Enquanto não é denunciado, Bolsonaro articula PL da Anistia e poderá usar a seu favor

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jair Bolsonaro ainda não foi denunciado e está ativo politicamente. Enquanto isso, articula mecanismos de proteção, como a PL da Anistia.

Foto: Isac Nóbrega/PR

Jair Bolsonaro ainda não foi denunciado e está ativo politicamente. Após a maratona de campanhas nas disputas eleitorais para eleger pares em municípios que são redutos eleitorais bolsonaristas, o ex-mandatário articula para aprovar a anistia de seus defensores que tentaram um golpe de Estado, com a invasão de Brasília no 8 de janeiro de 2023.

A informação foi admitida pelo próprio ex-presidente, em entrevista a Igor Gadelha, do Metrópoles, divulgada nesta quarta (13).

Segundo Bolsonaro, ele conversou com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para criar uma Comissão para um Projeto de Lei que anistiaria os golpistas. O mesmo projeto beneficiaria o ex-mandatário, que também é alvo de acusações na Justiça por tentar o golpe e impedir a posse do presidente Lula.

“Ele conversou comigo”, disse Bolsonaro, referindo-se a Lira. “Eu concordei com a criação da comissão. Na comissão (especial), você pode convidar ou convocar certas pessoas. Do nosso lado, eu conversei com mais parlamentares também.”

“[Eu] estava lá conversando com a Carol de Toni (PL-SC), presidente da CCJ, [o PL da Anistia] estava indo muito bem. Tínhamos muita esperança de aprovar lá [na Comissão de Constituição e Justiça]. Agora, indo para a Câmara, teria que ter o Lira para botar em pauta. E tínhamos dúvida se o Plenário apoiaria. Você ouvia há pouco tempo o líder do PDT falando que é favorável a uma anistia parcial. Já se começou a falar”, continuou Bolsonaro, sobre as conversas que manteve com lideranças para a aprovação do texto.

O ex-mandatário ainda se manteve esperançoso sobre membros do próprio governo Lula aceitarem a medida, ao mencionar falas do ministro José Múcio e de Nelson Jobim: Lá atrás, o José Múcio, ministro da Defesa, falou que não foi golpe. Há poucos dias, o Jobim (ex-ministro do STF e da Defesa) falou a mesma coisa, depois voltou atrás. Mas já falou alguma coisa.”

As declarações de Bolsonaro ocorrem em meio a informações de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) está a poucos passos de apresentar a denúncia contra Jair Bolsonaro.

A principal delas – a de participação na trama golpista – é a que obstaculiza as demais. Há indicativos de que o procurador-Geral, Paulo Gonet, irá apresentar as denúncias de forma conjunta.

Isso porque em duas delas a Polícia Federal já entregou o relatório de indiciamento – o de fraude no cartão de vacinação e o das joias milionárias sauditas. Ambas as peças já estão nas mãos de Gonet e o próximo passo seria apresentar a denúncia.

Mas falta a Polícia Federal concluir o indiciamento de Jair Bolsonaro pela participação na tentativa de golpe contra o presidente Lula.

Além do timing – os investigadores já teriam coletado as provas suficientes para acusar o ex-mandatário, a PGR aguardava a conclusão das eleições, para evitar que as acusações fossem utilizadas como material político de campanha.

Ainda, tramita nos bastidores da imprensa que o PGR Gonet estaria analisando as acusações para, possivelmente, aumentar os pedidos de pena contra Bolsonaro.

Não há confirmação para nenhuma das informações. Mas enquanto não é denunciado, Bolsonaro articula mecanismos de proteção – entre eles, a PL da Anistia.

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1 Comentário

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  1. O que eu acho lindo no Bolsonaro, além dos seus irados olhos azuis, é essa sensação de impunidade que ele passa. Pra ele tudo pode e tudo é justificável. Canalhas e torturadores de olhos azuis, se tiver que escolher, eleja-se o Emílio “Garrafa azul” , que tinha os olhos mais límpidos.

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