Lava Jato: Spoofing expõe conluio de Gabriela Hardt com procuradores 

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Em 2018, juíza substituta da 13º Vara Federal de Curitiba deferiu pedidos em favor dos procuradores da extinta força-tarefa

Reprodução

Diálogos da Operação Spoofing, obtidos com exclusividade pelo GGN, mostram que a juíza Gabriela Hardt, então substituta da 13º Vara Federal de Curitiba, era adepta do modus operandi lavajatista promovido pelo ex-juiz Sergio Moro e os procuradores coordenados por Deltan Dallagnol. 

Conversas de novembro de 2018 indicam que houve tratativas ocultas entre Hardt e procuradores, que buscavam penalizar acusados da Lava Jato por meio de provas obtidas de maneira ilegal. 

Em um desses diálogos, no dia 1 de novembro daquele ano, um procurador identificado como “Paulo”, apontado como Paulo Roberto Galvão, questiona se deveria conversar pessoalmente com a magistrada que havia assumido a 13º Vara para cobrar decisões “pendentes”, já que “todo mundo” estava comentando que a Lava Jato “iria acabar” e era preciso “mostrar trabalho”. Dallagnol, então, sugere uma reunião com a juíza. 

No dia seguinte surge um outro diálogo dos procuradores em referência às novas fases da operação pendentes de decisão. O procurador identificado como “Athayde”, possivelmente Athayde Costa, afirma que uma reunião agendada para o dia 30 daquele mês já teria sido confirmada, havendo a concordância de Hardt para a deflagração de nova fase da força-tarefa. 

Athayde ainda conta ter consultado pessoalmente a magistrada e que obteve de antemão uma decisão favorável da juíza sobre um pedido de busca e apreensão, que ainda não teria sido formalizado. 

No mesmo diálogo, a procuradora Jerusa Viecelli afirma que duas fases da operação precisavam ser deflagradas ainda em 2018 e Dellagnol diz que irá se reunir com a juíza na semana seguinte. 

Um mês depois, em 19 de dezembro, Dallagnol confirma o então “sucesso” das tratativas e afirma que Hardt estaria cobrando o Ministério Público Federal (MPF) para que fossem ajuizadas as tais denúncias

Os diálogos foram expostos ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela defesa do empresário Márcio Pinto de Magalhães, ex-representante da empresa Trafigura no Brasil, que sofreu ordem de bloqueio de bens e valores de Hardt à época. 

Em março, as conversas já haviam sido avaliados pelo então juiz titular da 13º Vara, Eduardo Appio, que suspendeu a decisão da magistrada, que teria demonstrado “animosidade” com os acusados do processo e “associação” com os integrantes da extinta força-tarefa.

Já em meados de setembro, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) anulou todas as decisões de Appio à frente da 13ª Vara. A defesa de Magalhães chegou a protocolar uma representação contra a conduta de Hardt na corregedoria do Tribunal, mas o caso foi arquivado de forma liminar. 

Na última terça-feira (19), o ministro do STF, Dias Toffoli, declarou nula as decisões da Correição Parcial do TRF-4, que havia suspendido as ordens de Appio em favor de Magalhães. O ministro reconheceu que TRF-4 não respeitou o devido processo legal e suprimiu o direito de ampla e prévia defesa de todos os envolvidos no tal processo. 

No final de setembro, Toffoli já havia anulado a suspeição de Appio. Contudo, em outubro, diante dos embates no Tribunal, o juiz pediu sua remoção para a 18ª Vara Federal de Curitiba (PR).

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