No aniversário de 1 ano, Lula analisa atentado de 8/1 em artigo para The Washington Post

"A desigualdade serve como terreno fértil para o extremismo e a polarização política", escreveu Lula no aniversário do atentado de 8 de Janeiro

Lula
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Lula publicou artigo no jornal The Washington Post nesta segunda, 8 de janeiro de 2024, analisando o atentado à democracia que ocorreu exatamente um ano atrás, quando milhares de bolsonaristas radicais, após semanas acampando em frente aos quartéis pedindo intervenção militar, dirigiram-se até Brasília, invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, numa tentativa frustrada de dar um golpe de Estado.

“Este dia 8 de Janeiro completa um ano desde que a resiliência da democracia brasileira foi severamente testada”, disse Lula. “Felizmente, esta tentativa de golpe falhou. A sociedade brasileira rejeitou a invasão e, durante o ano passado, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo dedicaram esforços para esclarecer os fatos e responsabilizar os invasores”, acrescentou o presidente.

Segundo Lula, “a democracia brasileira prevaleceu – e emergiu mais forte”, mesmo após ter sido colocada em xeque por lideranças políticas que questionaram a lisura do processo eleitoral, mesmo tendo sido eleitas por esse mesmo sistema. “Sem provas, eles reclamaram da urna eletrônica do Brasil, assim como os negacionistas eleitorais nos Estados Unidos reclamaram da votação pelo correio.”

No artigo, Lula não avançou sobre a responsabilização dessas lideranças políticas ou os mentores intelectuais do golpe, mas analisou o que, em sua visão, teria sido o motor do atentado. Para o presidente, é a desigualdade social que serve de “terreno fértil para o extremismo e a polarização política. Quando a democracia não consegue garantir o bem-estar do povo, os extremistas procuram desacreditar o processo político e promover a descrença nas instituições.”

Além de criticar o atual modelo econômico neoliberal, que impõe desigualdades sociais e precarizou o trabalho em todo o mundo, Lula também comentou o papel das big techs na difusão das mentiras criadas pela máquina da ultradireita.

“A erosão da democracia é exacerbada pelo fato de as fontes de notícias e as interações sociais das pessoas serem mediadas por plataformas digitais que foram concebidas para o lucro e não para a coexistência democrática. O modelo de negócio das Big Tech, que dá prioridade ao envolvimento e à procura de atenção, promove conteúdos inflamatórios e fortalece o discurso extremista, favorecendo forças antidemocráticas que operam em redes internacionalmente coordenadas”, escreveu.

Para Lula, “estas questões tecnológicas, sociais e políticas estão integradas. O fortalecimento da democracia depende da capacidade dos Estados não só para enfrentar as desigualdades estruturais e promover o bem-estar da população, mas também para enfrentar os fatores que alimentam o extremismo violento.”

“Outro 6 ou 8 de Janeiro só poderá ser evitado transformando a realidade da desigualdade e do trabalho precário. Esta preocupação motivou a parceria para a promoção do trabalho digno que lancei com o Presidente Biden em setembro, com o apoio da Organização Internacional do Trabalho”, pontuou Lula.

O presidente também falou que a prioridade de seu primeiro ano de governo foi “a unidade do país e a reconstrução de políticas públicas”. “Um governo que melhora vidas é a melhor resposta que temos aos extremistas que atacam a democracia”, defendeu.

Ele destacou ainda suas agendas internacionais e feitos na economia doméstica. Apontou como desafio para os países trazer soluções conjuntas para “a crise climática; insegurança alimentar e energética; tensões geopolíticas e guerras; o crescimento do discurso de ódio e da xenofobia. Estes são problemas alimentados pela desigualdade generalizada à escala global”, escreveu.

Leia o artigo completo aqui.

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Redação

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