Um ano de ‘Delação do Fim do mundo’ com resultados pífios

Dentre os políticos indicados em 83 inquéritos abertos no Supremo apenas um foi denunciado na Corte e outros cinco tiveram pena arquivada por prescrição de pena 
 
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(Foto Agência Brasil)
 
Jornal GGN – Os inquéritos produzidos a partir da chamada “Delação do Fim do mundo” seguem a passos lentos dentro do Supremo Tribunal Federal. O acordo fechado entre ex-dirigentes da Odebrecht com a Operação Lava Jato completará nesta terça-feira  (30) exatamente um ano e com resultado sofredor: dos mais de 400 nomes de 26 partidos indicados na famosa lista a Procuradoria Geral da República (PGR) apresentou, até hoje, apenas a denúncia contra um nome: o do senador Romero Jucá (MDB-RR), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que está desde agosto aguardando decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). A corte precisa avaliar se existem indícios mínimos de pagamentos indevidos para o senador e, a partir daí, dar início a uma ação penal tornando-o réu.
 
Segundo informações da Folha de S.Paulo a demora no processo de Jucá se deve a dois motivos: o primeiro porque o Supremo precisou de quase um mês para decidir se o ministro Edson Fachin deveria continuar como relator do caso. No início de setembro o próprio Fachin pediu para que fosse escolhido um novo relator com a justificativa de que, embora tenha origem nas delações da Odebrecht, o processo não se restringe à Operação Lava-Jato, na qual Fachin é relator. O debate durou quase um mês até que o sorteio foi feito e Marco Aurélio Mello recebeu o caso. 
 
O segundo motivo para a demora no caso Jucá é porque o STF tem notificado os parlamentares para apresentar a defesa antes de avaliar a denúncia, mesmo que o acusado tenha que apresentar novamente a defesa mais adiante no processo. 
 
Como relator, Fachin também determinou em outubro o arquivamento de inquérito que investigava Romero Jucá, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-presidente José Sarney (MDB-AP) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado por supostamente terem atuado para obstruir a operação Lava Jato atendendo o pedido de arquivamento feito pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que por sua vez seguiu uma recomendação da Polícia Federal que havia solicitado o arquivamento da investigação contra esses políticos. 
 
A “Delação do fim do mundo” da Odebrecht gerou a abertura de 83 inquéritos no STF para investigar parlamentares de vários partidos e, segundo levantamento da Folha, 78 (ou 94%) deles estão inconclusos e quatro inquéritos abertos para investigar cinco parlamentares já foram arquivados por prescrição da pena.  
 
A homologação do acordo de delação no STF foi realizada em 30 de janeiro de 2017 pela presidente da Corte, Cármen Lúcia, apenas 11 dias após o então-relator da Operação Lava Jato no STF, Teori Zavascki, morrer em um acidente aéreo. E, em março a PGR, que controla as investigações, protocolou as petições que deram início aos inquéritos da “segunda lista de Janot” ou “lista de Fachin”. 
 
Dentre os inquéritos parados na Cortes estão do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A PGR também usou parte da delação da Odebrecht para formular uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça, mas os parlamentares daquela casa, por maioria, não autorizaram a abertura de investigação.
 
Da mesma forma, apesar de dezenas de senadores e deputados federais terem sido citados na lista da Odebrecht o Congresso Nacional não iniciou nenhuma investigação. 
 
Para justificar a demora, a PGR respondeu em nota à Folha que o tempo de cada investigação depende de uma série de variáveis:
 
“É importante frisar que uma colaboração premiada representa o início de uma apuração. A conclusão dessa etapa depende da realização de diligências, perícias e outras providências que têm o objeto de reunir provas que possam corroborar as informações fornecidas pelos colaboradores. É o que tem sido feito pela PGR nos inquéritos e demais procedimentos”. E sobre os inquéritos da Odebrecht que estão no Supremo respondeu que todos estão em curso e “boa parte depende de perícias, inclusive, nos sistemas de dados fornecidos pela própria construtora.” 
 
Segundo levantamento próprio, a PGR informou que demora em média para realizar uma manifestação em um inquérito 10,5 dias, desde 18 de setembro, quando Raquel Dodge assumiu a direção. Já o STF não respondeu as perguntas enviadas pelo jornal. 
 
 
 

7 Comentários

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  1. O sistema de proteção a tucanos e sócios menores

    atuando a “todo vapor” (figura de linguagem totalmente inapropriada).

    Prescrição se aproximando, ela sim a “todo vapor”.

    Provavelmente STF e PGR estão acelerando um projeto de “acelerador de prescrição”, o atraso sendo explicado pela necessidade de tradução do alemão arquaico.

  2. Todos estes processos para pegar um só: LULA!

    O resto todo foi cortina de fumaça. A meta preterndida era pegar o Lula e talvez mais alguns petistas. O restante com Aócio, Temer, Jucá, Alquimin, e muitos mais sairão ou por não haver provas ou por decurso de prazo!

  3. Se não for pra pegar petista a Justiça não funciona!

    Lembram do escândalo da SUDAM, em 2001?

    Em 2005 o Congresso em Foco mostrou que estavam todos ricos e todos soltos:

    http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/escandalo-da-sudam-todos-ricos-todos-soltos/

    Isso é definitivo e a Justiça nem se preocupa mais em tentar desmentir: se não for petista, não vai preso. Se não bastasse a Lava-Jato, lembrem do Mensalão Tucano, do Cartel do Metrô, dos escândalos do DNIT na gestão de FHC. Até hoje nem sinal de prender algum Tucano por causa disso tudo…

  4. Quando de dinheiro público
    Quando de dinheiro público foi gasto para montar essa farsa.

    Seria melhor lá atrás dizer que o objetivo era pegar o Lula. Economizaria tempo e dinheiro.

  5. Quando de dinheiro público
    Quando de dinheiro público foi gasto para montar essa farsa.

    Seria melhor lá atrás dizer que o objetivo era pegar o Lula. Economizaria tempo e dinheiro.

    1. quando….

      O segundo maior pateo de obras do Brasil é o estado de São Paulo. O Metrô de SP é sabido até pelas folhas das árvores, a maior lavanderia de dinheiro do Tucanistão. Nada foi mexido. As obras das Marginais que todos sabem que financiaram a candidatura Serra à Presidência, foi devidamente arquivado seu processo. O espetáculo da Lava Jato e Delação do Fim do Mundo produziram a tentativa de prisão de Lula nas Conduções Coercitivas até Curitiba. Depois novamente a tentativa de prisão de Lula e desestabilização do Governo Dilma nos ‘Powerpoints’. E novamente a ameaça de prisão de Lula no julgamento do TRF 4. Juntamente com tudo isto, a destruição de mais um projeto industrial brasileiro, com a implosão de Política Nacionalista. Os presos e combatidos foram justamente Empresas e Empregos Nacionais de Odebrecht, Queiroz Galvão, JBS, Petrobrás, Braskem, Gerdau, BR Distribuidora, … Politicos flagrantemente filmados e gravados, com absoluta e riquissima gama de provas, como Aécio, Serra, Temer, Loures, continuam comandando o país. A velocidade dos processos, como se justifa o PGR, é mais célere para alguns que para outros. A matéria explica o quanto este país se alterou. O Abre-Alas das Privatarias só aguarda o desfecho para colocar a escola na avenida.   

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