Ameaça eleições: Bolsonaro avança com ataques às urnas e Fachin pede ajuda de observadores nos EUA

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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As ameaças de Bolsonaro às eleições continuam e o ministro do TSE foi aos EUA pedir ajuda de observadores internacionais

Fotos: Agência Brasil e STF

Enquanto Jair Bolsonaro convocava ministros para atacar as urnas eletrônicas, nesta semana, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, apelava nos Estados Unidos por apoio de observadores internacionais para evitar um golpe nas eleições 2022.

Esses dois movimentos ocorreram nesta semana. Segundo o Radar, da Veja, Fachin está nos EUA articulando a participação dos observadores internacionais no pleito brasileiro e chegou a admitir o risco de golpe por parte do atual mandatário.

“Nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do que 6 de janeiro daqui do Capitólio”, teria dito o ministro, durante um evento em Washington, segundo a coluna.

Sobre isso, o GGN está produzindo um documentário, expondo o avanço da ultradireita mundial e as estratégias usadas, até chegar no Brasil de Jair Bolsonaro com as atuais ameaças às eleições 2022.

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Tanto Fachin, como outros ministros do TSE tentam se prevenir dos movimentos e ameaças de Bolsonaro que podem colocar as eleições em risco. Eles estão preparando uma força-tarefa junto aos tribunais superiores para atuar na segurança das instituições.

As motivações para esse receio foram ainda endossadas nesta semana, em encontro convocado por Bolsonaro junto aos seus ministros, a cúpula principal do governo, e o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, representante das Forças Armadas.

Bolsonaro reúne ministros para atacar urnas

O encontro nesta terça (05), no Palácio do Planalto, contou ainda com a presença de Filipe Barros (PL-PR), o deputado governista que tentou implementar o voto impresso em projeto na Câmara, que foi derrubado pelos demais parlamentares.

Barros reforçou o ataque às urnas eletrônicas, na linha do discurso de Bolsonaro, que caso não ganhe as eleições, já indicou que não aceitará o resultado do pleito democrático, alegando suposta desconfiança das urnas.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, na reunião com os ministros, o presidente questionou o sistema eleitoral e levantou dúvidas sobre um suposto “complô” que teria sido armado contra ele, em referência às instituições democráticas.

Apoio das Forças Armadas

Ainda, no encontro, o general Paulo Sérgio narrou as propostas que foram entregues pelas Forças Armadas ao TSE, e disse que iria cobrar da Corte respostas. As respostas, contudo, já foram feitas pelos técnicos do TSE, que acataram algumas sugestões e explicaram porque outras não podem ser aplicadas.

Mas a estratégia do governo, com o aval dessa ala militar, é a de alegar que o TSE está isolando a participação dos militares e incentivando o discurso de suspeitas sobre o processo eleitoral.

4 Comentários

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  1. Interessante. De um lado vai o Bolsonaro para pedir aos americanos que ajudem a dar o golpe; por outro lado, vai o presidente do TSE pedir apoio para que não se dê o golpe. durma-se com um barulho desses.

  2. Creio ser necessário maior mobilização dos setores democráticos no Brasil, para fazer frente ao sistemático ataque perpetrado pelo governo Bolsonaro contra as eleições democráticas. O questionamento da “urna eletrônica” é um mero pretexto para questionamento da escolha popular, conforme ocorre nas democracias. A situação adquire um potencial mais explosivo, por causa da participação das Forças Armadas nestes questionamentos. Apesar de que a validade da urna eletrônica ter sido devidamente comprovada; paira uma desconfiança não racional sobre este tema, que alimenta ideias não democráticas de ruptura institucional por parte de bolsões de extrema-direita. O Poder Judiciário tem sido alvo de suspeitas infundadas e caberia aos setores democráticos da sociedade civil e do Congresso; cerrar fileiras a favor da justiça Eleitoral e do Estado de Direito. Penso que a reação da Sociedade tem sido tímida frente à gravidade desta situação. A questão das eleições no Brasil, faz parte da preocupação do Governo Norte-Americano, que várias vezes apontou sobre o pleito eleitoral no Brasil, reforçando a confiabilidade das urnas eletrônicas. Está evidente que haverá uma reação externa por parte das democracias ocidentais, contra qualquer tentativa de invalidar as eleições brasileiras. O Brasil sempre pertenceu a um grupo de nações democráticas, e não há sentido tentar se desviar para um modelo autoritário de extrema-direita. Seria muito danoso para o Brasil se afastar de seu destino democrático.

  3. “(…) Houve até político, litterato, jornalista, tido na conta de grande sabedor, que, com todo o desembaraço nos aconselhou a renuncia da indepencia e a submissão ao protectorado dos Estados Unidos… Tanto é profunda a incapacidade desses levianos directores da opinião brazileira!
    (…)

    O BRAZIL SOCIAL
    1 – O problema
    Revista do IGHB, volume LXIX, parte II, pp.106/107, 1908”

  4. A citação por mim postada é extraída de:
    ROMERO, Silvio. O BRAZIL SOCIAL. 1 – O problema (Revista do IGHB, volume LXIX, parte II, pp.106/107, 1908)

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