Mourão deixa moderação de lado, diz Bernardo Mello Franco

Em coluna, jornalista diz que o general começou a distribuir ataques contra a imprensa, a oposição e até contra o ministro Celso de Mello, do STF

Vice-presidente Hamilton Mourão deixa moderação de lado e parte para o ataque. Foto: Reprodução

Jornal GGN – O vice-presidente Hamilton Mourão deixou a moderação de lado e, em artigo publicado nesta quarta-feira, distribuiu ataques à oposição, à imprensa e até mesmo ao ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo nesta quarta-feira (03/06), Mourão afirmou que as manifestações pró-democracia realizadas no último domingo “constitui um abuso, por ferirem, literalmente, pessoas e o patrimônio público e privado, todos protegidos pela democracia”, afirmando que “registros da internet deixam claro quão umbilicalmente ligados estão ao extremismo internacional”.

Sobre os manifestantes contrários ao governo, Mourão diz ainda que “é um abuso esquecer quem são eles, bem como apresentá-los como contraparte dos apoiadores do governo na tentativa de transformá-los em manifestantes legítimos. Baderneiros são caso de polícia, não de política”.

Como aponta o jornalista Bernardo Mello Franco em sua coluna no jornal O Globo, o vice-presidente nunca utilizou tais ternos para condenar os bolsonaristas que pedem por um golpe militar ou o fechamento do Congresso Nacional. “É um discurso truculento, típico de políticos autoritários que não aceitam conviver com protestos”, afirma.

O vice-presidente ainda questiona o “sentido de trazer para o nosso país problemas e conflitos de outros povos e culturas”, em uma referência aos sucessivos manifestos contra o racismo que estão ocorrendo nos Estados Unidos. Para Mourão, a formação da sociedade brasileira “não nos legou o ódio racial nem o gosto pela autocracia” – mesmo com o Brasil sendo um dos países mais desiguais do planeta, e a grande maioria das vítimas fatais em operações policiais sejam negros.

Na visão de Mourão, “é forçar demais a mão associar mais um episódio de violência e racismo nos Estados Unidos à realidade brasileira”. Em uma crítica indireta a Celso de Mello, o vice-presidente também considera forçado tomar por modelo de protesto “a atuação de uma organização nascida do extremismo que dominou a Alemanha no pós-1.ª Guerra Mundial e a fez arrastar o mundo a outra guerra”.

Segundo o vice-presidente, “tal tipo de associação, praticada até por um ministro do STF no exercício do cargo, além de irresponsável, é intelectualmente desonesta”. Porém, Bernardo Mello Franco faz uma ressalva: o que é intelectualmente desonesto é ignorar a escalada autoritária no Brasil, em andamento e sob o comando do atual presidente da República – que, inclusive, chegou a ameaçar descumprir decisões do STF.

 

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Redação

5 Comentários

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  1. A cada vez q vejo uma declaração deste ex-general, mais me convenço de que ele se esforça para fazer juiz ao sobrenome. Só alguém com o intelecto de um poste ficaria tao confuso a respeito sobre as manifestacoes democratas e totalitárias. Só alguém muito mal intencionado acharia que as manifestações contra o racismo se deve ao que ocorre nos EUA. Só um anencefalo é incapaz de compreender que o racismo brasileiro é milhares de vezes mais mortal que o americano. O recado que tenho para ele e: se o Sr. tem vergonha de suas origens vá se esconder debaixo da cama. Algo que o Sr. deve fazer muito bem.

  2. Esse sujeito nunca foi moderado. Sempre foi,assim como seu líder, um insubordinado que,agora,quando todos lhe tiraram a falsa pele de cordeiro ,volta a mostrar a velha dentadura juntamente com os falsos cabelos graúna. Enfim,um fake completo desmascarado.
    Até que enfim, sabe-lá com qual interesse, a mídia golpista vem deixando seus colunistas mais à vontade.

  3. Sempre os outros é que são!
    Quando manifestações são desfavoráveis não dá, elas são atacadas pela polícia para criar o confronto, e ou são sabotadas por agentes infiltrados. Um dia a casa vai!

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