Mourão foi 20 vezes mais ao RS do que a reuniões do Conselho da Amazônia

Johnny Negreiros
Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.
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Candidato ao Senado, vice-presidente esteve em pelo menos 20 municípios gaúchos, enquanto CNAL só se reuniu uma única vez

O vice-presidente Hamilton Mourão e o presidente Jair Bolsonaro – Agência Brasil

O general e vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos) esteve mais vezes em visita ao Rio Grande do Sul do que em reuniões do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), no qual é presidente.

Mourão foi nomeado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em 2020, quando o órgão foi criado. O principal objetivo do conselho é combater o desmatamento e preservar o bioma na região

Porém, neste ano, o Conselho se reuniu apenas uma vez. Por sua vez, Mourão já esteve em pelo menos 20 municípios do Rio Grande do Sul, segundo levantamento feito pelo Metrópoles. Carioca, o militar vai disputar a vaga no Senado pelo estado gaúcho no pleito de outubro.

A cidade que mais recebeu o vice de Bolsonaro foi Porto Alegre, com nove ocasiões, seguida pelo município de Canoas, na região metropolitana, com sete visitas.

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Questionado por jornalistas recentemente sobre quando o CNAL voltaria a se reunir, Mourão disse:

Nós vamos fazer reunião agora em agosto aí. Algum momento de agosto ou setembro.

Amazônia em risco

Enquanto isso, os números de desmatamento apurados no governo Bolsonaro seguem piores do que o visto em administrações anteriores.

Apenas no mês de julho foram desmatados 1.476 km²de vegetação nativa na Amazônia, segundo dados produzidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em relação ao mesmo mês de 2021, o número representou uma queda ligeira, já que foram 1.498 km² desmatados.

Porém, julho de 2022 foi o quinto pior mês desde o início da série histórica, em 2015. Os 30 dias com mais nível de desmatamento foram todos durante a permanência de Bolsonaro no Planalto: julho de 2019, de 2020 e 2021, além de agosto de 2019. Foram todos com marcas acima dos 1.400 km².

Madeireiras são o problema, segundo Alexandre Saraiva

Em entrevista ao TVGGN Justiça, o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva afirmou que “99%” da madeira extraída da Amazônia é “ilegal”.

O delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva. Foto: Divulgação/TV Cultura
O delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva. Foto: Divulgação/TV Cultura

Saraiva atuava de perto na região, mas foi afastado por Jair Bolsonaro após denunciar suposto esquema de corrupção do então Ministro Ricardo Salles com madeireiras ilegais.

Viraram pra mim e falaram assim: ‘Você vai quebrar a indústria madeireira no Amazonas’. Eu falei: ‘eu não, eu vou quebrar a indústria criminosa no Amazonas’. Porque eu afirmo aqui, sem medo de errar: 99% da madeira retirada da Amazônia é completamente ilegal. Primeiro porque a matéria-prima é de graça. Segundo, o segundo principal insumo da indústria madeireira é energia elétrica. Eles roubam da rede. Plano de manejo, inventário, tudo isso é fraudado

Na visão dele, a situação chegou ao ponto de que é “impossível” competir legalmente com os concorrentes que não agem dentro das normas jurídicas.

Como que alguém vai conseguir madeira nativa dentro da lei e competir com esse pessoal? É impossível.

Segundo Saraiva, as dificuldades dos agentes em atuar na região se devem aos desmontes nos órgãos de fiscalização na região promovidos pelo Governo Bolsonaro.

Veja mais sobre o tema na íntegra do TVGGN Justiça.

Johnny Negreiros

Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.

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