Mães se reúnem em ato 8 anos após chacina em SP: “Não vai acabar, é uma cultura”

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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“É tanto escândalo que você mal consegue acabar com um e o outro já começa", compartilha mãe

Foto: Divulgação/Zilda Maria de Paula

Em meio à cruel onda de violência policial e após 8 anos da chacina de Osasco e Barueri, em 2015, em São Paulo, as mães e familiares das vítimas seguem incansáveis na busca por justiça.

A associação 13 de agosto promoveu um ato na última sexta-feira (11), no Jardim Mutinga. A mobilização durou cerca de 4 horas e teve a exibição do documentário intitulado “Memória obstinada: caminhos das mães por memória e verdade em Osasco e Barueri”, que relembra a operação brutal que deixou 27 mortos. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) esteve na manifestação.

Zilda Maria de Paula, mãe que perdeu seu único filho, Fernando Luis de Paula, com 34 anos, na chacina de Osasco, desabafa ao GGN sobre a crueldade que atinge as camadas mais vulneráveis da sociedade.

“É tanto escândalo que você mal consegue acabar com um e o outro já começa; hoje mesmo já tivemos mais mortes, não vai acabar, é uma cultura”, compartilha Zilda.

Zilda se refere às vidas perdidas pela violência policial, intensificada nos últimos dias e protagonizadas pelos agentes de segurança dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Ela aproveita para reiterar a importância de agir com a razão, principalmente perante a postura irracional adotada pelas polícias. 

“No exterior o negócio ferve, aqui não, e eu não quero quebra-quebra, quebrar as coisas não funciona, mas eu gostaria que o País fosse mais unido, mas infelizmente, somos nós por nós“.

Na última semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reintegrou à corporação o cabo da Polícia Militar, Victor Cristilder dos Santos, um dos principais suspeitos de estar envolvido na tragédia que causou a morte dos jovens.

Você sente na pele que não resolve nada. A faculdade de Osasco faz pesquisa sobre a violência, e o Mães de Maio [ajuda], mas ninguém dá satisfação de nada, não, para eles é o aceita que dói menos’”, revela.

Juntas somos mais fortes

Também estiveram presentes no evento as representantes do Mães de Maio, um outro movimento social criado em 2006 em busca de reparação após uma série de assassinatos e violência policial ocorridos naquele mês fatídico, em São Paulo. E mães que perderam os filhos no Massacre da DZ7, em Paraisópolis, como Maria Cristina Quirino, mãe do menino Denys, morto aos 16 anos.

“Uma mãe dá força para a outra, né? Uma andorinha só não faz verão”, desabafa Zilda.

Na última sexta-feira (11), o jornalista Luis Nassif entrevistou especialistas em segurança pública e direitos humanos para debater o tema de violência policial em uma espécie de julgamento popular. Confira a entrevista completa abaixo:

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

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