Moro terá prestígio enquanto os progressistas não tiverem propostas diretas para o povo

"A popularidade de Moro resulta das suas respostas simples —e erradas— a dois problemas que tocam fundo os brasileiros comuns", diz Maria Hermínia Tavares

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Sergio Moro desfruta de prestígio maior do que Lula e Bolsonaro porque tem uma receita simples: respostas diretas, embora erradas, para dois problemas que afligem o brasileiro comum, a corrupção e a falta de segurança.

Moro tem como base a “espetacularização do combate aos corruptos, o sinal verde para a violência policial, o aumento das detenções e o endurecimento das condições carcerárias.”

“Seu prestígio persistirá enquanto as lideranças políticas progressistas não forem capazes de chegar ao povo com palavras e propostas novas”, avalia Maria Hermínia Tavares, professora de ciência política da USP.

Em artigo na Folha, ela lembra que “nem os passados governos progressistas nem as forças de centro e esquerda deram atenção devida” aos dois problemas trabalhados por Moro.

“No primeiro caso, PT, PSDB e respectivos aliados, em conluio com grandes empresas privadas, usaram sem pudor recursos públicos para financiar as suas máquinas eleitorais, fechando os olhos quando, vez por outra, as sobras escorregavam para os bolsos de dirigentes e operadores. Continuaram a fazê-lo mesmo depois da irrupção de grandes escândalos, como o mensalão, indiferentes, além do mais, às pesquisas que revelavam ampla rejeição às práticas corruptas.”

Também deixaram de lado o crime organizado, que expandiu “seus negócios nefastos, lado a lado com a criminalidade comum.”

“Isso legitimou perversamente a violência mal administrada da polícia, que se abate sem distinção sobre suspeitos e inocentes.”

Mesmo o mau desempenho de Moro frente ao Ministério, curvado ao autoritarismo de Jair Bolsonaro, e as mensagens do Intercept Brasil, não conseguiram derreter a imagem do ex-juiz a ponto de tirá-lo do páreo.

Redação

5 Comentários

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  1. A afirmação do título não faz sentido.
    O distanciamento do PT das bases não está associado a Moro, da mesma forma, a rotomada dos laços perdidos não levará a uma perda do prestígio de Moro.
    A bandeira civilizatória está associada a uma luta complexa pela distribuição de renda e aprofundamento da democracia.
    Moro é só uma vírgula nisso tudo.
    Simplificar essa conjuntura complexa em Moro é fazer o jogo dos poderosos.

  2. O título do artigo já coloca claramente uma separação entre os “progressistas” e o “povo”.
    Se fizessem parte da base, o título não faria o menor sentido. Compreende o que quero dizer?
    Aproveito a oportunidade. Infelizmente – por causa dos ataques à direita ao ensino superior -, fazer uma crítica à USP se tornou um tipo de tabu, o que criou um salvo-conduto para a reitoria e os funcionários da cúpula (cujos meios de ascensão deveriam ser investigados com calma) que se autointitulam “gestores” privatizarem os bens da universidade. Realmente, eles precisam de grades, por puro medo. Mas um dia a casa cai.
    Sim, sra. Tavares, o pacote de maldades começou antes na USP. Não com o Bolsonaro.

  3. Como reproduzir um artigo baseado em suposições insustentáveis que tem tudo a ver com a linha dos Frias mas não resiste uma checagem de consistência.

    Para destacar apenas uma ilação, veja-se esse trecho:

    “No primeiro caso, PT, PSDB e respectivos aliados, em conluio com grandes empresas privadas, usaram sem pudor recursos públicos para financiar as suas máquinas eleitorais, fechando os olhos quando, vez por outra, as sobras escorregavam para os bolsos de dirigentes e operadores. Continuaram a fazê-lo mesmo depois da irrupção de grandes escândalos, como o mensalão, indiferentes, além do mais, às pesquisas que revelavam ampla rejeição às práticas corruptas.”

    Sob o ponto de vista de quem ainda acredita nas realidades fantásticas criadas pelo consórcio de quadrilhas judiciárias e midiáticas, essa estória pode até fazer algum sentido. Porém se for a moça questionada e provocada a citar um e apenas um caso de alguém do PT que enriqueceu aproveitando-se de sobras de campanha, é duvidoso que ela se aventure a citar um e apenas um exemplo do que ela afirma. Nem no referido Mensalão e nem nas trocentas investigações posteriores não há um único caso que avance um passo além da acusação sem provas, do tipo POWER POINT dos concurseiros gananciosos das sinecuras judiciárias.

  4. O que tem que se parar é de acreditar em palavras de acadêmicos somente por terem títulos de sociólogos ou congêneres.
    Cientista social não tem que falar achismos, o que eles acham ou não acham tem tanta validade do que eu e qualquer um que escreve neste espaço e não está baseado em EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS. Se não tiver evidências com uma boa análise metodológica é mera especulação.
    Sérgio Moro foi incensado pela grande imprensa há quase uma década e no momento das críticas baseadas em evidências reais, a grande imprensa se calou, entretanto apesar disto pouco a pouco a popularidade do ex-juiz vem caindo (segundo pesquisas da própria imprensa).
    O povo em geral tem medo da polícia e total desconfiança do judiciário, isto é fácil de enxergar pois se perguntarem para algumas dezenas de populares as respostas às afirmações acima beirarão em torno de 90%.
    Quem gosta de polícia e juiz são os ricos, pois tendo bons advogados bem relacionados com o sistema repressivo nada ocorre com os mesmos. Podem até matar e confessarem que não vão passar de cinco ou seis anos de prisão.
    Este tipo de reportagem é para que a esquerda pequeno burguesa se atire nos braços do punitivismo e do encarceramento em massa, é só ver como votou grande parte do PSOL favorável ao aumento das penas para 40 anos (Freixo, por exemplo).
    O grande erro das esquerdas e não desta coisa indefinida que são os progressistas (Pergunta: Delfim Neto era um progressista? Afinal ele sempre fez uma política de desenvolvimento que trouxe progresso para alguns!) foi não denunciar permanentemente a ação da polícia e do judiciário e não ao contrário.

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