Uruguai registra primeiro caso de gripe aviária em mamífero no pior ano do surto

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

Um leão marinho foi diagnosticado com a doença. No Brasil, o Mapa registra 88 casos em aves silvestres

As autoridades uruguaias estavam cientes dos sintomas desde 31 de agosto, mas o animal ficou em observação até os resultados dos exames de swab, feitos no último dia 2 de setembro. Foto: Enrique Aguirre/Shutterstock

O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) do Uruguai confirmou nesta terça-feira (5) o primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1), a gripe aviária, em um mamífero selvagem do país, um leão marinho, e alertou contra o contato com esses animais. O caso se soma a outras centenas, mas revelam que a doença segue avançando.

No último dia 15 de maio, o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa) confirmou a identificação dos dois primeiros casos de gripe aviária em aves marinhas, encontradas no litoral do Espírito Santo, e, desde então, o número de casos chegou a 88 até este mês de setembro.

Este ano tem sido o maior surto de gripe aviária de todos os tempos e está afetando mamíferos, incluindo lontras e raposas. Dados obtidos pela BBC indicam que o vírus já causou a morte de cerca de 208 milhões de aves em todo o mundo, e há pelo menos 200 casos registrados em mamíferos.

No Chile, mais de 9 mil animais marinhos morreram em 2023 devido à gripe aviária – sobretudo na costa norte do Chile. O Serviço Nacional de Pesca (Sernapesca) aponta que a doença conseguiu ser transmitida para mamíferos, que representam a maioria dos animais mortos e está presente em 12 das 16 regiões do país.

Entre os animais mortos estão lobos-marinhos, pinguins-de-Humboldt e lontras-marinhas. A última espécie afetada é o huillín, um tipo de lontra – que também é um mamífero marinho -, que encalhou na região de Magalhães, no sul do Chile.

Caso no Uruguai

No Uruguai, a confirmação ocorreu após a realização das “correspondentes análises pela Direção Nacional de Recursos Aquáticos e pela Direção Geral de Serviços de Pecuária do MGAP de um leão marinho encontrado morto na Playa del Cerro”, disse o MGAP.

As autoridades uruguaias estavam cientes dos sintomas desde 31 de agosto, mas o animal ficou em observação até os resultados dos exames de swab, feitos no último dia 2 de setembro, por funcionários da Direção Nacional de Recursos Aquáticos e da Direção Geral de Serviços Pecuários do MGAP.

O diretor dos Recursos Aquáticos Jaime Coronel solicitou que “diante de um animal morto, seja evitada a aproximação e o contacto tanto das pessoas como dos seus animais de estimação. A circulação de veículos também deve ser evitada nas zonas envolventes ao animal”.

No dia 15 de fevereiro deste ano, o ministério confirmou a circulação do vírus da gripe aviária e iniciou a primeira fase de vacinação em maio, com a entrega das vacinas aos veterinários credenciados pela Divisão de Saúde Animal.

Gripe aviária 

A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa e que afeta aves silvestres e domésticas. Atualmente, o mundo vive uma pandemia da influenza, sendo a maioria por meio do contato de aves migratórias com aves de subsistência, produção ou silvestres de uma região.

O Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil mantém uma plataforma com atualização diária sobre novos focos de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP, vírus H5N1) em aves silvestres ou de subsistência.

Até esta quarta-feira (6) foram identificados 90 focos da doença. Cada foco é uma unidade epidemiológica na qual foi confirmado pelo menos um caso da doença. 

Desde a data da primeira confirmação, em 15 de maio de 2023, 88 aves silvestres foram diagnosticadas com a gripe aviária e apenas duas de subsistência, sendo que o primeiro caso neste tipo de animal foi confirmado no dia 27 de junho de 2023. 

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