Ato político da maior relevância, suicídio de Cancellier seguirá impune até quando?

Luis Nassif debateu a falta de responsabilização pela morte de Cancellier na companhia de Patricia Faermann, Eduardo Appio e Luiz Henrique Cademartori. Assista

Jornal GGN – A autoimolação de Luis Carlos Cancellier, então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2017, “não foi suicídio, foi ato político da maior relevância”, afirma o jornalista Luis Nassif durante o programa TVGGN Justiça [assista abaixo]. Até hoje, os agentes de Estado e setores da grande mídia envolvidos no suicídio do acadêmico seguem impunes.

Na última sexta (10), Nassif debateu a falta de responsabilização pela morte de Cancellier – que tirou a própria vida após ter sido vítima do punitivismo no âmbito da Operação Ouvidos Moucos – na companhia de Patricia Faermann, Eduardo Appio e Luiz Henrique Cademartori.

Patricia é roteirista do documentário “Levaram o reitor – Quando o modelo Lava Jato adentrou uma universidade”, que estreia nesta segunda (13), na TVGGN. Appio é professor e juiz de Direito, além de colaborador da TVGGN. E Cademartori é professor da UFSC, ex-colega de Cancellier.

Para Cademartori, “Cancellier foi clarividente. Ele percebeu que isso que aconteceu [o modelo Lava Jato penetrando sendo usado contra as universidades] estava vindo para ficar e um choque muito forte deveria ser dado para tentar dar um banho de água fria naquele movimento, para dar um basta ou uma reversão. Então [o suicídio] foi um grande ato político, sim.”

“O grande problema”, acrescentou Appio ao final do programa, “é que não tivemos justiça de transição no Brasil. Jogamos tudo [os crimes da ditadura] para debaixo do tapete. Nós não fizemos o acerto de contas. O que temos hoje é um gueto intelectual pregando para convertidos, ou seja, que já dão o devido valor ao devido processo legal e à democracia. Mas é preciso furar essa bolha” e ensinar às massas o valor e a necessidade do garantismo.

No programa, eles ainda discutiram a falta de freios das instituições e a postura de ministros do Supremo que, associados a setores da grande mídia, passaram a transformar o garantismo e o devido processo legal em “defesa de bandidos”. Para Cademartori, o maior problema, contudo, foi a falta de limites da Polícia Federal e Ministério Público, inclusive durante dos governos do PT.

“Já tínhamos um processo de hipertrofia do Judiciário. Até aí não parecia uma espécie de ditadura, mas então o Ministério Público também ganha muita liberdade de agir, inclusive no próprio governo do PT, que deu quase independência pra esses órgãos. A Polícia Federal tampouco é órgão independente, é órgão autônomo. (…) O próprio governo da época pecou por acreditar que a polícia era um órgão republicano, que ‘deixa ele agir com liberdade que ele saberá se autoconter. Isso não existe.”

ESTREIA DO DOCUMENTÁRIO

O documentário sobre Cancellier será liberado ao grande público a partir das 21 horas na TVGGN [clique aqui para salvar o link]. Antes, às 19 horas, a equipe do documentário promove um encontro virtual com convidados especiais. Assista aqui.

O documentário traz, com o mesmo peso de abordagem, três diferentes frentes narrativas do complexo episódio: o lado pessoal de quem foi Luis Carlos Cancellier; o detalhamento das acusações contra ele e demais alvos da Operação Ouvidos Moucos e quem são os personagens acusadores.

Assista ao programa usando o link abaixo:

Redação

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