Governo Bolsonaro: Virando o Fio, por Arnobio Rocha

O país se fragmenta, nenhuma reação da economia, a política rebaixada e sociedade civil desarticulada, tudo isso leva o Brasil ao abismo, uma ruptura mais profunda, se põe no horizonte, pois não há vácuo, nem solução negociada

Governo Bolsonaro: Virando o Fio

por Arnobio Rocha

A soma de todos os males que destroem qualquer governo, está acontecendo e de forma cada vez mais rápida no Brasil senão vejamos:

  1. Crise econômica crônica, sem plano de combate, sem iniciativa e sem perspectiva de melhora;
  2. Crise de desemprego massivo, derivada da economia em frangalhos, a miséria urbana e violência, se alastram;
  3. Crise política por falta de comando, sem articulação e com uma agenda extremamente rebaixada no dia a dia e com uma única proposta, a reforma da previdência, cheia de contradições que não une nem os defensores do estado mínimo.
  4. Crise jurídica e das instituições, com o intenso ativismo de um lado e um claro medo do STF de defender a Constituição Federal;
  5. Crise ética e cidadania, o debate de costumes, de desprezo pelo conhecimento e ciência. Intolerância religiosa e de comportamento.

Essa combinação explosiva pode levar ao acirramento do confronto aberto nas ruas e no campo.

A enorme frustração da horda de apoiadores desse governo medonho, torna mais violento e impedindo o diálogo.

A desarticulação e apatia, típica do refluxo dos movimentos sociais, primeiro, com a completa institucionalização, segundo, com a perda do governo, a base perdeu a confiança nos dirigentes envelhecidos e distantes da vida real.

Os partidos tradicionais, especialmente, PT e PSDB, perderam apoio, em alguns estados a diminuição de suas votações, cedendo espaço para uma base dispersa nomeadamente religiosa, conservadora que avançou em todo o país, mesmo no nordeste, onde o cento e esquerda ainda são maioria. No sul e sudeste, o PSDB, que venceu em São Paulo com um candidato de extrema-direita.

O país se fragmenta, nenhuma reação  da economia, a política rebaixada e sociedade civil desarticulada, tudo isso leva o Brasil ao abismo, uma ruptura mais profunda, se põe no horizonte, pois não há vácuo, nem solução negociada, com um governo sem cérebro, inteligência e compreensão do que é uma sociedade humana e civilizada.

A que horas vamos acordar?

Redação

6 Comentários

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  1. O avião do presidente transporta droga mas a culpa é do PT. Há 13 milhões de desempregados: a culpa é do PT. O Bolsonaro não faz nada prá melhorar a situação do Brasil, muito pelo contrário, tudo o que faz só torna pior a nossa situação mas a culpa é do PT.

    É sempre mais fácil achar que a culpa é dos outros.
    Errar é humano. Botar a culpa nos outros, então…, nem se fale

  2. emerson 57 27/06/2019 at 10:50

    Na minha empírica observação uma certeza: Os gráficos da economia apontarão todos para baixo até o dia em que o povo resolver tirar o governo atual.
    E, após isso, levarão ao menos mais cinco anos para qualquer esboço de recuperação.
    Já ganhamos na megasena acumulada (Aloysio Biondi) e não soubemos aproveitar, sabotados pelos golpistas em geral, nativos ou estrangeiros.
    …-Ó, vós que entrais, abandonai toda a esperança.

  3. Não era uma questão de só tirar a Dilma e prender o Lula que tudo se resolvia?
    Não era só fazer arminha que tudo melhoraria?
    Não era só governar através de frases feitas e lugares comuns que o país cresceria.
    Bem, agora se vê que a coisa não é bem assim. Não se pode governar um país, qualquer país, tendo como pressuposto a burrice e a estupidez.

  4. Discordo bastante do texto.

    O governo atual não é um governo “normal”, porque é fruto a priori: a) de um golpe de estado; b) de uma monstruosa fraude eleitoral. Em si, é um governo claramente de orientação fascista que tenta a todo custo (e me surpreende que muitos não vejam isso) implantar um regime ditatorial sanguinário no país.

    Posto isso, dá para se contextualizar as crises que você elenca: são crises que se dão no bojo de um golpe de estado, um golpe de classe que une o capital financeiro, as forças armadas, o poder judiciário e as polícias em uma ditadura contra o povo. É nesse país que a gente vive.

    Quanto à crise do conhecimento, da ética, das leis, dos costumes, da ciência, que eu chamaria de crise da epistemologia, aí já seria um problema cujo epicentro é externo ao imbróglio político do golpe: seria o impacto de tecnologias como o smartphone, o youtube, o facebook, o instagram e o whatsapp sobre a psicologia mais profunda das pessoas, mexendo ao mesmo tempo com a mediação das relações sociais, com a autoimagem que as pessoas têm de si e criando uma cacofonia epistemológica, isto é, destruindo a hierarquia e os critérios para a conjunção das informações e validação do conhecimento.

    Voltando à política nacional, discordo completamente que o PT e PSDB sofreram igualmente no processo. O PT, debaixo daquilo que talvez tenha sido o maior ataque a um partido político e a maior fraude eleitoral da história do Brasil, conseguiu levar um candidato (fraco) para o segundo turno e conseguiu mais de 40 milhões de votos, e manteve a maior bancada do congresso. O PSDB, nas graças da burguesia, sem ser “melindrado” por perseguições, não emplacou mais de 4% dos votos para presidente, perdeu 50% das cadeiras no parlamento e, muitos se esquecem, por um triz não perdem o governo de São Paulo (50,5% x 49,5%) para o PSB. Ou seja, o PT caiu de pé, manteve a posição, enquanto o PSDB enfrenta um duro risco existencial.

    Quanto à falta de reação, não acredito que seja a velhice ou falta de juventude de alguém. Acredito que o problema crucial é de formação e orientação política. O fato é que a maior parte da esquerda nacional não está imbuída do espírito e das ideias expressas por Marx, Lenin, Trotski, Rosa Luxemburgo, Gramsci (pessoas que realmente mudaram o curso da história). Simplesmente aceita o jogo liberal da social-democracia, isto é, dominação de classe com aspirinas.

    Rosa Luxemburgo já escrevia nos idos de 1900 que a sociedade de classes impõe uma contradição de interesses irreconciliável, portanto implicando ou na ditadura da burguesia sobre o proletariado ou na ditadura do proletariado sobre a burguesia. Notar que a democracia para a burguesia é uma ditadura para os trabalhadores (claro caso do Brasil) e que, portanto, a democracia para os trabalhadores teria que ser uma ditadura para a burguesia. Não há “conciliação de classes”. Numa sociedade de classes, uma classe social governa ditatorialmente sobre as demais.

    Como a esquerda brasileira em sua maioria é absolutamente incapaz de raciocinar nesses termos (isso para não falar das tais “pautas identitárias”, que, olhadas a microscópio, revelam DNA imperialista), fica refém de um regime político burguês que, a propósito, está em acelerada decomposição. Só uma esquerda que compreendesse os limites históricos e classistas da posição social-democrata poderia ter a postura adequada para a situação: agir com independência do regime político, por fora das instituições, para destruí-las, tomá-las, reconstruí-las. Porque, do jeito que são, são o que são: um antro de golpismo, canalhice e reacionarismo. Fé nenhuma move essa montanha. Só luta revolucionária.

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