“Eu vejo Moro e Bolsonaro como uma coisa só”, por Frederico Firmo

Como gêmeos univitelinos os dois mostram as mesmas incompetências, a mesma ignorância e o mesmo autoritarismo.

“Eu vejo Moro e Bolsonaro como uma coisa só”

por Frederico Firmo

A conge tem razão Bolsonaro e Moro são gêmeos univitelinos nascidos do mesmo ovo  da mesma serpente que ameaça o país. A candidatura dos dois nasceu do mesmo desespero de uma elite que vive fazendo um discurso de mérito  mas  de forma irresponsável promove  figuras claramente incapazes de gerir o país. A direita continua sem um nome político que tenha densidade eleitoral apresenta candidatos sem o mínimo de competência, por exemplo, chegaram a cogitar Hulk.

 Bolsonaro e Moro foram  gerados no mesmo útero  que deu origem ao golpe contra Dilma. Com o governo Bolsonaro se desmanchando, Moro  volta a ser  o filho pródigo e  reaparece sem nenhum carisma. Os Farialimers estão excitados e esperançosos mas  Bolsonaro  ainda  tem a caneta, garras,  armas e cacife eleitoral. Nem toda campanha política da Lava Jato tornou Moro expressivo politicamente.

Como  gêmeos univitelinos os dois mostram as mesmas incompetências, a mesma ignorância e o mesmo autoritarismo.

As peças do tabuleiro se movimentam e agora de forma mais definitiva. Enquanto a terceria via patina,  em apenas um mês Moro sai dos Estados Unidos para um surpreendente e duvidoso percentual de dois dígitos de preferência na corrida presidencial. Nas semanas seguintes as pesquisas apontaram 5%.

Este  movimento obviamente não nasceu no país.  Moro, obediente, abandonou um polpudo salário e voltou para terminar sua missão. A grande imprensa voltou rapidamente à sua velha trilha, promovendo o rábula, afinal  Moro  sequer fez o exame da ordem. Apesar disto passou vários meses ganhando salários exorbitantes  numa firma de advocacia num país onde sequer tem licença, mas que trata do espólio da Oderbrecht. As más e boas línguas chamam este período de pagamento pelos serviços prestados.

A imprensa corre para esconder a frase da conge: “Eu vejo Bolsonaro e Moro como uma coisa só.”, e se esforça para enfatizar a exoneração de Moro e não sua inação no ministério. As luzes se voltaram para a entrada triunfal num partido sem  nenhuma história. A voz esganiçada continua emitindo platitudes, que são recebidas pela grande imprensa como frases de “um grande estadista”.  Para torná-lo palatável, correm para enfatizar a quase ausência do discurso anticorrupção tentando esconder o autismo político do candidato de uma nota só.

  Um desconhecido  Marcelo Knopfelmacher ganha seu minuto de glória  na grande imprensa, com direito a foto, para  afirmar  que à frente do Ministério da Justiça, “o balanço de sua gestão é extremamente positivo, a despeito da grande dificuldade que lhe foi imposta”.

O próximo passo publicitário é o lançamento de  Pastore, que  faz parte da pleiâde de economistas  sempre de plantão para servir governos no passado e o mercado no presente. Ele já se prontificou a ser o posto Ipiranga afirmando que não é posto Ipiranga. Em seu discurso nenhuma palavra sobre  economia, apenas um ataque ao grande adversário. A imprensa elogia Pastore como se este tivesse apresentado alguma proposta.

Esta cena  tem um gosto de dejá vu,  Moro, como o fez Bolsonaro, tenta  buscar apoio e legitimidade, lançando um economista conhecido de curriculum público  duvidoso mas de curriculum privado bem visto pelo mercado. A mesma elite, que apoiou o golpe e depois apoiou Bolsonaro, agora repete o mesmo roteiro. Moro como Bolsonaro é desprovido de qualquer conhecimento da realidade social do país, da economia da educação da saúde etc… Como Bolsonaro busca um economista de fachada para afirmar, que apesar de sua total ignorância deixará a economia a cargo de algum serviçal do  mercado.  Pastore pode não ser o posto Ipiranga de Moro, mas com certeza é o Guedes de Moro. O roteiro se repete e as palavras de Pastore são um prenúncio do mesmo.  Saído do quase esquecimento e  de seus negócios  de consultoria, Pastore começa a tocar a música que inebria os corações neo liberais. Começa afirmando que o auxílio emergencial foi pago a mais gente do que deveria e que a economia depende da luta contra a corrupção, privatizações e reformas. Logo discursará sobre o estado mínimo.  Apenas especulativamente eu convidaria jornalistas investigativos a  conhecer um pouco mais da vida de Pastore. Se não o fizerem como não fizeram com Guedes, correm o risco de  mais tarde   encontrarem alguma off-shore escondida . A imprensa se repete e a simples presença de Pastore  permite que um certo jornal apresente  Moro como o preferido do Mercado, o que é verdade. Sardenberg volta a sorrir.  

Os penas de aluguel como Gaspari, Rosenfield mostram a relevância e profundidade  de suas reflexões e tentam emplacar a idéia que o grande crime de Lula é apoiar as ditaduras Venezuelana, Cubana e agora Ortega. E assim lutando contra o abuso de autoridade alhures, aqui fazem campanha para Moro. Este é mais um dejá vu que indica que daqui para frente a imprensa viverá de criar os mesmo antigos factóides para uso durante a campanha presidencial. A direita parece continuar sendo pouco criativa.

O cenário é ainda difuso, a terceira via não sabe  que direção tomar, mas sabe que só terá alguma chance se conseguir retirar Bolsonaro do cenário eleitoral. Apesar de Tebet, Pacheco,Ciro e Dória, os movimentos parecem mostrar que o desejo das forças poderosas por trás do golpe é que Moro seja o ungido da terceira via. As elites financeiras e empresariais  estão desde sempre procurando um sucessor  e como sempre apostam no cavalo errado, mas topam qualquer um  que tenha  cacife nas urnas para dar  continuidade  às mesmas políticas. Por má fé, estupidez e alienação, estão apostando nos restos do Juiz.   Moro  é o escolhido, mas ele precisa se descolar dos competidores ganhando alguma relevância nas pesquisas  que estimule  adeptos de direita. Vão apostar todas as pedras nisto.

Os movimentos das filiações mostram que o Podemos vai congregar parte do Partido dos Militares e ex-membros da Lava Jato. Mourão se movimenta  tentando isolar Bolsonaro mais ainda. A boca pequena já se fala em desistência da reeleição desde  que hajam salvaguardas para toda a família. Neste movimento de vai e vem,  militares fazem mais uma ameaça ao se recusar a fazer parte da Comissão do TSE para avaliar a segurança das urnas eletrônicas.  Esta recusa parece na verdade pré justificar um questionamento do resultado eleitoral, isto é,  ainda não desistiram  de um novo golpe.  Bolsonaro só se retira a força, mas ele e seus filhos tem tantos esqueletos no armário que podem ser  forçados a isto. Se a clã ( ou será Klan?)  ficar claramente isolada, optarão por uma rota de fuga.

O Supremo novamente respaldado por interesses internos e também por interesses estrangeiros  pode  usar toda a munição que tem escondida contra Bolsonaro para  convencer Bolsonaro a fugir.

Em resumo Moro é ignorante das questões do país, ignorante em economia, ignorante em saúde, em ciência e tecnologia, é ignorante em política, um reconhecido autoritário que desrespeita leis e instituições, subserviente a interesses estrangeiros. Tudo isto o qualifica como candidato da terceira via e tudo isto reflete a frase de Angela Moro: “Moro e Bolsonaro é uma coisa só.”

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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  1. Excelente texto. As limitações intelectuais e éticas de Moro são constrangedoras. Além da total inaptidão de comando deste ex-juiz autoritário e ignorante. É desolador ver os “donos do PIB” querendo afundar o País novamente.

  2. É verdade. Quando um (pré-)candidato é ungido pela grande mídia, se for verificar, trata-se de (mais um) fantoche.

    Curiosamente, quando o Fantoche de Maringá estava com a toga, ninguém se colocava em seu caminho.

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