Pablo Marçal apoiou pastor acusado de assédio sexual contra fiéis

Dolores Guerra
Dolores Guerra é formada em Letras pela USP, foi professora de idiomas e tradutora-intérprete entre Brasil e México por 10 anos, e atualmente transita de carreira, estudando Jornalismo em São Paulo. Colabora com veículos especializados em geopolítica, e é estagiária do Jornal GGN desde março de 2014.

Davi Passamani não poupou elogios e agradecimentos a Marçal em evento realizado na Igreja “A Casa” durante a campanha eleitoral de 2022

Davi Passamani agradeceu o apoio de Marçal em evento realizado na Igreja A Casa durante a campanha eleitoral de 2022

Durante a campanha eleitoral de 2022, Pablo Marçal (PRTB) realizou um evento na igreja A Casa, em Goiânia, após um de seus fundadores, o pastor Davi Passamani, ter sido denunciado por crimes sexuais contra fiéis. Na época, o influenciador apoiou publicamente o acusado, que foi preso devido a outros casos de assédio este ano.

O atual candidato à prefeitura de São Paulo possui laços significativos dentro do círculo evangélico goiano e entre seus contatos está Passamani e Giovanna Lovaglio, fundadores da igreja onde Marçal já realizou palestras, cursos e um evento de promoção à sua candidatura a Presidência da República em 2022

Aqui, no Estado de Goiás, oficialmente, essa aqui é a minha Igreja“, disse o influenciador, durante um dos encontros, acrescentando que visitou o espaço pela primeira vez em 2019 com sua mulher, Carol Marçal.

Passamani e Giovana eram casados e fundaram a igreja em 2017, chamando atenção pelo apelo aos jovens, com as paredes pretas e luzes que lembravam uma casa de shows, além da banda Casa Worship. Em 2020, o templo já recebia uma média de 14 mil fieis por semana.

Certa vez, o pastor se emocionou ao anunciar Marçal, mencionando que o influenciador teria sido “a primeira pessoa a nos dar ânimo e encher a nossa vida de fé”. “Publicamente, eu quero te louvar e te agradecer por isso“, complementou Giovana. “O Pablo talvez nem saiba disso, mas o dia em que você, publicamente, se interpôs diante das pedras que tinham atirado contra a minha casa, você me resgatou”, concluiu. 

Denúncias

Desde 2020, Passamani enfrenta diversas denúncias de assédio sexual contra seguidoras de sua igreja. Segundo reportagem do G1, o primeiro caso a ser exposto teria ocorrido dois anos antes, mas a vítima decidiu ir à polícia apenas quando soube que outra fiel também havia passado por uma situação semelhante. Além disso, na ocasião do assédio sofrido, a vítima disse ter contado o caso na igreja e que nada foi feito. 

De acordo com o relato da jovem, ela teria pedido um conselho ao pastor sobre relacionamento, quando estranhou os rumos da conversa. “Do que mais sente falta no seu relacionamento? […] Por que a maioria sempre sente mais falta de sexo, mas isso não é problema pra você, né?”, disse Passamani por mensagem, como mostram as imagens disponibilizadas à polícia. 

Incomodada com a situação, a fiel falou sobre o caso para o seu namorado e ele pediu para que ela prosseguisse com a conversa, até que pudessem ter certeza das intenções do pastor. A conversa então avançou para investidas sexuais e uma chamada de vídeo em que o pastor relatava seus desejos pela seguidora, pedindo para que ela se tocasse e gemesse. 

O namorado da jovem conseguiu gravar o ocorrido e a denúncia foi formalizada em março de 2020 na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) em Goiânia, que apurou o relato e encaminhou o inquérito ao Ministério Público. 

À época, Passamani publicou um vídeo chorando e pedindo perdão à Igreja e sua família. “Eu vi essa moça dizer que queria acabar com a igreja: você não vai conseguir! A igreja não é minha. Você vai conseguir acabar comigo, mas com a igreja você não acaba“, diz o pastor à fiel.

Passamani foi afastado da direção do templo temporariamente e A Casa passou a ser gerida pela sua então esposa, a pastora Giovana, que, a princípio, perdoou os primeiros casos de assédio que vieram a público. 

Já em novembro de 2023, após novas denúncias, Giovana pediu o divórcio e, em março de 2024, conseguiu uma medida protetiva na Justiça contra o ex-marido, que não aceitava a separação e passou a persegui-la por mensagens e em locais onde a pastora frequentava.  

Em abril, Passamani foi preso quando chegava para participar de culto em uma igreja em Goiânia, por representar um risco às mulheres da comunidade religiosa. O pastor ficou preso por 20 dias e, atualmente, está à frente da Igreja US Goiânia. 

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