
O jornal Folha de S. Paulo está usando um acordo de delação premiada que sequer foi homologado pela Justiça para produzir reportagens que atingem a imagem do PT em São Paulo e a do ex-governador Geraldo Alckmin, que deve ser o candidato a vice-presidente na chapa de Lula (PT) em 2022.
Ex-PSDB, Alckmin deve anunciar a data de sua filiação nos próximos dias. O partido ainda não foi definido, mas o PSB vive a expectativa de que Alckmin aceite o convite.
Pesquisas de opinião de vários institutos já mostram o favoritismo de Lula para derrotar Jair Bolsonaro em outubro. Além disso, sem Alckmin na disputa pelo governo de São Paulo, o candidato do PT, Fernando Haddad, lidera as intenções de voto.
Haddad não tem absolutamente nada a ver com a delação da Ecovias. Mesmo assim, Folha citou o nome do petista na reportagem “Delação da Ecovias atinge PSDB, PT e União Brasil e põe pedágio na eleição de SP”, publicada em 14 de março de 2022.
Apenas 1 dia após a primeira reportagem, o Conselho Superior do Ministério Público resolveu destravar o acordo de delação da Ecovias, que estava paralisado há pelo menos 2 anos.
A delação gerou inquéritos espalhados nas esferas cível, criminal e eleitoral. Porém, como narra fatos da década de 1990, boa parte dos supostos crimes já prescreveu e o inquérito criminal acabou arquivado.
Para não ser processada na área cível, a Ecovias fez o acordo com o Ministério Público delatando políticos, e aaceitou pagar uma multa de R$ 638 milhões, parte em obras em benefício do Estado de São Paulo, parte em dinheiro.
O delator que teria implicado pessoalmente a figura de Alckmin é ex-presidente da Ecovias. Marcelino Rafart de Seras aceitou pagar R$ 12 milhões ao Tesouro no acordo de não persecução cível, disse a Folha.
O delator da Ecovias acusou formação de cartel envolvendo mais de 80 empresas que administram 12 contratos com o governo do Estado.
Na reportagem desta quarta-feira, 16 de março, Folha usou a delação para atacar a imagem do potencial vice de Lula. “Alckmin recebeu R$ 3 milhões em caixa 2 da Ecovias, diz ex-executivo em delação” é a manchete do jornal.
Segundo a reportagem, a campanha de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes recebeu 1 milhão de reais em 2010, e mais 2 milhões de reais em 2014.
Em 2010, o dinheiro, segundo o delator, foi entregue pessoalmente ao cunhado de Alckmin, Adhemar Ribeiro. Já os valores de 2014 foram supostamente recolhidos pelo então tesoureiro da campanha, Marcos Monteiro.
Ao que tudo indica, Folha teve acesso parcial à delação. Não apontou nas reportagens, por exemplo, o que mudou entre a versão de 2020 e a que foi aceita agora pelo Ministério Público.
Segundo Folha, o caso está nas mãos do MP paulista, mas também é investigado pela Delegacia de Defesa Institucional, onde a Polícia Federal apura questões eleitorais.
As irregularidades investigadas abrangem o período de 1998 a 2015, atravessando os governos de Mario Covas, José Serra e Alckmin, todos do PSDB.
Recomendação da TVGGN para você:

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.