Peritos britânicos sugerem que projétil que atingiu hospital em Gaza partiu de Israel

Presidente dos Estados Unidos repetiu mais uma vez que explosão foi causada por palestinos

Linha vermelha. Israel sustenta que o foguete partiu do Sul de Gaza, mas a analise do áudio da aproximação do projétil aponta para outras direções. | Foto: Reprodução do Twitter

da Revista Fórum

Peritos britânicos sugerem que projétil partiu de território de Israel; veja as provas

por Luiz Carlos Azenha

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a atribuir o ataque ao hospital do Povo Árabe, em Gaza, que matou ao menos 471 pessoas, a um foguete da Jihad Islâmica.

Foi no discurso desde o Salão Oval em que ele pediu U$ 100 bi em ajuda militar à Ucrânia e Israel.

Biden já havia adotado a tese de Israel ao visitar Tel Aviv.

Questionado por repórteres, disse que tinha tido acesso a uma avaliação do Pentágono sobre o episódio.

Agora, peritos ligados à Universidade de Londres, que trabalham numa ONG que investiga violações de direitos humanos, estão questionando a versão apresentada oficialmente pelo governo de Israel.

A Arquitetura Forense trabalhou com parceiros especialistas em armamentos e análise de áudio.

PERÍCIA

Estudando fotos e imagens do local da explosão, um pátio ao lado do hospital onde refugiados se abrigavam, os peritos concluiram que a trajetória do míssil, foguete ou bomba sugerido por Israel é completamente inconsistente.

“A análise 3D mostra padrões de fragmentação radial no lado Sudoeste da cratera de impacto, bem como um canal raso que conduz à cratera vindo do Nordeste. Tais padrões indicam uma provável trajetória de projétil com origem no Nordeste”, escreveram os peritos.

Ao revisar nossa análise, o investigador e especialista em armas explosivas Cobb Smith concorda que os padrões de fragmentação podem indicar que o projétil veio do Nordeste – a direção do perímetro de Gaza controlado por Israel – e não do Oeste, como afirmam as Forças de Defesa de Israel. A análise do tamanho da cratera sugere uma munição maior que um míssil Spike ou Hellfire, comumente usados por drones das Forças de Defesa de Israel. É mais consistente com as marcas de impacto de um projétil de artilharia – mas sem evidências materiais adicionais, não podemos fazer uma avaliação definitiva.

O projétil veio da direção marcada em vermelho, ao contrário do que dizem os israelenses (em azul)

Além disso, o time forense submeteu um vídeo da explosão a uma perícia.

O som da aproximação do projétil em relação à câmera é consistente com a trajetória que indica que não veio de dentro de Gaza.

Também foi periciada uma suposta interceptação telefônica de dois militantes palestinos sugerindo que o ataque teria partido de dentro do território.

As Forças de Defesa de Israel postaram o áudio nas redes sociais.

Um comentarista sugeriu que Israel contratasse roteiristas melhores em Hollywood.

A conclusão da análise foi a seguinte:

A ONG Earshot realizou uma análise de áudio e descobriu que esta gravação foi manipulada e não pode ser usada como fonte confiável. Quando as chamadas são interceptadas, esperamos que sejam gravações monofônicas, com as vozes no mesmo canal de áudio. O que é inusitado nesta suposta chamada interceptada é que temos as vozes divididas em dois canais, esquerdo e direito. O fato desta gravação ser composta por dois canais distintos demonstra que as duas vozes foram gravadas de forma independente. Estas duas gravações independentes foram então editadas juntamente com efeitos adicionais.

A emissora britânica Channel 4 já tinha submetido a suposta interceptação a dois experientes jornalistas locais, que disseram que o tom, a sintaxe e o sotaque eram incompatíveis com o árabe falado em Gaza. 

As Nações Unidas pediram uma investigação oficial e independente do episódio.

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Redação

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