Rodrigo Maia x Justiça do Trabalho: o anão feroz irrelevante atacou um gigante pacificador

Ao pautar para esta quinta feita o PL que universaliza a terceirização e abre caminho para a revogação da CLT, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que “A Justiça do Trabalho não deveria nem existir.” http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/03/1864822-justica-do-trabalho-nao-deveria-nem-existir-diz-deputado-rodrigo-maia.shtml?cmpid=fb-uolnot

Há 25 anos advogo na Justiça Comum e na Justiça do Trabalho. Nunca vi um só líder petista, comunista ou trabalhista dizer que a Justiça comum não deveria nem existir. A aceitação da Justiça Comum por eles é perfeitamente compreensível. Afinal, eles também se divorciam, fazem inventários dos bens deixados por seus pais e se envolvem em disputas patrimoniais.

O ataque à Justiça do Trabalho feita pelo presidente da Câmara dos Deputados só seria justificável se ele mesmo estivesse sofrendo ações trabalhistas. Mas mesmo neste caso ele estaria errado por dois motivos: as ações não teriam sido ajuizadas se ele tivesse cumprido fielmente a legislação trabalhista; se não pudessem recorrer à Justiça do Trabalho os empregados lesados por ele certamente resolveriam o caso através da violência contra a pessoa ou contra o patrimônio dele.

A Justiça do Trabalho não foi criada para possibilitar que os trabalhadores destruam o capitalismo. Muito pelo contrário, ela foi criada justamente para evitar que a violência dos operários (e das suas organizações) se torne um componente importante nas relações do trabalho em virtude dos abusos corriqueiros cometidos pelos empregadores.

Em razão da existência da justiça especializada, trabalhadores e sindicatos toleram tratamentos indignos (não pagamento de horas extras, supressão de intervalos para refeição, atraso no pagamento de salários, ausência de depósito do FGTS, etc…) porque sabem que o dano poderá ser reparado através de um processo.

O que os empregados fariam se soubessem que não teriam onde reclamar os danos que sofrem dos empregadores? Eles cruzariam os braços com mais frequencia, causando interrupção da produção e prejuízo ao empregador e a economia do país. Nos casos mais graves, os operários começariam a incendiar as empresas, os carros e as casas dos empresários. É isto que o presidente da Câmara dos Deputados deseja?

Os empresários estão reclamando. A solução do anão feroz que preside a Câmara dos Deputados é grunhir “A Justiça do Trabalho não deveria nem existir.” Francamente… Rodrigo Maia é um agente público experiente. No mínimo ele deveria fazer duas perguntas antes de falar bobagens em público.

O Estado brasileiro está em condições de reprimir nas ruas centenas de milhões de conflitos trabalhistas individuais e coletivos que são pacificamente resolvidos através de processos na Justiça do Trabalho? Quem custearia o aumento de despesas com soldados e armamentos letais e não letais? Como a economia pode crescer num país mergulhado em disputas resolvidas de maneira violenta? Que investidor colocaria dinheiro num país mergulhado numa guerra civil?

A normalidade das relações do trabalho depende da existência da Justiça do Trabalho. Se ela for destruída, os empresários irão lamentar bem mais do que já lamentam. Faça um favor ao Brasil, Rodrigo Maia: CALE A BOCA e renuncie ao cargo que você conquistou mentindo para a população e cobrando propinas dos empresários. A sua estadia na Câmara dos Deputados é bem menos importante para o desenvolvimento do país do que o gigante pacificador das relações do trabalho.  

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

2 Comentários

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  1. Justiça do Trabalho

    À boca pequena há quem defenda a extinção da justiça do trabalho com as suas atribuições repassadas à justiça comum. Na ponta do lápis, aponta-se que o custo de processamento de uma ação é 40% mais alto do que o valor médio das indenizações. Quais os países que tem Justiça do Trabalho, além do Brasil e da Alemanha ?
    Nas contas do deputado federal Nelson Marchezan Jr., hoje Prefeito de Porto Alegre, o montante das indenizações trabalhistas, no ano passado, foi de R$ 8,5 bilhões, enquanto o custo do sistema judiciário trabalhista, este ano, é de R$ 17 bilhões . “Vamos fechar a Justiça do Trabalho e dar o dobro que os trabalhadores estão pedindo”, propôs o então parlamentar.
    É para pensar.

    1. O boca mole que disse isto

      O boca mole que disse isto certamente não conhece a realidade da Justiça Comum.

      As Justiças Estaduais custam muito mais do que o Justiça do Trabalho.

      A demora na solução dos processos na Justiça Comum é muito maior. Ídem para as custas e despesas processuais.

      Uma ação trabalhista leva de 2 a 5 anos para ser resolvida na Justiça do Trabalho.

      Esta semana recebi o crédito de uma Ação Acidentária  que começou em 2006 na Justiça Comum. Advogo ações de indenização por ato ilícito que começaram antes disto.

      Portanto, pare de falar bobagens (ou de trollar) e vá se informar.

      Aqui você não está lidando com desinformados. 

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