
Foram realizadas nos primeiros dias desta semana, em todo os cartórios eleitorais do Brasil, as cerimônias oficiais de auditorias das urnas eletrônicas, procedimentos que encerram os processos iniciados uma semana antes, no dia 21 de setembro, que incluem a geração das mídias, carregamento e lacração das urnas, os quais são feitos de forma pública e acessível para todos os cidadãos – e para os quais são convidados representantes de todos os partidos envolvidos no pleito.
A reportagem do Jornal GGN acompanhou presencialmente uma dessas cerimônias, que aconteceu nesta quarta-feira (28/9), no Cartório da 118ª Zona Eleitoral da Comarca de Santos, evento que foi comandado pela chefe do local, Michelle Lapa Cortegiano, e pela juíza Ariana Consani Degregório Gerônimo, da Justiça Eleitoral da Comarca de Santos.
Durante a cerimônia de auditoria, a chefe do cartório convidou os participantes, entre jornalistas, representantes de partidos e cidadãos comuns, a escolherem doze urnas aleatoriamente, as quais foram testadas pelos funcionários da Justiça Eleitoral de Santos, diante de todos os presentes.
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Eleição mais auditada da história
A juíza Ariana Consani Degregório Gerônimo, da Justiça Eleitoral de Santos, destacou justamente o maior cuidado com a transparência nos protocolos como um dos diferenciais das eleições deste ano, justamente devido às suspeitas e teorias conspiratórias levantadas por alguns setores políticos.
“O número de auditorias como esta, que realizamos sempre de forma pública, antes da jornada eleitoral, é claramente maior do que o realizado em anos anteriores, sempre convidando não apenas as entidades fiscalizadoras, mas também os cidadãos comuns, como forma de deixar em evidência o nível de integridade e confiabilidade das nossas urnas eletrônicas”, afirmou a magistrada.
Celulares e armas
A juíza Degregório Gerônimo também destacou o tema do uso de celulares e armas durante a votação, um dos temas que vem gerando maior discussão na sociedade. Contudo, a magistrada lembra que a proibição do uso de celulares não é uma medida nova, já que está vigente desde 2009.
“O celular é uma ferramenta que pode colocar em risco o sigilo do voto, por isso há uma proibição expressa sobre o seu uso há muitos anos, por isso a orientação é para que os mesários instruam o eleitor sobre a necessidade de deixar o seu celular com os membros da mesa ou com alguma pessoa de confiança sua do lado de fora da seção, e caso essa pessoa insista em levar o celular para a cabine de votação, a orientação é para que essa pessoa, infelizmente, seja proibida de votar”, explicou a juíza.
Vale ressaltar que o uso do celular só é proibido dentro da cabine de votação. O eleitor pode ir com o seu celular para a seção eleitoral e inclusive utilizar o seu e-título para a identificação, no momento de se apresentar para a mesa – com a qual deve deixar o seu aparelho antes de ir à cabine realizar o seu voto, preferencialmente desligado, e o receberá de volta assim que concluir a votação.
No caso das armas de fogo, também existe uma orientação de que está proibido o porte a menos de cem metros dos locais de votação. As exceções são justamente os policiais militares ou agentes de segurança que estejam em serviço no dia, que são justamente aqueles que deverão ser acionados no caso de que algum indivíduo tente violar esta medida.
Hashe estático e zerézima
O teste de cada urna obedeceu ao protocolo idêntico ao que será realizado no dia 2 de outubro. O primeiro passo é a impressão de um relatório chamado “hashe estático”, com o objetivo de confirmar que o programa que está sendo utilizado pela urna é o mesmo que foi lacrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Uma vez confirmado esse primeiro passo, o presidente da mesa imprime o segundo relatório, conhecido como “zerézima”, que contém o nome de todos os candidatos que estão disputando as eleições em um determinado estado, e que serve, principalmente, para garantir que não há nenhum voto registrado naquela urna antes de sua habilitação para funcionar no dia da eleição.
Em seguida, foi realizada uma votação simulada em uma das doze urnas, também escolhida aleatoriamente e, novamente, respeitando o procedimento idêntico ao que será seguido no dia 2 de outubro. Assim, a primeira pessoa convidada a votar também teve que fazer o teste das teclas antes de emitir o seu voto, para certificar que nenhuma delas apresente defeito.
Novas urnas
A cerimônia serviu para apresentar um novo modelo de urna eletrônica, fabricado em 2020. Esses terminais são diferentes dos tradicionais, já que são de maior tamanho e com uma tela maior e mais próxima da pessoa, além de possuir teclas também com um tamanho ligeiramente maior que as tradicionais.

Mas essas são as únicas diferenças: o programa utilizado é o mesmo, e cada voto na nova urna é encerrado com o mesmo “trililim” ao qual todos estamos acostumados.
Essas novas urnas não foram usadas nas últimas eleições municipais, portanto, farão sua estreia este ano – segundo a Justiça Eleitoral, o objetivo é que, em 2024, todas as urnas eletrônicas utilizadas sejam desse novo modelo.
Urnas de contingência
Entre as doze urnas testadas na cerimônia, foram escolhidas duas das chamadas “urnas de contingência”, que são aquelas que ficarão à disposição para uma eventual troca, caso alguma seção apresente problemas em sua urna e o presidente da mesa solicite uma substituição.
Segundo a chefa da 118ª Zona Eleitoral de Santos, Michelle Lapa Cortegiano, “cada escola contará com uma quantidade importante de urnas de contingência, e em caso de necessidade essa substituição é feita rapidamente, em questão de minutos. Além disso, também haverá urnas de contingência na nossa sede, que serão levadas às escolas que apresentem algum problema maior, mas a experiência nos diz que isso seria algo muito raro. Em 2020, nós tivemos problemas em apenas seis urnas durante a jornada eleitoral, por exemplo”.
Mesários
Michelle Lapa também fez questão de ressaltar o trabalho de “mais de um milhão de pessoas, brasileiras e brasileiros, que vão trabalhar no dia das eleições, como mesários, para fazer possível esta festa da democracia”, os quais deverão estar a partir das 7h em suas seções eleitorais.
A votação será iniciada a partir das 8h e os colégios serão fechados às 17h, porém, aquelas pessoas que, uma vez fechados os portões, ainda estejam dentro do estabelecimento e não tenham emitido seu voto terão alguns minutos mais para fazê-lo.
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