Judiciário e o Mito do Golem:A espera do golpe que já veio.

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Na tradição mística  judaica existe o mito do Golem, um gigante criado do barro e trazido a vida pelo sopro das palavras e com um escrito em sua testa, “emet”, que significa verdade. Foi criado para proteger as vilas judaicas dos progroms e das injustiças. Mas, deram a Golem tanto poder que fora do controle se tornou ele mesmo o poder. Em resumo o Golem deu um golpe. Talvez nosso judiciário tenham muito em comum com Golem.

Já faz algum tempo que partidos políticos vem utilizando o judiciário para realizar sonhos de poder, que deveriam ser realizados nas urnas. Aos poucos foram abdicando de fazer o que devem para perseguir o que querem. E muitos pensaram que poderiam simplesmente usar o judiciario. Deram a este uma visibilidade sempre pensando que o controlavam. E neste processo perderam o rumo. Num cinismo e numa hipocrisia gritante transformaram o que deveria ser uma casa em busca de acordos republicanos, políticos e democráticos, numa trincheira com um único foco. E não estou falando de corrupção. Estou falando da absurda falta de propostas políticas. Não se vê este congresso ou camara discutindo políticas públicas, políticas econômicas, política científica, política educacional. O que se vê são senadores e deputados fechados numa redoma discutindo poder. Não se tem sequer uma proposição que seja condizente com o espectro ideológico. Caciques de partidos como PMDB se esconderam atraz de um político que tinha como único trunfo uma bancada do baixo clero. Subitamente, uma figura vazia, mas agressiva, se transforma na liderança do partido que já foi de Ulysses. A soberba dos caciques da velha classe política pensou que poderia controlar esta triste figura.

Da mesma forma o PSDB, com suas fraturas internas, não consegue sequer balbuciar algo parecido com algum esboço de programa. Seu único cacique ideológico, Serra prefere, na calada da noite e no escurinho do cinema, propor pornograficamente emendas para neoliberalizar o país e entregar o pré-sal. O ex-lider supremo e ex-presidente, transformado em bobo da corte , ecoa frases, calúnias, boutades etc, que a imprensa teima em ecoar. Com isto demonstra que nunca teve de fato alguma substância. Não se ouve deste senhor nada de efetivo em termos de proposta política. Não defende uma ideologia, não defende uma concepção, e apesar de acadêmico, não defende nenhuma tese. Apenas de forma vazia , calunia e ataca do alto de sua soberba o seu grande adversário. Aquele que o desmascarou na prática e não na teoria. Este mesmo PSDB, resolveu também delegar o poder e elegeu como liderança um menino do Rio, que não sai da aba de sua irmã mais velha. Provavelmente pensaram: deixe pois podemos controlá-lo. Como liderança política , o menino gerou apenas um silêncio de idéias, perturbado por uma verborragia vergonhosa e uma proteção assustadora dos meios de comunicação e dos órgãos policiais. Para certos membros do partido até parece que ele não cheira nem fede, embora alguns digam que cheira. Mas mesmo assim se tornou a liderança do partido. De forma mais incompetente ainda, se associou a Agripinos e Maias, e optou por ficar escondido, atraz de Cunha e de Paulinho da Força. Do alto de sua soberba, pensaram também que poderiam controlá-los, mas hoje são seus reféns.

Enquanto isto um PT sob forte cerco e acuado se perdeu em tentativas de dialogar com surdos, ou com quem quer lhe cortar a palavra. De concessão em concessão começou a focar única e exclusivamente numa briga parlamentar. Até concedeu sua liderança a outra triste figura. O partido apequenou seu mundo em nome da governabilidade e esqueceu que estes ataques sempre ocorreram desde o primeiro dia em que Lula assumiu o poder. Mas Lula sabia que sua força está longe do Congresso, sua força estava na criação de uma base social ampla que congregou trabalhadores e empresários e mesmo o capital financeiro. Lula sobreviveu aos ataques do Parlamento e do Mensalão porque tinha uma base social. Em cima da base social levou o país a outro patamar. O PT de hoje focaliza apenas o parlamento. Escolhe-se ministros e gerentes de estatal em nome da governabilidade e não se conseguiu nada com isto. Uma Petrobrás vem sendo atacada, e não usa sua verba de publicidade para se defender. Afinal publicidade serve para isto não? A petrobrás tem em sua cabeça um presidente que em momento algum defendeu o patrimônio moral e histórico da companhia. Fala apenas de que mudou regras de governança e fala como se toda a história que nos trouxe até o pré-sal fosse um equívoco. A quem esta figura serve ? 

Dilma já deveria ter convocado as empreiteiras para estabelecer um plano de trabalho para não paralisar o país. Um plano que de forma alguma interfere nos trabalhos da justiça. Dilma já deveria ter convocado os lideres sindicais e empresariais de todas as matizes. No momento em que a política paralisa o país a resposta não está no congresso. Esta fraqueza do legistlativo e do executivo deu no que deu. No vazio de poder,o judiciário , como Golem , o tomou para si. Os políticos que pensavam manipular o judiciário acabaram de receber, nesta última semana, a triste notícia: o STF manda informar que quem manda aqui sou eu. Como os padres da inquisição interpretavam a bíblia, os nossos juízes tem o poder de interpretar a LEI. Um juiz interpreta a noção de prisão preventiva e ou temporária da forma como bem lhe apraz. Um outro interpreta flagrante e crime inafiançável ao sabor de sua sensibilidade. E a sociedade calada deixou que eles tomassem o jardim, agora já estão na sala e logo estaremos presos em algum quarto ou na cozinha.

E os juízes não estão sozinhos, temos procuradores que desafiados, mostraram ao presidente da Câmara, quem manda. Obviamente como em toda boa mentira, existe algo de verdade. No caso do presidente da Câmara temos provas de ilícitos, mas parece que os juízes não consideram o suficiente para prendê-lo!!!! pois o que importa é o recado já dado: quem manda aqui sou eu, disse o procurador. Não vi ainda o pau bater em Francisco de Minas, mas com a verdade das acusações sobre Cunha, se constroi a mentira da luta honrada contra a corrupção. Cunha solto prepara o terreno para que num processo de impeachment um tribunal dê a palavra final e diga mais uma vez: aqui quem manda sou eu. Por sua vez a polícia Federal pode mesmo depois de findo um inquérito, continuar destruindo a imagem, ou mesmo quem sabe ir uma segunda vez à casa de um cidadão filho de outro cidadão, pela simples razão de que, como disse uma certa juíza: eu faço porque eu posso. Mais do que isso este ato é um recado, da PF ao Ministro da Justiça, dizendo aqui quem manda sou eu. O judiciário que deveria , em nome da justiça e de julgamentos isentos, manter uma distância ética da polícia e dos acusado, tem nos últimos tempos mantido uma convivência absurdamente íntima com ambos. Um juiz convive diariamente com uma força tarefa de policias e procuradores que abertamente emitem pré-julgamentos. O mesmo juiz convive em interrogatórios intermináveis com delatores e prisioneiros. E tudo isto ele faz porque um Supremo se recusa a observar a lei, ou se arroga ao direito de interpretá-la como for mais conveniente. Este juiz e seus procuradores dizem por aí , que são os únicos que podem mandar, pois ungidos por Deus, dizem eles, estamos pregando no deserto. E eu que pensei que falávamos de leis , justiça e liberdade. Mas traduzindo ele quis dizer, quem manda aqui sou eu e por vontade divina.

O Golem está solto e esqueceu o significado de “emet”,  pois escrito na testa fica fora do alcançe dos olhos.

Redação

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