
O uso da Bíblia como forma de justificar a meritocracia foi o mote da palestra do psicólogo clínico e escritor Jordan B. Peterson em sua primeira passagem pelo Brasil, durante evento que contou com a participação do portal conservador de direita Brasil Paralelo.
Durante palestra realizada em São Paulo nesta terça-feira (18/06), o autor do livro “12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos” hierarquizou sua fala pela história bíblica de Caim e Abel.
Segundo anotações divulgadas via Instagram por Paulo Ghedini, investidor e conselheiro do Instituto Mises Brasil (IMB), Peterson defendeu a “beleza do sacrifício” enquanto “centro da história da humanidade e da Bíblia”.
Para isso, utilizou a história de Caim e Abel, onde aponta Abel como modelo – afirmando que “todos que são modelos são vistos como julgadores”.
Por outro lado, Caim teria feito menos do que poderia por medo do fracasso, pois esforçar-se menos do que o necessário seria um mecanismo de autodefesa para justificar a derrota.
Desta forma, ao rejeitar sua melhora, Caim teria se revoltado contra Deus e “flertando com o pecado e seu lado mais escuro: desejar a morte do bem-sucedido”.
“(Karl) Marx, com todo seu ressentimento, inveja, narcisismo, materialismo e desejo de controle, foi a versão moderna de Caim: uma encarnação de tudo o que Caim foi”, destacou Peterson a uma platéia predominantemente conservadora.
O escritor destacou ainda que essa definição poderia ser encaminhada a todos os seguidores de Marx, uma vez que “pessoas que não escolheram o caminho da elevação, do sacrifício como objetivo de vida maior, para algo maior, são, em geral, ateus socialistas”.
Para Jordan B. Peterson, os marxistas seriam “isentos de humildade para alcançarem o “caminho para a conquista”, além de “materialistas, imediatistas, arrogantes, narcisistas ao extremo”.
Assim, o psicólogo canadense acredita que o objetivo da vida seria “aprender a se sacrificar, a se elevar em direção ao que é Deus”, sendo o pilar da “cultura judaica-cristã’.
De ateu a cristão conservador fervoroso
Em setembro de 2016, Jordan teve sua fama catapultada após divulgar conteúdos no Youtube se auto-intitulando “o professor contra o politicamente correto”, em que questionava o uso da linguagem neutra.
Peterson, que já enfrentou tentativas de remoção de sua licença de clinicar pela própria Universidade de Toronto, afirmou em sua apresentação que “muitas doenças mentais são doenças da alma, profundas”, demandando serem “curadas com experiências igualmente profundas, que só a religião pode oferecer”.
O canadense reitera não mais atender pacientes e que se dedica atualmente apenas ao trabalho de divulgação – contudo, em reportagem publicada no canal Meio, a jornalista Flávia Tavares destaca que Peterson se converteu e se tornou um cristão conservador fervoroso que tem como missão converter mais pessoas.
Extrema-direita marca presença em palestra
A palestra de Peterson integra a promoção do novo livro do canadense, We Who Wrestle With God (Nós que lutamos com Deus, em livre tradução), que será lançado no país em novembro. Além da palestra em São Paulo, o escritor estará em Porto Alegre nesta quinta-feira (20/06).
A promoção dessa tour ficou a cargo do Grupo RBS e do portal conservador Brasil Paralelo, o que levou diversos representantes e defensores do bolsonarismo a lotarem o Espaço Unimed, na cidade de São Paulo.

A jornalista Leda Nagle, a deputada federal Bia Kicis (PL), o coach e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal, o ator global Juliano Cazarré e a CEO-fundadora da Nubank, Cristina Junqueira, foram alguns dos presentes à palestra de Peterson.
Enquanto Marçal declarou ser assinante da Brasil Paralelo – que, para ele, estaria “ajudando a reescrever a história do Brasil”, Cazarré afirmou o papel importante de Peterson desde o primeiro cancelamento sofrido.
“Eu aprendi com ele a nunca me ajoelhar diante de uma multidão sedenta por sangue. Acho que só por isso ainda não fui decapitado”, afirmou o ator, lembrando das críticas sofridas por se recusar a se vacinar contra a covid-19 e por defender a PL da Gravidez Infantil, que equipara o aborto após 22 semanas em caso de estupro ao homicídio simples.
No caso do Nubank, a ligação do banco com a extrema-direita foi apontada por reportagens da Agência Pública e The Intercept Brasil ao revelar as relações do ex-responsável pela área de tecnologia do site e aplicativos da empresa, Konrad Scorciapino, com fóruns disseminadores de discurso de ódio e ataque à escolas. Atualmente, Scorciapino é diretor do Brasil Paralelo.
Em sua conta do X (antigo Twitter), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) compartilhou seu encontro com Peterson por intermédio da Brasil Paralelo e do deputado Paulo Bilynskyj (PL).
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Os Zé Roelas tupiniquins trouxeram um Zé Roela gringo para reforçar as zéroelices em que eles acreditam. Aplausos.
Vamos lembrar este senhor que o grande mérito de Luís XV era ser neto de Luís XIV.
Esse senhor é um mal-amado. Ressentido e recaldado, quer que o mundo se sacrifique por ele. É interessante essa filosofia judaico cristã de louvação ao sacrifício, especialmente quando recomenda o sacrifício dos outros em benefício próprio.
Uma coisa é preciso reconhecer: esse cidadão levou a profissão de ‘espertalhão’ a níveis insuspeitados de excelência.