A crise de desabastecimento: Filha querida do “just in time” e da globalização, por Rogério Maestri

O fenômeno da “grande renúncia” apareceu primeiro nos USA, mas está se propagando para todos os países em que a economia tenta voltar as condições pré-pandemia, a taxa de desemprego não estava tão alta, mas os salários estavam baixos.

Agência Brasil

A crise de desabastecimento: Filha querida do “just in time” e da globalização

por Rogério Maestri

Antes que algum governo pretenda entrar em guerra comercial com país deve pensar no efeitos das “cadeias longas de suprimento e mais as políticas econômicas adotadas nas últimas décadas. 

Mas para quem não conhece o assunto vou falar sobre o novo motivo que levará a redução da retomada do crescimento e da sua neta a estagflação. 

A Inglaterra, aquele país europeu que ainda sustenta uma família imperial que além de gastar o dinheiro do contribuinte não faz nada mais do que comparecer em inaugurações e festinhas ainda mais chatas, não decide nada e serve cada vez mais para representar o ócio das famílias reais ainda existentes, encontra-se numa crise de abastecimento que faz com que 30% dos seus postos de gasolina estão sem combustível e uma parte das prateleiras dos supermercados estão vazias. 

O primeiro ministro inglês, um liberal conservado da cepa de Margareth Thatcher, esperava que a milagrosa mão invisível do mercado resolvesse todo o problema do Brexit, porém enquanto ele brigava com o resto da Europa, o tempo foi passando e com o Covid-19 o famigerado Brexit chegou, chegou exatamente no dia em que fecharam um acordo capenga que simplesmente seus eleitores conservadores não esperavam, com a chamada crise de desabastecimento e mais uma queda significativa das expectativas da recuperação da Pequena Britânia (Grã-Bretanha era com o resto dos outros estados que os compõe e que começam a falar alto para sair do enrosco do Brexit). Pois bem, com o Brexit os caminhoneiros do resto da Europa, geralmente do Leste Europeu, que eram devidamente mal pagos e humilhados pelos ingleses, ao ponto de não terem nem lugar para no meio do caminho satisfazer suas necessidades fisiológicas, foram para casa na época dos bloqueios da pandemia e agora não estão dispostos a voltarem para receberem o mesmo salário e um visto de trabalho de três meses. Faltam segundo o próprio governo inglês 100.000 caminhoneiros na Pequena Britânia, não é nenhum número mágico, é um número subestimado da falta de mão de obra. Além disso está ocorrendo o fenômeno intitulado “a Grande Renúncia”, mas o que é isso? É o produto de décadas de achatamento salarial que está fazendo as pessoas deixarem de trabalhar, ou simplesmente procurarem antes de cair na primeira proposta de emprego, um ganho maior ou uma situação mais agradável. 

Com a pandemia, na primeira oportunidade que tiveram, os patrões deram um chute na bunda de seus empregados, depois de verem a facilidade com que eram demitidos e que eles faziam parte das pessoas que possuíam empregos de baixa qualidade e baixa qualificação e teriam que se voltando aos empregos teriam que gastar com creches e ficarem longe de seus filhos, talvez muitos preferiram ficar num “puxadinho” na casa dos pais, que passadas suas crises da adolescência não acharam tão ruim assim e procuram empregos senão melhores em termos de salários, mas pelo menos mais confortáveis. Essa “grande renúncia” talvez tenha sido resultado de uma reflexão de alguns meses sobre suas vidas e automaticamente os empregadores mais necessitados ofereceram melhores condições e salários. 

O fenômeno da “grande renúncia” apareceu primeiro nos USA, mas está se propagando para todos os países em que a economia tenta voltar as condições pré-pandemia, a taxa de desemprego não estava tão alta, mas os salários estavam baixos. 

Pois bem, com a grande renúncia, com o aumento da inflação (pequena, porém real), com o emprego do método “just in time”, que significa em última instância em empresas trabalharem com o mínimo de estoques de matéria prima e insumos em geral para a produção, contando nos seus estoques produtos que estavam ainda nos navios a caminho, simplesmente todos trabalharam durante a pandemia com o mínimo de produção, ou seja, gerando o mínimo de estoques (tanto na indústria como no comércio). No momento em que foi retomada parcialmente ou totalmente as limitações, em questão de no máximo dois meses, os compradores começaram a consumir normalmente (ou mesmo abaixo do consumo anterior) essa retomada num mercado que estava deprimido e por tanto com incertezas na retomada, fez com que de um momento para outro todos os transportadores fossem exigidos e como eles estavam na mesma situação começaram a romper os pontos críticos da linha de suprimento. 

Antes da globalização neoliberal exacerbada e as técnicas de gerência de “just in time” as cadeias de suprimento não procuravam por todo o mundo onde poderiam comprar mais barato, esse mais barato significa mão de obra mais mal paga e mais descartável, logo os fornecedores se viram em maus lençóis para suprir o mercado, criou-se uma crise a partir de uma crise sanitária que diretamente não influenciou a capacidade produtiva do proletariado ao longo do mundo, mas sim da disponibilidade instantânea da convocação do chamado exército de reserva. Os diretores e gerentes permaneceram em “home office” prontos para convocar seus escravos, porém muitos desses tinham fugido para os quilombos da atualidade a “grande renúncia”. 

Como as linhas de suprimento são longas e com diversas fases, a situação é semelhante a um transiente em uma linha com elasticidade, como de um trem antigo que possuía ligações flexíveis entre vagões, ou seja, a locomotiva começa a se movimentar, puxa o primeiro vagão esse reage ao movimento começado a esticar a primeira ligação e posteriormente age sobre o segundo, o terceiro e daí por diante, no momento que todos estarão em movimento restará nas ligações elásticas uma energia que tenderá a puxar do fim da composição até chegar na locomotiva. Quanto mais elástica for as ligações entre vagões mais ciclos de vai e volta surgirão até o momento que essa energia seja dissipada. Supondo que não haja mais problemas na restauração do movimento da locomotiva tratora, que na realidade é de se esperar que tenha, a colocação dessa massa toda em movimento sem oscilação dependerá da capacidade INELÁSTICA das ligações. Entretanto a minha hipótese está baseada em uma somente locomotiva a puxar uma só composição de vagões, porém como essas cadeias de suprimento dependem na sua imensas maioria de alguns fornecedores para dezenas de cadeias de suprimento, por exemplo, a cadeia de suprimentos de chips servem para computadores, automóveis, eletrodomésticos e outros itens de consumo, aqueles itens em que o custo dos chips não são importantes nos valores finais não terão problema de pagarem mais para obtê-los, logo será uma locomotiva num emaranhado de composições que terá mais força e puxará primeiro para si, causando um descompasso temporal no fornecimento de outros bens. 

Em resumo, a globalização, o “just in time”, os salários comprimidos ao máximo, a “grande renúncia” gerarão o desabastecimento que deverá ser setorial e defasado no tempo.  

No último parágrafo não coloquei mais outros itens que virão juntos, como a incapacidade dos países reagirem na mesma intensidade e problemas subsequentes das condições objetivas criadas que são inflação mais a recessão (estagflação) e outros fatores, ou seja, tem tudo para virar um inferno. 

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

4 Comentários

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  1. Texto absurdamente mal escrito, a ponto de em alguns trechos ser incompreensível. Fases muito longas, tempos verbais inadequados, pontuação incorreta, entre outros. Como pode?

  2. Mas, que barbaridade, tchê! Mmm deve ser um robô digital que pensa que pensa. Os comentários do professor Maestri são preciosos e honestos, sem firulas figurativas, muitos bem escritos e pontuados. Quem foi à escola regularmente, entende perfeitamente os textos produzidos por esse mestre pensador.
    Mmm não foi às aulas de português e, parece, não sabe interpretar textos escritos na língua lusitana.

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