Este 2014 para nós LGBTs é um ano fundamental (mesmo com carnaval em março, copa em junho e eleições em outubro, quase um feriadão gigante).
Se 2013 foi o ano da conquista do casamento civil, foi também o ano no qual vimos o PT, que tínhamos como partido aliado da causa LGBT, nos trocar pelo voto fundamentalista, como verificamos na manobra política para juntar o debate da lei de homofobia (PL 122) com o do novo código penal. Códigos no Brasil demoram muito tempo para serem votados e finalizados. O civil, pra você ter uma ideia, demorou nada menos que… 25 anos.
Teremos em 2014 eleições e, novamente, é quando iremos pensar no tema: gay vota em gay? Existe uma corrente que diz que não, que somos desunidos, invejosos e que não nos organizamos. Este colunista aqui não acredita nisso. Acredita, sim, que talvez essa ideia exista porque faltavam candidatos que pudessem representar com firmeza os LGBTs e partidos que fossem verdadeiramente comprometidos com a causa. Um politico não basta, precisamos da força de um partido para que as leis caminhem.
O PPS tem em seu presidente Roberto Freire um defensor da causa. Ele desde a constituinte luta pelos direitos da diversidade, tendo sido autor, na época (1987!) de uma proposta de lei para combate da homofobia. Hoje o partido tem núcleo LGBT, uma coordenação de combate à homotransfobia e candidatos comprometidos, como o deputado Comte Bittencourt, no estado do Rio de Janeiro, que fez uma emenda de um milhão e meio de reais para um Centro de Combate ao preconceito que será construído na Lapa em parceria com o comite de cidadania LGBT carioca, onde o direigente do PPS/RIO e coordenador do núcleo LGBT Eliseu Neto participa; ambos ainda fizeram uma emenda à lei de homofobia, criando espaços de combate ao bullying nas escolas, faltando somente a aprovação.
O PPS também apoiou na justiça de forma amigável (amicus cúriae) a defesa do casamento igualitário, fez notas de desagravo sobre o silencio do Brasil na ONU frente as Olimpiadas na Rússia, e contra o PSDB na época do João Campos e a famigerada cura gay, O PPS é hoje nossa esperança para que a homofobia seja criminalizada no Brasil, já que entrou com um processo histórico no STF (ADO 26) exigindo que o Congresso Nacional cumpra sua obrigação e legisle equiparando homofobia ao racismo.
Ainda temos que concentrar nossa atenção nos candidatos à presidência: Eduardo Campos parece o mais ligado aos LGBTs, embora todos ainda estejamos receosos com Marina Silva e seu posicionamento por vezes dúbio.
Sei que é chato começar o ano falando de política, mas estou falando de nossas vidas. Enquanto muitas boates e saunas estão cheias por aqui, gays estão sendo queimados vivos em Uganda, torturados no Equador e caçados na Rússia. Temos que mudar isso e seguir o exemplo dos nossos vizinhos Uruguai e Argentina, nos quais a liberdade civil tem sido resguardada.
Por isso, você que não gosta de política, mas gosta de balada, de sauna, das festinhas, da sua liberdade e da sua vida, perca um pouco do seu tempo, o sexo pode esperar um pouquinho: conheça os partidos que defendem realmente a causa LGBT e tome muito cuidado para não votar num candidato aparentemente legal, mas que está num partido que nos troca por votos de religiosos fundamentalistas sem pensar duas vezes.
No mais, vamos curtir o carnaval, reclamar da Copa, votar com responsabilidade e pronto: lá vem 2015.

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