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Um golpe no domingo?
por Francisco Celso Calmon
Um golpe anunciado com antecedência, só seria realizado se houvesse omissão, complacência ou cumplicidade das instituições encarregadas da defesa do Estado democrático de direito.
Tomar, ocupar, depredar, as sedes dos poderes, não empodera golpistas e nem desempodera as legítimas autoridades constituídas, tão-somente desgasta-as e mostra a fragilidade da segurança pública e patrimonial do Estado.
Vandalismo, anarquismo e terrorismo escatológico do domingo, serviram pra tudo, menos para um golpe de tomada do poder; um ensaio, talvez.
Após arrombadas as sedes, depredados os móveis, objetos de arte, as autoridades saíram de seus descansos e correram atrás do prejuízo democrático e da imagem do país.
Uma única medida teria evitado a macabra ocupação, qual seja: impedir os ônibus de se aproximarem.
O Exército é cúmplice remoto dessa tragédia, pois convive há longos dias com os ocupantes do seu entorno, como se fosse local para piquenique.
O Ministro da Justiça quando há uma semana informou que os acampamentos seriam desativados, o Ministro da Defesa entrou em campo para solicitar tempo e sem o uso da força, que haveria o desarme dos acampamentos aos poucos, por desistência dos bolsonaristas.
Faltou pulso ao Dino para colocar o Múcio no seu lugar. Ou a orientação imperativa do presidente Lula.
Segurança pública não cabe às forças armadas, especialmente quando convivem numa boa com os seus vizinhos de portão, os bolsonaristas acampados.
Um plano anunciado e todos pagando pra ver?
Nem todos, haviam os aliados desses anarcoterroristas.
Um desses era e foi o governador e seu secretário de segurança do DF. O outro foi a dubiedade do Ministro da Defesa e seus protegidos militares.
Para não me alongar indago: quando as autoridades no poder vão aprender a proagir, criar diques de resistência, desestimular e impedir qualquer ensaio golpista?
Jango acreditou no seu gabinete militar, Dilma ficou olhando as manobras preparatórias para o golpe de seu vice, Temer, e demorou muito a trocar o seu Ministro da Justiça por um quadro corajoso e competente como Eugênio Aragão.
Há muito ainda a analisar. Quero encerrar com uma grave observação e correção quanto aos que comparam, até de boa-fé, o que nós fizemos contra a ditadura com o que os bolsonaristas vêm fazendo.
Nós lutamos contra uma ditadura, contra um governo ilegítimo, eles se insurgem contra um Estado democrático de direito.
Nós lutamos por uma democracia, eles desejam uma ditadura autocrática e cleptocrata.
Os sucessivos atentados à democracia não se encerram com as detenções e prisões dos terroristas, e, sim, quando chegar aos seus mandantes e financiadores, criminalizar a linha de comando; e, por via de efeito, reformar as instituições no que couber, para que não fiquem sementes desse fascismo caboclo e nem o lixo tóxico na reconstrução da democracia.
Apoiadores do escatológico vandalismo de domingo, como os senadores Sergio Mouro e Magno Malta, devem sumariamente responder por suas declarações e perder os respectivos mandatos o quanto antes.
O 8 de janeiro será lembrado como o dia da escatológica invasão dos bolsonarista terroristas.
O dia 9 de janeiro deve entrar para a história como o dia que, sob o comando de Lula, todas as forças democráticas se uniram para o compromisso: fascismo não passará!
Oxalá!
Brasil, 09 de janeiro do ano da reconstrução democrática, 2023.
Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça
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Não acho que tenha sido uma falha de segurança ou que o governo foi pego de “calças curtas”… aposto na idéia da intencionalidade do governo em deixar rolar a festa, baseado em tudo que vi e li sobre o evento e na lógica da coisa!
Algo como “Vamos deixar que queimem o filme de vez pra respaldar a intensidade do chute que daremos na porta!”
Acho que no andar da coisa, perdeu-se o controle da manobra e passou dos limites o vandalismos esperado…
Concordo, tragédia anunciada. Se não tiver uma punição exemplar e sérias medidas para evitar novos atos golpistas e de vandalismo eles não vão parar por aí, querem promover o caos.