Números da epidemia, por Gustavo Gollo

Principais fatores de risco para o Covid-19 não são propriamente as comorbidades, mas o tratamento atualmente aplicado para combatê-las

Os números têm sido a estrela dessa epidemia, nunca se havia dado tanta importância a estatísticas e gráficos.

As primeiras informações numéricas sobre a epidemia eram vergonhosas, mentiras sobre uma letalidade altíssima da doença espalhadas despudoradamente com o propósito óbvio de alarmar o mundo inteiro.

O diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi um dos principais responsáveis pelo boato aterrorizante decorrente da divisão do número de casos notificados, pelo número de mortes, erro primário: como o número de casos é subnotificado – chegando aos hospitais apenas os casos graves –, a divisão revela um valor muitíssimo superior ao real. Apesar da banalidade dessa conclusão, os resultados do cálculo tendencioso foram ampla e insistentemente divulgados pelos meios de comunicação, com o intuito de fomentar o pavor necessário para impor o confinamento da população mundial.

Muitíssimo mais confiável, um estudo da Universidade de Bonn testou uma amostra aleatória de 1.000 moradores da cidade de Gangelt (epicentro do surto na Alemanha) e descobriu que 2% da população estava atualmente infectada e 14% estavam carregando anticorpos, sugerindo já terem sido infectados – com ou sem algum sintoma. Eliminando uma sobreposição entre os dois grupos, a equipe concluiu que 15% da cidade foram infectados com o vírus.

Se essas descobertas forem corretas, a taxa real de mortes na Alemanha pode ser tão baixa quanto 0,22%. [source]

A altíssima letalidade falsamente atribuída ao vírus no início da epidemia, no entanto, foi a principal justificativa para o confinamento geral da população até o surgimento do argumento do achatamento da curva, belamente ilustrado por uma animação.

O belo argumento substituiu o da altíssima letalidade na defesa da instituição do confinamento geral, jogando a mentira descarada para escanteio, sem mais.

Note que ambos os argumentos pressupõem mais a habilidade com números que conhecimentos médicos.

Idade e fatores de risco

Outras considerações numéricas têm tido destaque nos debates sobre o COVID.

A tabela abaixo foi responsável pela conclusão de que a doença é mais severa para os idosos e sugere uma forte correlação entre a letalidade do vírus e a idade do paciente. Tem-se concluído daí que a idade torna as pessoas cada vez mais suscetíveis à doença, uma meia-verdade.

O belo gráfico nos dá uma imagem ainda mais contundente do mesmo ponto:

Nesse gráfico, as porcentagens se referem ao número de óbitos para cada 100 notificações ocorridas na faixa etária correspondente. Os valores ínfimos de letalidade das faixas abaixo dos 40 anos, todos abaixo de 1%, contrastam significativamente com os altos valores apresentados para as faixas etárias mais altas.

Embora a sugestão de que a idade seja o grande fator de risco para a doença decorra clara e diretamente da imagem, outra tabela impõe uma conclusão alternativa mais precisa.

As listas verticais de porcentagens correspondem a 2 estudos diferentes, o primeiro deles mais exaustivo e preciso que o segundo. Nota-se, em ambos os estudos, conforme esperado, que comorbidades preexistentes têm uma fortíssima influência na taxa de mortalidade do Covid-19, independentemente da idade do paciente.

Os dados dessa tabela devem ser interpretados sobrepondo-os ao da anterior, não somando-os a ela. Ocorre que pessoas de idade avançada tendem a acumular problemas como os listados acima, razão pela qual, efetivamente, encontram-se sob risco aumentado. Um hipertenso na faixa dos 80s, por exemplo, não deve calcular seu fator de risco somando o da idade com o da comorbidade. Seu risco é medido pela letalidade dada por sua comorbidade prévia. Comorbidades diversas acumuladas por uma mesma pessoa, ao contrário, adicionam seus valores ao risco total de seu portador.

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Uma tabela curiosa foi apresentada originalmente sem maiores explicações, dando a impressão de que os homens sejam muito mais suscetíveis à doença que as mulheres.

Analisada cruamente, a tabela sugere que o vírus ameace muito mais intensamente a população masculina que a feminina; mais ainda se considerarmos que o contingente de idosas é bem superior ao dos homens de mesma idade.

Uma informação adicional, no entanto, atenua fortemente essa conclusão direta dos dados. Ocorre que a tabela acima foi inferida através de dados obtidos na China, onde o número de fumantes é muito elevado, embora o fumo seja um hábito quase exclusivamente masculino, por lá. Tal consideração sugere que a suscetibilidade não decorra do gênero, mas do tabagismo, hábito generalizado entre homens, mas não entre mulheres, no Oriente. A conjectura pode ser facilmente testada replicando-se o estudo em populações ocidentais.

A ausência de referências ao tabagismo como fator de risco, aliás, me chamou a atenção desde o início do surto, revelando o afrouxamento das campanhas antifumo agora que o hábito foi posto fora de moda no Ocidente, mas vem ganhando força entre os asiáticos.

10 ou 20 anos atrás, as tabelas de comorbidades, assim como os textos referentes ao assunto, teriam realçado fortemente o fumo como altíssimo fator de risco para qualquer doença respiratória. As diretrizes da OMS parecem andar tão tendenciosas quanto as dos meios de comunicação.

Outro ponto que me causou estranheza foi a letalidade relativamente baixa das doenças respiratórias, que aparece apenas em terceiro lugar na tabela de risco das comorbidades. Supus, a princípio, que tal constatação decorresse do fato de que a porcentagem apresentada incidisse sobre os casos hospitalares, desconsiderando, por isso, a maior suscetibilidade da doença entre os portadores de problemas respiratórios.

Um artigo médico intitulado: Terão os pacientes com hipertensão e diabetes mellitus o risco aumentado ao contrair COVID-19?, no entanto, sugere uma possibilidade inquietante.

Segundo artigo publicado na revista médica Lancet, a medicação usual receitada a pacientes com hipertensão e diabetes tem como efeito colateral o aumento da expressão da substância angiotensin-converting enzyme 2 (ACE2), o que facilitaria a infecção com COVID-19.

“Portanto”, concluem os autores da pesquisa, “supomos que o tratamento do diabetes e da hipertensão com medicamentos estimulantes da ACE2 aumente o risco de desenvolver COVID-19 grave e fatal”.

Se os autores do artigo estiverem corretos, os principais fatores de risco para o Covid-19 não são propriamente as comorbidades apontadas como tais, mas o tratamento atualmente aplicado para combatê-las.

A tabela abaixo revela outro fato paradoxal, possivelmente relacionado ao anterior. Embora os japoneses sejam os mais idosos de todos os povos, a letalidade do Covid-19 no Japão é talvez a mais baixa, com 100 óbitos para mais de 6.000 notificações. Vem-me a curiosidade de saber se o tratamento usual de hipertensão e diabetes, por lá, é similar ao do Ocidente.


Maquiagem de dados

A Itália foi o primeiro país da Europa a encarar o surto. A primeira atitude da população local foi de menosprezo pela epidemia, posicionamento que os meios de comunicação se encarregaram de bombardear cerradamente, resultando em um terror generalizado pela doença mortal.

O exemplo italiano serviu para alarmar o mundo inteiro, gerando uma estimativa de letalidade aterrorizante para o vírus. O terror espalhado pelo noticiário certamente contribuiu em alto grau para o abarrotamento dos hospitais.

Tendo cumprido o papel de aterrorizar o mundo, garantindo a implantação do estado de sítio por todo o Ocidente, incluindo o fechamento de fronteiras, além do toque de recolher, não só na Itália, mas por todo o planeta, permitiu-se que a Itália – seguida pelos demais campeões de casos e mortes na Europa e EUA –, maquiasse as notificações de novos casos e óbitos.

As curvas de números de novos casos diários e de letalidades, na Itália, apresentam o mesmo perfil, atestando a manipulação, ou maquiagem dos dados. As linhas verticais azuis, na figura, ressaltam uma tentativa acanhada de redução dos números em 22 de março e outra mais incisiva a partir do dia 28, quando praticamente todo o Ocidente já havia implementado o confinamento geral da população, e a estratégia de aterrorização da população à beira do pânico começou a ser substituída pela oposta, de tranquilização. Em seguida, Espanha e quase toda a Europa aderiram à maquiagem de dados. Quando os EUA aderiram à farsa, passando também a subnotificar casos e mortes – confessadamente em Nova Iorque, que responde pela metade dos casos no país, sob desculpa de economizar testes –, as curvas dos países mais afetados pela epidemia passaram todos a adquirir feições de estabilização, sugerindo, em decorrência da manipulação, que o pico de infecção havia sido atingido – nova mentira deliberada.

A mais breve olhada nos números revela o descontrole gritante do vírus por quase todo o ocidente, deixando claríssima a generalizada impossibilidade de debelação da infecção. Tendo fugido de controle, como obviamente já aconteceu, o número de novos casos diários em cada país só atingirá um valor estável quando uma parcela considerável da população já tiver sido infectada, coisa de 60% da população.

Os números atuais, no entanto, revelam que a infecção ainda se encontra muito longe disso, mesmo considerando-se a estimativa realista de que aproximadamente 1 caso em 100 tenha sido notificado, em média, mundo afora. Supondo-se que apenas 1% dos casos tenham sido notificados na Espanha, cujos dados revelam o mais alto valor de infectados (3462) por milhão de habitantes, entre os países no topo da tabela, só um terço da população espanhola teria sido infectada, metade da quantidade necessária para produzir tal efeito. Outros países, cujas curvas também estão se mostrando artificialmente achatadas, encontram-se ainda mais distantes da condição que induzirá esse achatamento.

Creio que essa nova farsa tenha por intuito manter a população convencida de que o confinamento terminará em breve, instando-a a manter o apoio ao confinamento geral.

Austrália

Os números australianos contrastam fortemente com os europeus e dos EUA, tanto pela honestidade, quanto pela benignidade de suas curvas. Seguindo o exemplo da China, a Austrália está conseguindo, inacreditavelmente, debelar o vírus! Paradoxalmente, o sucesso dos 2 países os deixará em situação de vulnerabilidade até o surgimento de uma vacina para o vírus.

Cai o pano

Durante o mês de março, quando a epidemia começava a ganhar força nos EUA, 2 milhões de armas de fogo foram vendidas nesse país, em especial, armas de guerra, como AR15. Em abril as vendas continuam aquecidas. Essas armas não estão sendo adquiridas para combater o vírus, obviamente, mas para enfrentar os violentos distúrbios esperados para breve, em decorrência da catastrófica situação econômica do país, agravada pelo confinamento.

Bomba

O Federal Reserve System estadunidense, abreviadamente, FED, tem anunciado a criação e distribuição de trilhões de dólares, supostamente, em decorrência da pandemia, ou, mais propriamente, do pandemônio gerado pelo estado de sítio implantado generalizadamente no Ocidente em resposta ao vírus.

(Defendi alhures que a estratégia de confinamento geral é completamente absurda, tendo sido muito mais eficiente e barato garantir generoso apoio financeiro que possibilitasse o real isolamento das pessoas vulneráveis à doença, aliado à construção de hospitais provisórios que suprissem a demanda e dessem vazão ao abarrotamento dos hospitais já existentes. Insisto que tanto os custos quanto a eficiência de tais medidas teriam sido muito mais vantajosos que os de fato implementados).

Os trilhões magicamente criados pelo FED correspondem à abertura da caixa de Pandora que não poderá mais ser fechada, e resultará na morte dessa galinha dos ovos de ouro. Será a morte do dólar, o grande Deus do século XX. Corresponderá também ao desmoronamento dos EUA e à queda do Ocidente.

Creio que o pandemônio em que nos vemos decorra dessa expectativa, sendo a questão econômica a verdadeira causa da imposição do estado de sítio, não o vírus.

As medidas econômicas absurdas implementadas em quase todo o mundo, de qualquer modo, asseguram, por si, que uma crise sem precedentes se assoma.
Conheceremos, em breve, o real significado da palavra “Crise”.

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Redação

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