemática)…

     

     

     

  5. .. tiro no pé..

    Essa foi uma tacada prá lá de desastrosa, o que o temer fez (provavelmente orientado pelos golpistas) foi jogar o exército numa roubada..

    .. não vai sair nada de bom daí, mas podem ocorrer graves problemas:

    1) completa desmoralização do exército, envolvido em ações cotidianas de crime comum, exército atirando em brasileiro pobre, favelado, tudo filmado e passando no youtube.

    Os vídeos vão mostrar soldados atirando em seus familiares na favela..

    2) uma revolta dentro do próprio exército.

    Talvez os 2..

    Eles estão equilibrando pratos de forma cumulativa.. todo dia entra um prato novo..

    Em parte, essa é a tentativa de transformar o Brasil numa espécie de Arábia Saudita.. e a América do Sul num “Oriente Médio”..

    .. instalação de uma ditadura que facilite a exploração do país..

    .. o problema, em nosso caso, é que a bagunça é completa..

    .. ora quem manda é judiciário.. ora é a máfia.. ora é cartel de drogas americano.. ora são os meganhas, os ruralistas, a cia, as petroleiras, o mercado financeiro, é um ninho de mafagafos..

    .. ah, e tem o povo.. rs..

    .. acho que não vai dar certo..

    .. mas isso não os impedirá de tentar.

    1. Arábia Saudita não é um bom exemplo.

      Citar a Arábia Saudita não é um bom exemplo, pois quem possui as armas mais letais naquele país não são suas forças armadas, são sim mercenários contratados para defenderem o Rei.

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