Diálogos com Cid tinham o objetivo de incitar uma posição de Bolsonaro, alega coronel Lawand Jr.

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Na CPMI dos atos golpistas, o militar negou ter atentado contra a democracia

Coronel do Exército, Jean Lawand Junior, em sessão da CMPI dos atos golpistas | . Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O tenente-coronel do Exército Jean Lawand Júnior afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, no início desta manhã de terça-feira (26), que jamais incitou um golpe de Estado e que os atos golpista que ocorreram na capital federal foram uma mera “coincidência“.

Lawand Jr. entrou na mira da CPMI após vir à tona diálogos com o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cesar Cid, em que defendeu uma intervenção militar após o resultado das urnas em 2022. À época das conversas, o coronel era subchefe do Estado Maior do Exército e garantiu o apoio da cúpula a um plano de teor golpista para impedir a posse do presidente Lula (PT).

Em sua fala inicial na CPMI, o militar negou – apesar das mensagens registradas – ter atentado contra a democracia e que sua articulação, ao contrário do que divulgado, tinha o ‘real’ objetivo de buscar alguma posição do ex-presidente Jair Bolsonaro para “apaziguar” o Brasil, após o resultado das Eleições 2022.

Hoje venho aqui para responder às perguntas dos senhores a respeito das mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid. Mas afirmo aos senhores que em nenhum momento falei sobre golpe. Em nenhum momento atentei contra a democracia brasileira. Em nenhum momento quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições. Isso não faz parte do que aprendi na minha carreira“, declarou Lawand Jr.

O militar argumentou, em meio às inquirições da relatora, senadora  Eliziane Gama (PSD-MA), que buscava, por meio da conversa mantida com Cid, estimular alguma ação, por exemplo uma fala, de Bolsonaro para evitar uma “convulsão social“.

[Após o resultado do pleito de 2022] A sociedade brasileira estava dividida em opiniões, acerca de ‘o que vai acontecer?’, ‘o que vai ser agora?’, ‘como foi o pleito?’. A gente vendo aquelas pessoas, a insegurança trazida por aquilo, que podia levar a alguma convulsão social, a alguma revolta, a um problema na segurança, foi o que eu falei“, disse.

As pessoas estavam tentando entender como aquilo terminaria. A ideia minha desde o começo, desde a primeira mensagem com o tenente-coronel Cid, foi que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo, e as pessoas voltarem às suas casas“, acrescentou.

Em seguida, o militar foi questionado por Gama sobre quem deveria fazer essa “manifestação para poder apaziguar“, o militar respondeu: “Do governo à época formado“. Já ao ser inquerido sobre as intenções por trás da frase que escreveu a Cid, “vai ter que ser pelo povo mesmo“, o militar afirmou que quis dizer que “o povo vai ter que [se] conscientizar“.

Ainda, sobre uma mensagem específica na qual o termo “golpe” foi de fato citado, o tenente-coronel afirmou que esta declaração não seria de sua autoria. “A única mensagem que fala em ‘golpe’ não é minha. Foi por mim recebida. Não consigo prever, imaginar como seria um golpe. Em nenhum momento eu previ golpe“, alegou.

“Fui infeliz”

Em meio aos argumentos sobre as questões levantadas pela relatora, Lawand Jr. também manifestou arrependimento acerca de uma mensagem enviada a Cid, em 10 de dezembro do ano, em que disse: “Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está“.

Eu fui muito infeliz nessa fala sobre alto comando e divisão. Eu me retrato aqui, quero pedir desculpas ao Exército brasileiro, quero pedir desculpas ao povo brasileiro (…) Foi uma opinião minha, no calor da emoção”, disse o militar.

Essa colocação minha foi muito infeliz. Eu sou um simples coronel, que conversou no WhatsApp com um amigo. Não tinha comandamento, não tinha condições, não tinha motivação para qualquer tipo de golpe (…) Fui infeliz e me arrependo”, completou. 

Após essa frase, a relatora esclareceu que Lawand Jr. não seria um militar qualquer, tendo em vista o cargo que ocupava, como gerente de projetos da Secretaria de Projetos Estratégicos do Exército.

O militar insistiu “não ser ninguém na fila do pão” para conseguir tirar um golpe de Estado do papel.

Contudo, vale ressaltar, que Lawand Jr aguardava a nomeação a um posto diplomático nos Estados Unidos, que foi revogada em meio ao vazamento do caso. Além disso, havia previsão para que o militar pudesse assumir a patente de general, em menos de dois anos.

1 Comentário

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  1. Se os cupins gostasseM de cara de pau, o Coronel FACE Wood, teria que fazer um tratamento de descupinização. Se o que ele falou sobre o alto comando fosse verdade, teríamos uma inversão curiosa, ou seja: As patentes inferiores querendo que o coiso apaziguasse os seus seguidores e o alto comando se opondo. Mentira desse porte, só aquela do sujeito que avistou do andar térreo, uma pulga no décimo quinto andar, e outro mentiroso retrucou que não tinha vista, mas que escutou o barulhinho do caminhar da pulga.

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