O que está em jogo nas estradas do Brasil?

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN

O que está em jogo nas estradas do Brasil?

por Anderson Barreto Moreira, Maister F. da Silva, Lauro Duvoisin e Leandro Noronha de Freitas

1) O caráter da greve: as medidas de desmonte e entrega do petróleo e da Petrobrás são o pano de fundo da atual paralisação. A pauta econômica é real, ou seja, aumentos contínuos num cenário de crise, por isso o crescente apoio popular a paralisação.

O governo já não apresenta mais a força necessária para implementar o projeto golpista, vive para o saqueio. Com isso, setores da burguesia também se colocaram na disputa pela sua parte. Dentro desta instabilidade, era inevitável o desdobramento político.

2) a composição da paralisação: 3 setores são visíveis. Primeiro, os transportadores autônomos, mais atingidos pelas políticas atuais de preços, dão a cara pública (trabalhadores) e conquistam apoio popular. Desejam que o governo intervenha nos preços.

Segundo grupo, o setor empresarial dos transportes, tem como objetivo retirar impostos sobre os combustíveis e reduzir os valores de transporte na intenção de ampliar o lucro.

Terceiro, capitalistas do setor de energia, que tem como pauta a privatização da Petrobrás e angariam apoio em setores empresariais e outros.

3) A paralisação não coloca, aparentemente, uma disputa de projetos. Porém, é perceptível que cresce a saída “linha dura” como solução das contradições. Fechar mais o golpe para implementar o programa.

O foco até agora está na Petrobras, não no governo. Mas caso continue a situação atual, a correlação de forças pode se tornar desfavorável para o campo do governo.

3) Governo: a política neoliberal atual praticamente inviabiliza qualquer controle do governo. Mesmo com o anúncio de uma redução de 10% por quinze dias a reação do capital estrangeiro foi derrubar as ações da Petrobras, num recado para o governo. Ou seja, se o governo decidir atuar, sofre pressão internacional, se não atuar, aumenta a crise. Aparentemente, não há solução a vista, o que pode agravar em poucos dias a situação.

4) os setores progressistas: num primeiro momento ficamos preso em apoiar ou não, em caracterizar como greve ou Lockout. Nos parece que isso é importante mas não é o central para a ação. A paralisação angariou apoio popular, mesmo com o desabastecimento ( suspeito, já que em dois dias já se esvaziam postos e prateleiras). Criou várias contradições, principalmente em relação ao setor de energia e sobre a condução da economia. E aí que temos que atuar.

Não podemos descartar, caso a atual crise se aprofunde, mobilizações de setores da classe média (gasolina) e setores populares ( gás e alimentação). Caso os setores progressistas e a esquerda não encontrem um flanco para disputar a linha política podemos ter movimentos de massa com viés reacionário.

5) possibilidades de ação: primeiro, não temos como disputar a direção da greve em si, visto a quase inexistente presença da esquerda na categoria. A disputa que temos que fazer é de projeto no meio da sociedade. Denunciar o governo golpista, sua política neoliberal, sua atual política para petróleo e para Petrobrás. Pautar não somente a queda dos preços do Dieesel e gasolina, mas também do gás. Mostrar como o golpe transformou o país nisso.

Seria fundamental uma greve do setor petroleiro, como forma de abrir espaço com presença real para disputa desse movimento que pode ter desdobramentos na correlação de forças.

Síntese das impressões políticas acerca da greve dos caminhoneiros – Anderson Barreto Moreira, Maister F. da Silva, Lauro Duvoisin e Leandro Noronha de Freitas

4 Comentários

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  1. As grandes empresas de frotas

    As grandes empresas de frotas constituem apenas 20% dos 2 milhões de caminhões que circulam no Brasil e respondem por dois terços da movimentação de cargas (por si só, um disparate, num país continental). Portanto, os demais 80% são representados por autônomos ou pequenas empresas que têm apenas alguns veículos, pelo que é difícil qualificar o movimento como locaute. E mesmo que fosse seria mais que justificado, pois o problema central é, como apontado, a criminosa política de internacionalização dos preços adotada pela direção da Petrobrás.

    Em tempo: a situação não guarda a menor semelhança com o Chile de Allende, como alguns precipitados andam especulando, exceto pelo fato de também envolver caminhoneiros.

     

  2. Recebi dois watsapp agora a

    Recebi dois watsapp agora a tarde, um de um motorista que está parado em Minas e outro do Mato Grosso, mandando escrever nos para- choques de carros e caminhões “intervenção militar já”. O do caminhoneiro do Mato Grosso repassa a informação de um motorista de uma barreira do Paraná que disse que o Exército do Sul aderiu a greve dos caminhoneiros.

    Alquém aí sabe alguma coisa sobre isso?

  3. #voto13
    não se enganem,

    #voto13

    não se enganem, preparativos para o estado de sítio, com a prorrogação dos mandatos.

    na falta de candidatos, agarram-se aos sacos militares.

    golpe é golpe.

    só que, no golpe-verde-agrião, o desMoronado também vai pra superintendência em curitiba.

    e o stfezinho, ora, continuará acocado…

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