A Física e a Política
por Izaías Almada
Conta o anedotário político brasileiro algumas histórias saborosas sobre os enfrentamentos entre membros de partidos adversários que brilhavam ou ainda brilham por suas respostas rápidas e irônicas para contestar o orador que ocupa a tribuna em qualquer das duas casas do Congresso Nacional.
Uma dessas histórias faz referência ao então deputado Carlos Lacerda nos anos em que, com sua loquacidade, pontificou na tribuna do congresso como adversário ferrenho de Getúlio Vargas. Há mesmo quem diga que Lacerda, indiretamente, foi um dos responsáveis pelo suicídio de Vargas, tamanha a virulência com que se opôs à política trabalhista e ao nacionalismo do presidente gaúcho. Corriam os dias da primeira metade dos anos 50.
Lacerda ocupava a tribuna da Câmara em mais um dos seus demolidores discursos sobre o mar de lama, segundo ele, que corria nos porões do Palácio do Catete (a mesma conversa de sempre quando a direita prepara algum golpe de estado), quando foi aparteado por um seu colega deputado:
– Nobre deputado Lacerda: escuto com a devida atenção as palavras de vossa excelência, mas devo dizer que tudo o que disse até agora me entra por um ouvido e sai pelo outro…
Ao que Lacerda, ferino, respondeu de imediato:
– Impossível Excelência, pois o som não se propaga no vácuo…
Ao me lembrar dessa verve de um dos mais conservadores deputados brasileiros, que foi ironicamente punido pelo Golpe de 1964, fiquei pensando na dificuldade que encontram muitas pessoas para argumentar e discutir com seus semelhantes que tem a cabeça vazia de ideias.
Como agora, por exemplo, onde a cada dia que passa fica mais difícil criticar Bolsonaro e seu governo, pois é uma gente que não tem nada na cabeça. Cérebros vazios de conteúdos, de ideias, de discernimento, movidos pelo ódio. Ódio à educação, ódio à cultura, ódio ao bom convívio internacional, ódio ao “marxismo cultural”, ódio aos trabalhadores, ódio à soberania do país.
Cabeça que odeia não pensa. Cabeça que não pensa está sempre à procura de um pretexto para impor a sua falta de ideias.
O prezado leitor perguntará: mas é possível a alguém impor a falta de ideias? Eu até estaria propenso a concordar com a resposta negativa, mas está aí a realidade política brasileira a demonstrar que é possível… E como!
O governo do presidente Jair Messias é a total falta de ideias, É O OCO CEREBRAL, vazio no qual a inteligência não age e, portanto, se transforma em campo fértil para o caos.
Podem ser feitas ao governo desse senhor e a ele pessoalmente, inclusive críticas construtivas, que nada acontecerá, pois como disse um dia o deputado Carlos Lacerda, o som não se propaga no vácuo.
E a política é como o cérebro: não se compadece com o vácuo. Para ter vida, ambos – a política e o cérebro – precisam ser alimentados com algum tipo de ideias, de massa sensível e inteligente, para que a sociedade como um todo, se beneficie minimamente de seus direitos e cumpra seus deveres.
O Brasil só teria a ganhar se o presidente e seus aloprados ministros saíssem de cena. E o mais rápido possível.
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