Damares defendeu na Justiça o “direito de ir e vir” de um feto, para impedir aborto em paciente com câncer

Jornal GGN – Jéssica tinha apenas 20 anos quando tomou conhecimento de que tinha um câncer no pulmão cujo tratamento era incompatível com a gestação de 6 semanas. O feto não seria capaz de resistir e, caso o fizesse, teria sérios problemas de formação. Com orientação médica, ela recorreu à Justiça para ter o direito de fazer o aborto. Mas a pastora-ministra Damares Alves, que sequer conhecia Jéssica pessoalmente, entrou com um recurso para tentar impedir o procedimento.
A história de Jéssica da Mata Silva, hoje com 27, é contada em reportagem de Eduardo Goulart de Andrade, na Vice.
Ao jornalista, Jéssica deixou escapar que nem da ação movida por Damares, e tampouco tinha conhecimento de que a pastora assumiu o cargo de ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Quando descobriu por meio do repórter, comentou: “Bom, eu acho que ela não é humana.”
Damares é assídua militante anti-feminista e uma das cabeças do movimento Brasil Sem Aborto. Quando assumiu o ministério no governo Bolsonaro, passou a afirmar que não vai fazer o que perseguiu a vida toda: buscar alterações na lei para restringir ainda mais o acesso das brasileiras à interrupção da gravidez.
Ao mesmo tempo em que promete isso, Damares continua expondo sua opinião pessoal “pró-vida”, mesmo no exercício do cargo. Em uma de suas primeiras entrevistas, ela disse que gravidez é um “problema que dura apenas 9 meses”.
Foi com este argumento, aliás, que ela entrou com uma medida liminar no Superior Tribunal de Justiça contra a decisão de segunda instância, em Goiás, que havia autorizado o aborto em Jéssica.
A hoje ministra sustentou que a jovem estava tentando impedir o “direito de ir e vir do feto” e, mais do que isso, tolhendo-lhe o direito à vida. Ela ainda assinalou que a morte da “criança” na barriga de Jéssica não a curaria do câncer.
Procurada, Damares não quis comentar o caso que ocorreu em 2012.
Leia a reportagem completa aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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