A identificação entre ministério de Temer e seu chefe, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Subornáveis e subornadores, avisa Janio de Freitas, além da possibilidade de carregar uma mala outra está aberta a temporada de posse de dinheiro com procedência ilegal. A boa nova veio do novo diretor da PF, Fernando Segovia, que apontam para um Temer alcançando o governo ideal. O artigo foi publicado na Folha e o articulista vai mais longe: negociações por novos ministros trazem um novo elo de identificação com o chefe, Eduardo Cunha.

Marun é o nome do elo que nunca se quebrou entre Temer e Cunha, aponta Janio. E a ameaça de contar tudo se foi, volta a repentina proteção ao velho companheiro. Maia é o segundo ponto a ser observado. Se antes cumpria com retidão o papel de presidente da Câmara, no respeito à Constituição, com a nomeação de Alexandre Baldy passa a agir como integrante do Governo e coloca a presidência da Câmara a serviço de Temer.

Leia o artigo a seguir.

da Folha

Mudanças aperfeiçoam identificação entre ministério de Temer e seu chefe

por Janio de Freitas

Subornáveis e subornadores sintam-se avisados: além de dinheiro sujo em “uma única mala” não provar crime, a Polícia Federal enfim enturmada com Michel Temer traz outra colaboração, pela voz autorizada do seu novo diretor, Fernando Segovia. De agora em diante e não necessariamente por incluir mala, ter a posse, como portador ou como depositário, de dinheiro com procedência e finalidade ilegais não sugere à PF haver corrupção. Apesar de parecerem restritas à PF, são decisões componentes de demonstrações de que Temer alcança o seu governo ideal.

As negociações para troca de ministros visam aperfeiçoar a identificação entre o ministério e seu chefe. Carlos Marun na articulação política, agindo dentro da Presidência, com cargos de todos calibres e verbas de todos milhões para negócios em seu balcão, pode ser uma escolha quase perfeita. Trata-se de um dos braços direitos de Eduardo Cunha mais colados ao então deputado. Defini-lo com alguma precisão é tarefa só possível para Sergio Moro, que pode dizer e fazer o que queira sem risco algum, no Brasil de hoje. O atual articulador político, Antonio Imbassahy, nem ao menos está pendurado na Lava Jato. Marun pode olhar Temer, Moreira, Padilha, Jucá e outros no mesmo nível.

A indicação de Marun confirma, também, a reviravolta nas relações entre Temer e Eduardo Cunha, aqui mesmo notada quando o prisioneiro passou, há pouco, da longa ameaça de expor fatos sobre Temer para a repentina proteção ao velho companheiro. Aí tem coisa, se observado que, na altura da escolha de Segovia, Eduardo Cunha rejeitava, até com rispidez, a hipótese de delação premiada: “Nem pensar!”.

Outra reaproximação contribuiu para mais aperfeiçoamentos do governo. Rodrigo Maia, que cumpria com retidão o papel de presidente da Câmara, em respeito à Constituição e ao regimento, e em relação objetiva com o Planalto e com os partidos, passa a agir como integrante do governo. Pior, como componente do círculo de Temer, pondo-lhe a presidência da Câmara a seu serviço.

Já com as novas características, Maia é um dos indicadores do deputado Alexandre Baldy para o Ministério das Cidades. Uma figura, como os repórteres Ranier Bragon e Letícia Casado têm exposto na Folha, com vínculos muito apropriados para incorporar-se ao grupo de Temer.

Se essas mudanças trazem melhoria ao dispositivo de vale-tudo político, a substituição na Polícia Federal cuida dos problemas ainda complicados de Temer na área policial-judicial. Não só do seu caso, ainda pendente de um inquérito e sujeito a delatores problemáticos, mas do seu círculo palaciano.

Bom pagador, Fernando Segovia quitou-se literalmente à vista com Temer. O que disse foi suficiente para um esboço pessoal. Há mais, porém, na presença de Temer para prestigiar Segovia em sua posse. Temer só teria tal atitude se dotado de certezas sobre as disposições, manifestadas ou aceitas, do delegado em assuntos do seu interesse como pessoa e como político. Esse interesse tem mais faces do que as já conhecidas, mas, ainda assim, seu maior alvo é esse mesmo que logo nos ocorre.

Ministros do Supremo Tribunal Federal, procuradores imparciais da República, delegados da PF isentos —eles que se preparem. Porque o restante do país está dormindo.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Na minha humilde opinião

    Na minha humilde opinião penso que cada vez que o vampirão nomeia um pau mandado, coloca mais combustível na fornalha que queima o seu filme já carbonizado.

  2. Com a palavra, Luís Nassif!

    Seria muito bom conhecer a opinião do Nassif a respeito da interpretação que o Janio faz da indicação e das palavras do tal Segovia..

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