O populismo é anti-instituição e se perpetua com a crise, diz Deborah Duprat

Em artigo, procuradora federal dos Direitos do Cidadão do MPF fala de distorção de realidade e do que é necessário para se formar um quadro populista

Deborah Duprat, procuradora federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – Uma forma recente de populismo, que tem atingido tanto a América como a Europa, já tem sido alvo de diversas pesquisas e publicação de conteúdo a respeito.

Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, Deborah Duprat, procuradora federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal, cita como exemplo um livro que considera leitura “quase obrigatória”: “Populismo”, de José Luis Villacañas.

De acordo com Duprat, a primeira engenharia do populismo é a criação de um “povo”, neste caso considerado a potência formadora do conflito. “Como o povo é em si o conflito, é logicamente necessário que haja um corpo social e político mais amplo e atravessado em dois: os amigos e os inimigos do povo”, diz a procuradora.

Para isso, o populismo utiliza a linguagem de forma eficiente, se dirigindo ao sentimento para produzir o “comum”, ativando assim símbolos de pertencimento adequados a novos formatos de comunicação e novos receptores – aqui, podemos usar o uso das linguagens em redes sociais como um exemplo.

“O “povo” então nasce quando o populismo sabe capturar uma insatisfação múltipla e plural e a dirige contra o Estado”, pontua a procuradora. “As instituições passam a ser vistas como locais de privilégio, de corrupção, de balbúrdia. Elas são, preferentemente, o inimigo, o outro”.

E quem resolve essas demandas? O líder, o objeto do amor. “Só o líder produz a unificação simbólica (…) Por isso o populismo vive do afeto, e não da razão. Por isso o real precisa estar constantemente distorcido. O populismo vive do reclamo e da insatisfação: por isso, o Estado não pode funcionar”.

Redação

2 Comentários

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  1. Certo, mas pela metade. O populismo soube canalizar a revolta antissistema. Mas só que está bandeira era da esquerda que acabou aderindo o estabilishment. Mas existe uma base real na revolta. As instituições são construções humanas e devem ser reimaginadas. Existe sim corrupção e privilégios, a democracia não existe num país desigual como o Brasil e por aqui nunca aterrizou uma República. Acho o pensamento acima conservador e corporativo.

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