
Jornal GGN – O ministro Luiz Fux abriu na manhã desta segunda-feira (1/2) os trabalhos do Supremo Tribunal Federal para 2021. Em evento solene que contou com participação presencial ou virtual de personalidades da República, Fux cantou o hino nacional, fez um minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19 e discursou sem máscara. Relembrou o impacto da pandemia sobre o trabalho do STF em 2020 e se destacou ao fazer, sentado ao lado de Jair Bolsonaro, críticas que atingem do chefe do Executivo.
Fux disse que 2020 foi o ano da pandemia, mas a resposta da ciência e de setores da sociedade “inspira otimismo”. Exaltando a resiliência do brasileiro, disse que 2021 nos impõe o “desafio de reerguer o Brasil”. “Precisaremos e lograremos reconstruir o país como nação, sem perder de vista o humanismo e a solidariedade que esse novo momento [a pandemia] nos trouxe de forma muito viva.”
Em um dos pontos altos do discurso, Fux disse: “Não tenho dúvidas de que a ciência – que agora conta com a tão almejada vacina – vencerá o vírus. A prudência vencerá a perturbação e a racionalidade vencerá o obscurantismo.”
“Para tanto, não devemos ouvir as vozes isoladas, algumas inclusive do âmbito do Poder Judiciário”, disparou o ministro, em alusão à posse do desembargador Carlos Eduardo Contar como presidente Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que fez um discurso negacionista, defendendo indiretamente a cloroquina e chamando a pandemia de palhaçada midiática. Bolsonaro compartilhou o discurso nas suas redes sociais.
“Confesso que fiquei estarrecido com o pronunciamento de um presidente de um Tribunal de Justiça minimizando as dores desse flagelo. Pessoas que abusam da liberdade de expressão para propagar ódio desprezam as vitimas, e desprezam o problema grave que temos através do negaciosismo cientifico”, disse Fux.
Fux afirmou em seu discurso que o STF está unido e rejeitou a ideia de que os ministros se comportam como “11 ilhas”.
O presidente do STF ainda comentou que a pauta do primeiro semestre de 2021 privilegia “casos que podem contribuir para a segurança jurídica dos contratos, para a retomada econômica do País, para o reforço da harmonia dos poderes da República, para a higidez das instituições, proteção das minorias vilipendiadas e a salvaguarda da liberdade dos cidadãos e da imprensa”. Segundo Fux, o STF não hesitará em rever o calendário para atender as demandas da pandemia.
Bolsonaro, que vem usando falsamente decisão do STF que garante autonomia aos estados e municípios na pandemia para dizer que está de “mãos atadas”, participou do evento usando máscara desde sua chegada.

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