Bolsonaro volta a questionar urnas eletrônicas, mencionando inquérito de 2018

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro

Foto: Reprodução/Youtube Rádio 96 FM

O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro, em entrevista à rádio 96 FM, de Natal, nesta semana.

“O Maduro [Nicolás Maduro, presidente da Venezuela] disse há pouco que, no Brasil, nenhuma urna sequer é auditável. Se é verdade ou não, eu não quero sair daqui com mais um processo em cima de mim, porque o que nós temos aqui, a liberdade de expressão, até para vocês, está sob júdice, no mínimo.”

A declaração foi dada no início da entrevista. Posteriormente, ao voltar a falar sobre o tema, Bolsonaro levantou a hipótese de questionamento eleitoral ao citar um “inquérito sigiloso” de 2018, aberto quando ele venceu as eleições presidenciais.

“O que eu posso falar para vocês: quando acabaram as eleições de 2018, chegou uma denúncia de fraude nas eleições. Eu posso te dar o número do inquérito, no meu telefone aqui. E a [ex-] presidente [do Supremo Tribunal Federal] Rosa Weber começou a investigar fraude. Mas só frauda quem ganha [as eleições], certo? Então, ‘o fraudador é eu’ [sic]. E começou esse processo de investigação do inquérito da PF, que foi aberto na primeira semana após as eleições. Eu não sabia disso.”

Bolsonaro disse que a peça questionava o resultado das eleições de 2018, levantando supostas “inconsistências” do processo eleitoral, mas não quis dar detalhes do inquérito, afirmando que corre sob sigilo, e dar essas informações publicamente geraria outro processo contra ele.

Segundo Bolsonaro, ele tomou conhecimento do inquérito por meio do deputado Felipe Barros (PL-PR), que teria obtido a peça sigilosa por um delegado da Polícia Federal. Ele disse que o teor do inquérito era “ostensivo”, ao se referir que trazia supostas provas contra as urnas eletrônicas.

“E esse inquérito correu, eu gostaria de falar sobre ele. Em 2021, estávamos discutindo uma PEC, proposta de emenda, do voto impresso. A autora era Bia Kicis [PL-DF] e o relator, o Felipe Barros do Paraná. E o Felipe descobriu esse inquérito, ele conseguiu esse inquérito junto a um delegado da Polícia Federal. Era um inquérito ostensivo e [o deputado] começou a usar esse inquérito para mostrar as vulnerabilidades [das eleições].”

Ainda durante a entrevista, Bolsonaro criou a hipótese de que era um indicativo questionador do resultado eleitoral a fala do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à época, Edson Fachin, a embaixadores e diplomatas, em gesto à comunidade internacional sobre os intentos golpistas de Jair Bolsonaro em 2022, pedindo para que confirmassem o resultado que saísse das urnas brasileiras.

“Nesse ínterim, o ministro Fachin, que era presidente do TSE, havia feito uma reunião com embaixadores. Não é competência deles [do Judiciário], essa política externa é privativa do presidente. Ele fez a reunião com embaixadores e falou o seguinte: ‘tão logo o TSE proclame os resultados, eu peço a vocês que os seus respectivos chefes de Estado reconheçam o ganhador das eleições’. Ué, será que o ganhador ele tinha certeza, de quem iria ganhar? Primeira interrogação.”

Em seguida, Bolsonaro justificou a essa fala de Fachin o seu ato da polêmica reunião que teve com embaixadores, realizada em 18 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, na qual fez uma apresentação repetindo teorias de que o processo eleitoral do Brasil não era confiável. A medida do então mandatário foi uma das ações movidas no TSE que o tornou inelegível até 2030.

“Então eu fiz a reunião com embaixadores e destrinchei esse inquérito. No dia seguinte, o [ministro] Alexandre de Moraes classificou esse inquérito como confidencial e abriu um processo contra o Felipe Barros e contra o delegado que entregou o inquérito. Foi comprovado pela Polícia Federal e pela Câmara dos Deputados que o inquérito era ‘ostensivo’ [com suposto material de provas] até aquele dia. Por que esconderam o inquérito?”, ainda questionou.

“E acredite, o inquérito até hoje está aberto. Por que não podemos saber de possíveis vulnerabilidades? Bem, eu não quero entrar em detalhes, porque passa a ser crime, porque é um inquérito confidencial. O que se sabe de eleições tem que ser aberto, você tem que saber de tudo que acontece lá, tudo, mas você não sabe. E eu não posso dizer para vocês sobre quatro páginas que estão dentro desse inquérito. Seria muito bom se souberem o que aconteceu em 2018 e também em 2014 nas eleições”, completou Bolsonaro.

8 Comentários

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  1. O derrotado qdo estava no poder colocava todas as suas artimanhas em sigilo de até 100 anos e quer reclamar de um processo confidencial de 6 anos? Parece que o choro ainda não parou, mesmo não tendo mais público para destilar suas mentiras e fakes.
    Imagino que só após o final do processo, com a sua condenação, é que as muitas sujeiras produzidas pelo governo passado oficialmente serão divulgadas.
    Até lá, o derrotado poderá chorar a vontade.

  2. Jair Bolsonaro, é um grande cara de pau.Agride todos e quando toma um empurrão começa a gritar e chorar parecendo uma menina chorona e malcriada.

  3. ” E a presidente Rosa Weber começou a investigar fraude. Só frauda quem ganha, certo? Então ‘o fraudador é eu’ e começou esse processo de investigação do inquérito da PF, que foi aberto na primeira semana após as eleições. Eu não sabia disso.” . Bacana . Tenta fraudar ate a lingua portuguesa. Sabe aquele vizinho chato, que vc não quer encontrar no elevador pois e sempre o mesmo papo e as mesmas reclamações? Pois é… Totama que o vizinho não apamhe assim da lingua portuguesa

  4. A única qualidade de bolsonaro é ser um competente presepeiro, tumultuando tudo ao seu alcance o tempo todo, desde sua fracassada carreira militar onde se envolvia em terrorismo de banheiros e adutoras a sindicalismo de quartel.
    ENQUANTO ESTIVER LIVRE PARA TUMULTUAR, TUMULTUARÁ, junto com seus filhos zero à esquerda (ninguém estranha não uma família inteira que só vive de dinheiro público? Nenhum advogado, médico, administrador, empresário, esportista, artista?) e seus idólatras e (com)parças.
    Até relembro que neste mesmo GGN publiquei uma proposta desistema de voto eletrônico e impresso que reforçaria a confiança e auditabilidade do voto. Propostas existem, se não me falha a memória, desde os tempos de Brizola. Isto não significa porém que o voto eletrônico atual seja ruim. Pelo contrário, é um dos melhores do mundo. Como tudo, pode sim ser melhorado.
    Daí ao “Minto” insinuar que perdeu as eleições (que seus (com)parças e seguidores ganharam, incluindo seu clã familiar que a PF queria f*d#r) é pura presepagem, parte intrínseca de sua miserável alma.
    Por último, vou repetir até a rouquidão que bozo é um ídolo, não um líder.
    O que espanta é sua submedíocre vida como militar e político inútil do baixo clero, durante décadas, ter se tornado subitamente este “fenômeno” de popularidade fanática.
    Não é ele que precisa ser entendido (nem vale a pena, que faça da prisão sua casa): quem precisa ser DECIFRADO é o rebanho que de repente apareceu do nada há uns 8 anos.
    Isto sim é importante! Essencial!

    1. ” “fenômeno” de popularidade fanática.”
      Com o PIG bombardeando o PT todos os dias ao longo de mais de 15 anos, apareceu uma população disposta a fazer o PIX.
      Se a propaganda fosse afirmando que comer titica é bom, iria faltar merda.
      Selva!

      1. Sim, para o PIG, que eu chamo de míRdia, desde que não seja Lula, qualquer merda serve, até o bolsonaro (mas escalaram o Guedes). Na verdade Por mais que Lula seja político, conciliador e negociador, com esta míRdia não tem acordo, apenas convivência de desgaste enquanto acham alguma oportunidade para derrubá-lo e fazer o que querem. em 2,5 anos mais 4 de bozo, retiraram direitos trabalhistas (o menor desemprego da história, com Dilma, tinha TODOS OS DIREITOS) privatizaram o BC, liberaram o Pré-Sal, desmontaram a Petrobrás, entregaram a Eletrobrás, criaram o orçamento secreto, represaram investimentos, naturalizaram a mentira e a desinformação, fomentaram o ódio e a polarização etc. Pior, a direita cresceu, aliando-se à extrema direita e amamentaram uma enorme horda de crentes, idólatras, ignorantes e truculentos ressentidos que não só elegeram (em 2019) um surpreendente e inútil presepeiro do baixo clero que nunca ofereceu nada ao país além de viver de dinheiro público por dentro e por fora, e o pior Congresso da história em 2022, além de governos alinhados no Sul/Sudeste Centro-Oeste, maior PIB do País. Congresso este que quer comer pelas beiradas com E.Cunha e A.Lira o orçamento do Executivo e até a última palavra sobre o Judiciário. Um poder politico de baixíssima qualidade e interesse público assumindo os demais. O poder “3×1”. Rezemos pelo que vai acontecer com os novos 5.500 prefeitos e mais de 50 mil vereadores que afinal também governam este país. Infelizmente sob a nefasta influência desta míRdia anti-Brasil e anti-brasileiros.

  5. Pois é Nassif, foi o que Lula conseguiu com a história da Venezuela, o mundo inteiro, vai usar do mesmo expediente, quem perder vai espernear e contestar os resultados, a beligerância forçada dos EUA e UE no mundo causou esse desconforto, e o Brasil seguiu, sem calcular a consequência, ao desacreditar a eleição venezuelana, trouxe de volta o problema para o Brasil, foi, e é um erro diplomático, principalmente em querer referendar um resultado eleitoral de um país soberano.

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