Anunciado pelo presidente da República na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), o projeto “IA para o Bem de Todos”, ou Programa Brasileiro para Inteligência Artificial (PBIA) visou definir as bases para uma política brasileira de inteligência artificial.
Não apenas isso mas, como salientado por Lula, se propõe a ser a espinha dorsal de um programa intersetorial de desenvolvimento. A partir do trabalho apresentado, haverá um grupo de trabalho para definir metas, etapas e missões a serem seguidas por cada personagem – tudo passando pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, e reportando-se diretamente a Lula.
Em geral, a IA é vista como exterminadora de empregos. Mas os cientistas foram desafiados a desenvolver um projeto que previsse o uso da tecnologia para aumento da eficiência geral da economia, e para a geração de empregos e de bem-estar social.
Foram definidos 5 eixos principais, sem receio de pensar grande:
- Transformar a vida dos brasileiros por meio de inovações sustentáveis e inclusivas baseadas em IA.
- Equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento, incluindo num dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, alimentado por energias renováveis.
- Desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossa diversidade cultural, social e linguística, para fortalecer a soberania em IA.
- Formar, capacitar e requalificar pessoas em IA em grande escala, para valorizar o trabalho e suprir a alta demanda por profissionais qualificados.
- Promover o protagonismo global do Brasil em IA, por meio do desenvolvimento tecnológico nacionais e de ações estratégicas de colaboração internacional.
Em cima do desafio proposto, houve duas reuniões preparatórias do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), um conselho multidisciplinar de assessoramento do presidente da República. O CCT é composto por integrantes do governo, do setor acadêmico, empresarial, da sociedade civil e de estados e municípios.
O CCT debruçou-se sobre 38 documentos, com mais de 300 propostas, frutos de 300 participantes em 6 oficinas especializadas. Esse conteúdo gerou 6 documentos-síntese das oficinas, feitas com 117 instituições públicas, privadas e sociedade civil. E em mais de 30 reuniões bilaterais com instituições públicas e privadas.
Enfim, pela primeira vez, em muitos anos, se teve uma discussão efetivamente multisetorial, com visões amplas para se construir uma política pública e com a incumbência de definir metas, prazos e responsabilidades.
A abrangência da IA
A IA já exerce um papel transformador no mundo, levando a uma terceira onda da revolução da Tecnologia da Informação e da Comunicação. É transversal, podendo irrigar todos os setores e possui enorme impacto geopolítico.
As principais esferas críticas de atuação da IA são:
- Educação e trabalho.
- Meio ambiente e sustentabilidade.
- Integridade da informação.
- Soberania nacional.
Os diferenciais competitivos nacionais estão em uma população ágil e flexível para a adoção de tecnologias, na diversidade das bases de dados nacionais, na matriz energética limpa, na capacidade instalada de pesquisa e desenvolvimento e no desenvolvimento iniciado por empresas de diferentes portes.
Foi feito um mapeamento inicial sobre os centros de especialização em cada tema. Aliás, foi um levantamento abrangente similar que deu base para o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a partir das investidas do Almirante Álvaro Alberto visando desenvolver a nova tecnologia que surgia – a energia nuclear – no país.
A partir do desafio proposto, o PBIA prevê R$ 23 bilhões em investimento, no período 2024-2028, R$ 5,79 bilhões dos quais para a infraestrutura e desenvolvimento, R$ 13,79 bilhões para Inovação Empresarial e R$ 1,76 para melhoria dos serviços públicos, entre outros.
R$ 12,72 bilhões serão provenientes do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), R$ 5,57 bilhões serão de recursos não-reembolsáveis do FNDCT e R$ 1,06 bilhões de investimentos e contrapartidas do setor privado.
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O avanço da IA no Judiciário, entretanto, continua preocupante. O Judiciário está sendo rapidamente redefinido através da automatização de procedimentos com uso de IA. Em São Paulo ele não será mais um poder que respeita a constituição, mas um puxadinho dos predadores capitalistas https://www.conjur.com.br/2024-ago-04/inteligencia-artificial-um-novo-marco-no-combate-a-advocacia-predatoria/?fbclid=IwY2xjawEdql1leHRuA2FlbQIxMQABHY-EuTsevrNHa8k8ZiteKGjcQuepv4pMe0RyLx6MiaBwX1nVg3A62OxT4w_aem_XjN9EI6gb-KWtClLDsqoeA . No lugar da presunção de inocência a suspeita automatizada contra advogados e cidadãos. Empresas com poder de movimentar as redações das empresas de comunicação certamente serão apresentadas como vítimas. O fato delas sistematicamente prejudicarem seus clientes para maximizar os lucros será considerado um fato juridicamente irrelevante na extinção de processos com base na “litigância predatória”. Mutiladas pelo aprendizado de máquina, as prerrogativas dos advogados serão motivo de piadas nas salas dos juízes. Eles obviamente terão mais tempo para fofocar, porque a maioria dos processos será automaticamente jogada na lata do lixo. Viva o neoliberalismo… Ele garante os salários acima do teto e os penduricalhos abaixo da moralidade dos juízes. Aos cidadãos lesados restará apenas a vingança privada? É preciso reduzir a marcha, Nassif. Essa história de que a IA resolverá todos os problemas é uma armadilha. Primeiro é preciso discutir quais são esses problemas e quem serão os beneficiários das soluções implementadas com o uso dessa tecnologia.
Clap! Clap! Clap!
Indústria do Dano Moral, Litigância Predatória, etc. são conceitos criados para se inibir o acesso à Justiça pelas vítimas das lesões em massa. Conceitos alegremente adotados por muitos togados, haja vista que estão em sintonia com suas jurisprudências defensivas, entre as quais o uso de IA também vai sendo legitimado.
Usar IAs treinadas sabe-se lá como, sabe-se lá onde, para auxiliar na redação de decisões judiciais, não só é idiotice, uma confissão de ignorância sobre como funciona a tecnologia (claro, um oba oba interessado, sem maior preocupação com o conteúdo das salsichas algorítmicas), mas também uma rendição, a entrega de um poder de Estado a agentes estrangeiros. Patético.
Quando Bil Gates à época da “pandemia”(aspas negacionista:disse q o mundo não seria mais o mesmo era jesse sentido,se deu um impulso de anos ao mercado digital,forcou_a barra,popularizou o uso e a aceitação,só q este mundo digital é extremamente concentrado e dominado por meua dúzia,não é confiável,vou ficar por aqui só pelo exemplo do Musk senão escreveria dez.volumes de livros,antes tinha vários fabricantes de tecnologia e mais uma vez vou ficar só no exemplo da rua santa Efigênia de Sampa,vários lojistas popilarizaran a internet e hj ?Só vendem luminárias e etc…Se podia baixar facilmente apps e oitros dos sites do fabricante e hj?Concentraram tudo na Playstore,telefone fixo?Inverteram,antes a internet dependia dos cabos e agora o telefone é q dependem da internet.Comunicação?Dependência de um meia dúzia de aplicações,comércio?Jogando.tudo para o online aonde quem manda são. Donos bilionários com compromisso se satisfazer os seus egos e faturar alto e só,esse é o nosso futuro?Precisa ter meios alternativos equiparados aos da internet como.sempre teve,está havendo uma hiperconcentração de serviços na internet e tudo isso sem segurança e garantia nenhuma,Musk.q o.diga,quem será o próximo q comprará uma.empresa de internet para usala como o seu brinquedinho?Eu ja escrevi.aqui q deveria haver RESPONSABILIDADE SOCIAL no uso destas tecnologias mais uma vez fico no exemplo da e.nel electricidade aonde conta só obter lucro,não está havendo limites para os bilionários eles comoram tudo e ate o judiciário q deveria fazer algo se cala pq será?Obs.:Militares q participaramvde manobras com os euaaa precisam ser abastados afinal é necessário ordem,respeito e progresso a todos e não só para meia dúzia !!!
Planos e Comissões, a AI lá fora nasceu de iniciativas pessoais e muita grana investida.
Sou cético com planos muito ambiciosos.
Repatriar os caras que estão trabalhando nisto lá fora.
Projeto de Estado, não de governo , se vier um cara tacanho quebra a coisa.
Será que este governo tem mesmo esta visão de inovação ?!
Excelente iniciativa! Contudo, pelos exemplos apresentados relacionados a bancos, é difícil enxergar onde essas iniciativas gerarão emprego e renda para a população. Proporcionarão sim redução de custos e diminuição de postos de trabalho, como já vem ocorrendo há tempos.
Que me perdoem os otimistas, dos mais comedidos ao mais empedernidos, mas não consigo associar a ideia de IA (ou, simplesmente, algoritmo), com a criação de empregos – que, no presente caso, só poderiam ser mais qualificados. Depois de anos desempregado, em uma área da atividade humana extremamente suscetível às inovações tecnológicas – a administração – trabalho hoje como terceirizado em uma escola pública estadual na Bahia, onde testemunho diariamente a calamidade que é o ensino público, com professores desmotivados e ausentes, alunos que, quando frequentam as aulas, se limitam a ficar com as caras enfiadas em seus celulares (quando os possuem) ou ficam na algaravia, desrespeitando professores, etc. Alguns vem para merendar, e se retiram da escola tão logo enchem as barrigas. E quando ficam sabendo que não há merenda – pois os terceirizados da cantina, frequentemente, recebem seus salários e benefícios com atraso ou em parcelas – vão embora sem cerimônia. Enfim, uma tragédia. De onde sairão alunos capazes de assumir esses empregos mais qualificados, senão do ensino privado (se é que de lá sai alguma coisa que preste)? E desde que me entendo por gente, tenho a certeza de que, a partir da Revolução Industrial, a evolução da técnica e da tecnologia se dá no sentido de comprimir o tempo e espaço necessários à produção, o que se obtém mediante a criação de máquinas e equipamentos cada vez mais modernos, alguns deles programáveis a distância e sem necessidade do elemento humano, ou minimizando ao máximo a necessidade deste, e aumentar o lucro, o que se consegue eliminando o trabalhador dessa equação. A evolução tecnológica vai começar a andar para trás, ou se suicidar, para abrir espaço a um novo trabalhador? E ainda por cima, mais qualificado? E os patrões se regozijarão, felizes da vida em ter que pagar salários e cumprir direitos de trabalhadores, tendo vislumbrado esse admirável mundo novo em que não precisam tanto da incômoda colaboração desses seres?
Embora tenha grande admiração pelo redator do artigo e trabalhar há mais de 35 anos em IA, humildemente discordo da visão otimista manifestada em relação a conferencia nacional e a iniciativa na área de IA. Meu pessimismo é decorrente dos seguintes aspectos:
1. embora o redator destaque os mecanismos e os atores da proposta, há tempos os atores estão a frente da estrutura de P&D e coordenando outras iniciativas que não conduziram o pais a resultados dos países da asia;
2. os atores na sua grande maioria foram formados no exterior e suas pautas de P&D é fortemente seguem a cartilha dos países desenvolvidos e das Big Techs;
3. grande parte das estruturas acadêmica e P&D não estão alinhadas aos interesses de P&D voltadas para o desenvolvimento econômico do Brasil;
4. alguns atores que não atuam na área de IA aparecem a frente das iniciativas;
Portanto, considero que as iniciativas propostas infelizmente estão longe dos objetivos e interesse econômicos do Brasil.