Jornalistas da GloboNews recorrem ao identitarismo para atacar Lula, por Francisco Fernandes Ladeira

Na GloboNews, Andréia Sadi, encenando uma indignação digna de Oscar, afirmou ter ficado estarrecida com a declaração de Lula

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Jornalistas da GloboNews recorrem ao identitarismo para atacar Lula

por Francisco Fernandes Ladeira

No último 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Jair Bolsonaro soltou mais uma de suas pérolas. Para ele, as mulheres petistas são feias e “incomíveis”. Como era de se esperar, houve grande repulsa à declaração do ex-presidente nas redes sociais, principalmente levando em conta o simbolismo da data.

Por outro lado, na grande mídia, não houve reação similar. A infeliz declaração de Bolsonaro, figura sempre presente nos noticiários, praticamente passou desapercebida. Nem no Grupo Globo, conhecido por sua demagogia identitária, supostamente em defesa das minorias, encontramos maiores críticas ao inelegível.

Nesse sentido, como bem pontuou o professor Wilson Ferreira, no blog Cinegnose, uma mulher deixa a sua identidade feminina se for petista. Vira “não-mulher”. Foi assim, por exemplo, com Dilma Rousseff, que sofreu inúmeros ataques misóginos quando era presidenta, porém não recebeu qualquer tipo de sororidade por parte das articulistas da imprensa hegemônica. Parafraseando George Orwell, na mídia corporativa, as mulheres são todas iguais, mas umas são menos iguais do que outras.

Já na quarta-feira (12/2), respondendo à provocação de Bolsonaro, o presidente Lula, após nomear Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, afirmou que escolheu uma “mulher bonita” para diminuir a distância entre Executivo e Congresso. Foi o suficiente para que a grande mídia fizesse tempestade em um copo d’água.

Na GloboNews, Andréia Sadi, encenando uma indignação digna de Oscar, afirmou ter ficado estarrecida com a declaração de Lula, que, segundo ela, “desqualifica a mulher que é Gleisi Hoffman”. E reiterou: “Desculpe o meu tom. É impossível não ficar indignada. A gente está em 2025, pelo amor de Deus. Não me venha com essa conversa ‘ah, é de outra geração’. Não! Não tem espaço para isso”. Em sequência, para completar o script de indignação seletiva do órgão de imprensa da família Marinho, Flávia Oliveira afirmou ser “lamentável” a fala do presidente.

Não bastasse o ataque rasteiro da GloboNews, Lula também foi alvo do chamado fogo amigo. No canal “Galãs Feios”, Helder Maldonado e o ex-Jovem Pan, Cesar Calejon, fazendo coro com as jornalistas das GloboNews, classificaram a fala do presidente, sobre nomear uma mulher bonita para articulação, como “cagada”, “erro crasso” e “ruído desnecessário”. Além disso, Maldonado sugeriu a criação de um “Departamento ‘do que vai dar merda!’” para evitar “falas polêmicas” do presidente. 

Em suma, a (desproporcional) repercussão à declaração de Lula traz dois pontos para refletirmos. O primeiro, é o fato de que muitos na esquerda – sem agenda própria e adeptos de um politicamente correto paranoico – tem ficado cada vez mais a reboque dos discursos da grande mídia, repetindo-os a partir de um verniz supostamente progressista. Por outro lado, na grande mídia, para atacar o presidente Lula vale tudo. Inclusive lembrar que a “radical” Gleisi Hoffmann, mesmo sendo petista e um dos nomes mais combativos da esquerda, também é mulher.

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Francisco Fernandes Ladeira é professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

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6 Comentários

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  1. Quando a globo encampou o golpe do impeachment de Dilma, lembro de uma encenação onde uma senhora reporter, num cenário sombrio – a moça estava a frente de um fundo escuro- transformava o convite de Dilma para que Lula assumisse a casa civil num tremendo ato inconstitucional.
    Na sequência desta palhaçada, Gilmar Mendes encaminhou o processo de Lula para Curitiba, onde se chocava o ovo da serpente.
    O resto é esta história nefasta que descambou no esgoto do bolsonarismo.

  2. Uma besteira muito grande desses e dessas ” jornalistas” Encobrem um ciúme e inveja da Ministra Gleise, nomeada por suas qualidades políticas, ser da confiança do Presidente e mais uma representante das mulheres no Ministério alé de, coincidentemente, ser uma mulher bonita. Está faltando assunto às digníssimas apresentadoras da TV, aliás também mulheres bonitas. Ou o patrão mandou então vamos obedecer e falar besteira.

  3. A indignação de Sadi é altamente suspeita, pois mesmo que seja sincera, se encaixa num movimento orquestrado para, desde o ano passado, continuar uma campanha de desconstrução do governo lula. Depois da lambança com a Lava Jato, caras novas substituiram as velhas caras de Cristiana lobo, Lo pretti . Mantiveram outras e criaram mais algumas e criaram até uma ambiente onde havia um certo debate. Mas logo trocaram fatos e realidade pela narrativa. Logo trouxeram de volta Merval, Cammarotti junto com Magnoli e Joel Fonseca. O Estudio I foi ficando cada vez mais o repetidor simpático da campanha. A destruição em Gaza não comoveu os nossos bravos apresentadores, que continuam propagando a idéia de que tudo ficou justificável depois do ataque do Hamas. Os apresentadores não demoram muito tempo sobre os avanços na economia, mas focam nas falas dizeres e cascas de banana dos defensores do orçamento secreto. E aplaudem a cada vez que o legislativo cria problemas para o país. Acham normal a ação de Bananinha America’s First mas estão chocados porque com um raciocínio machista interpretam a fala de Lula como um ataque às mulheres. No momento, por motivos de segurança eu vou chamar SADI de feia.

  4. Que raça de mídia e políticos estamos tendo.

    APRENDENDO O QUE É BONITEZA

    Confesso que, minha primeira reação, foi a de rejeitar a expressão do presidente Lula sobre a ministra Gleisi Hoffmann. Soube pela manchete do portal g1, em destaque: “Lula diz que escolheu ‘mulher bonita’ para ter boa relação com o Congresso”.

    Porra, que vacilo!, pensei.

    Mas fiquei escasquetada e fui me inteirar. Claro, a frase tinha sido sutilmente distorcida, surrupiada do seu sentido. O que Lula disse foi “Por isso eu coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância entre vocês.”

    Lula poderia ter dito “escolhi essa mulher maravilhosa”, “essa mulher incrível”, “estupenda”…costumamos usar esses adjetivos.

    A reação canalha da extrema direita e da autointitulada “grande imprensa” me indignou, ao tentar associar boniteza a sexo, emporcalhar a frase e a biografia de Gleisi.

    E MINHA CABEÇA MARTELANDO

    Lembrei de um poema de papai que repete a palavra, em estrofes:
    “Criança é bonito? É!
    Mulher é bonito? É!
    A lua é bonito? É!
    A rosa é bonito? É!”

    Lembrei de Gonzaguinha : “Mas isso não impede que eu repita: É BONITA! É BONITA! E É BONITA!”

    Caraminholando, fui ao Google e escrevi a palavra boniteza. E dei de cara com Paulo Freire.

    Transcrevo o que encontrei, sem reparos:

    “(Para Paulo Freire) Boniteza é conceito que tem a ver com a crença em um mundo mais justo. É posicionamento político. Tem a ver com direitos civis e humanos. Fala do trabalho justamente remunerado, da comida na mesa, da escola popular e democrática de qualidade.

    Boniteza, no olhar do Educador, é o sinônimo de uma postura elevada da vida, que é trabalhar para um mundo melhor. É o antagônico de feiura; é comportar-se diante do mundo na perspectiva de que não prepondere o mal. Boniteza é a ética, a moral, a coerência, é o convívio saudável e respeitoso com o outro. Boniteza é assim, a bondade, a coerência, a tolerância. É o saber dividir com os outros aquilo que se faz, com expressões simples como: “nós fizemos juntos”, “nós criamos juntos”. Esses comportamentos éticos nos deixam plenos de vida e fazem transbordar o afeto e tornam o outro um ser mais!

    Para Freire, na boniteza da vida é preciso ter também um pouco de ousadia e rebeldia, e o diálogo é essencial e libertador. O diálogo leva ao conhecimento, é a essência daquilo que buscamos. É uma possibilidade de esperançar, de resistir, de reinventar-se. O diálogo é a grande boniteza da vida!”

    Perfeito! Uma bonita descrição da companheira Gleisi Hofmann

    Fontes: Biblioteca Pública de Minas Gerais
    Editora UNB

  5. favela
    As favelas criam uma dificuldade.
    Você sabe que na Avenida Imperatriz Leopoldina na Barra Olímpica no Município do Rio de Janeiro existe ao lado o Canal Arroio Pavuna?
    Você sabe que existe o Rio Pavuna localizado na cidade do Rio de Janeiro?
    As pessoas irão se direcionar ao Ministério Público devido a esta condição.
    Você sabe o que significa bater o pé?
    Bater o pé significa formar o ponto.
    Código Penal
    DECRETO-LEI N. 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.
    Corrupção ou poluição de água potável
    Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à saúde:
    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
    É obrigatório fechar o registro.
    As pessoas são servos dos favelados.

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