Gabeira e a maldição do mito morto

Por Sérgio Saraiva

Fernando Gabeira foi um ícone da minha adolescência e juventude. Ele, e não José Dirceu, era o candidato a Che Guevara verde e amarelo.

Hoje, José Dirceu ainda é o símbolo da resistência dos valores e lutas da sua geração, ainda pode erguer com legitimidade o braço esquerdo com o punho cerrado à frente de uma prisão e despertar na militância o sentimento de que há um líder a ser defendido. Gabeira, por seu lado, parece que, como outros da sua geração, tornou-se apenas mais alguém que chega à velhice com a alma curtida em ressentimentos.

Não é o único, há quase uma doença ou maldição atacando expoentes da rebeldia e da contestação das duas últimas gerações, algo como uma “síndrome de reacionarismo” da madureza e senescência.

É isso que deixa transparecer em seu artigo de 25/04/2014, no Estadão, “Bom dia, Cinderela“.

Essa Cinderela é a Presidente Dilma Rousseff e, se Gabeira pretendia ser irônico ou mordaz com o tal título, acabou sendo apenas deselegante, senão grosseiro. Até onde eu saiba, este ainda é um caso de um homem se dirigindo a uma senhora.

O artigo em si é um longo texto repetitivo, um “samba de uma nota só”, carregado de preconceitos e ilações sobre Petrobrás e Copa no Brasil. Temas que, para quem tem informação, já encheram o saco.

“São cada vez mais claras as evidências de que se perdeu muito dinheiro em Pasadena.”

Verdade? Quais são essas evidências? O jornalista Gabeira não diz.

“Desde o ano passado ficou claro que muitas pessoas não compartilham o otimismo do governo nem consideram acertada a decisão de hospedar a Copa”.

Não, Gabeira. Não desde o ano passado. Desde a década de setenta há os que sonham que se o Brasil perder a Copa do Mundo o povo derrubaria o governo. Só foi invertido o sinal, na época, era a esquerda que sonhava com a derrubada da ditadura e hoje é a direita que sonha com um atalho para voltar ao poder. Paradoxalmente, Gabeira, você conseguiu estar nos dois grupos.

A Copa das Confederações demonstrou que foi um acerto. O povo, mesmo durante os maiores protestos desde os anos 80, lotou os estádios, cantou o Hino Nacional à capela, vibrou com a conquista e a Copa deu lucro. Isso na Copa das Confederações, imagina na Copa do Mundo, então.

“Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras”.

Mudou mesmo, Gabeira? Vejamos.

No plano internacional os EEUU [Gabeira irá, no final do artigo, se referir a eles como “grandes centros tecnológicos”], pois bem, os EEUU estão em pé de guerra com a Rússia, disputando poder de influência na Europa. Invadiram e destroçaram dois países, um no oriente médio e outro na Ásia. Guantánamo está repleta de prisioneiros de guerra. Da África partem ainda barcos de refugiados em direção à Europa. São os que ainda fogem da fome e da guerra. A Europa reage com um recrudescimento do nacionalismo e da intolerância com os imigrantes.

No plano nacional, José Dirceu e José Genoino estão presos. Acusaram-nos de “domínio do fato”. Nos jornais, a grande imprensa denuncia um “mar de lama” e a classe-média pede uma intervenção dos militares. A presidente, durante a campanha de 2010, foi acusada de ser terrorista e a direita católica, bradando pelo reestabelecimento da moral e dos bons costumes, acusou-a de “aborteira”. Isso é os anos 60 redivivos.

Parece até aquela coisa do Nietzsche, o “eterno regresso”.

Mas você tem razão, Gabeira, o mundo mudou.

Nos EEUU há um presidente negro. Tecnicamente é mulato, sua mãe era americana branca e seu pai um preto africano, do Quênia. O que, em termos americanos, tornaria impensável sua eleição. Pois ele foi vencedor até em Estados de maioria branca.

Fidel Castro não governa mais Cuba. Não, não foi derrubado pelos cubanos de Miami. Declarou ao mundo que já havia cumprido o seu papel e retirou-se. Na América Latina, a esquerda chegou novamente ao poder por vias democráticas. Lembra até o Chile e o Brasil da década de 60. Só que está firme e fazendo sucessores. Não que não aconteceram tentativas de golpe contra ela, aconteceram. Os EEUU, como sempre, apoiaram os golpistas. Gabeira, que loucura, o Brasil foi contra e saiu-se vencedor.

Poderia falar da China e da Rússia que, agora, têm economias capitalistas, mas acho mais relevante o Brasil ter a 6ª economia mundial, à frente da Inglaterra.

Aliás, no Brasil, um professor da USP, um metalúrgico do ABC e uma “guerrilheira” foram democraticamente eleitos presidentes. Não era seu sonho, Gabeira? A intelectualidade, a classe operária e seus colegas de lutas da juventude assumiram o poder.

Gabeira, no Brasil, agora, temos cotas para negros nas universidades e programas de acesso dos mais pobres à educação como o PROUNI e o PRONATEC, 15 mil médicos atendem a população carente dos locais mais pobres do Brasil, há um programa de construção de casas populares que já entregou mais de um milhão e meio de residências. Há um programa de transferência de renda que ascendeu mais de 22 milhões de pessoas à classe C. Somos agora um país de classe média.

Gabeira, sei que você não confia nas estatísticas oficiais: “O papel do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, começa a ser deformado pelo aparelhamento político. Pesquisas que contrariam os números de desemprego são suspensas”.

Mas, Gabeira, para verificar in loco como o pleno emprego e a melhoria de renda está transformando a nossa sociedade, basta visitar um dos shoppings da elite paulistana. Neles, a classe média está botando a polícia para por para correr os filhos dos pobres que insistem em frequentá-los como clientes e usando roupas de grife.

Escolha sua realidade, Gabeira, o copo meio cheio ou o meio vazio, porque é aquilo mesmo que você afirma: “Sabemos que a verdade é mais nuançada. E não uma visão rancorosa onde “tudo o que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História”.

No mais, o texto de Gabeira é pura distorção de informação e preconceito.

Distorce a informação quando afirma “o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil”.

Parece até piada quando comparamos as CPIs que são aprovadas e funcionam nos governos do PT e as que são aprovadas e funcionam nos governos do PSDB.  Não, se a oposição está excluída da cena política é por falta de propostas e não por falta de liberdade para atuar. Liberdade para atuar mesmo quando recorre às mais hipócritas escandalizações.

Gabeira pratica o preconceito quando se sai com pérolas destes quilates:

“E o Ipea foi trabalhar estatísticas para Nicolás Maduro, que acredita ver Hugo Chávez transmutado em passarinho e, com essa tendência ao realismo mágico, deve detestar os números.”

“Será a hora de pôr de novo em xeque a onipotente tática de eleger um poste”.

“Nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua. Estão mergulhados no escuro e comandarão um exército de blogueiros amestrados para nublar as redes sociais”.

“Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos”. 

Que pena, Gabeira, logo você que já foi vítima de tanto preconceito. Veja, se quisesse, bastaria dizer que esse seu texto não passa de efeito de uma síndrome de abstinência.  Mas não, Gabeira, isso é prática usada por seus novos companheiros de luta e de imprensa.

Entendo seu ressentimento e o lamento profundamente, mais um dos meus ícones que se vai. Para você, reservo versos de Bandeira que também, ao fim, cantou dolorosamente “a vida inteira que podia ter sido e que não foi”. Ou a maldição que você mesmo roga, a de se afogar nos próprios mitos”.

52 Comentários

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  1. ele não acerta nem o cravo nem a ferradura

    triste fim do polido, agora capo da direita perfumada, fernando paulo nagle gabeira.

    como será que ele fará (se alguma dia fizer) para relançar seus próprios livros que expõem ideias e discussões que ele não mais acredita?

    será que ele fará um prefácio acusando-as e orientando o leitor para não acreditar em nada do que ali está?

    faz-se cada vez mais necessário demonstrarmos os erros grosseiros, seja intencional ou não, que determinado ciclo de formadores de opinião à direita produzem nos últimos incansáveis anos.

    sérgio, parabéns pelo texto e pela contra-argumentação. 

     

      1. Nuance nao eh verbo em lingua

        Nuance nao eh verbo em lingua nenhuma.  Tem “nuanced”, claro, meu ponto eh que “nuancar” nao existe, portanto “nuancado” esta errado porque ta faltando a letra i.

        1. Já vimos aqui que não é um

          Já vimos aqui que não é um problema apenas de falta de vocabulário, e sim um problema de total desconhecimento do idioma.

          Aulinha de português, rápida e gratuíta :

          Nuançado é um adjetivo. Adjetivos fazem referências a substantivos.

          Uma pessoa é tarada quando tem uma tara, e a verdade é nuançada porque tem nuances e você é imbecil porque demonstra imbecilidade.  

          Entendeu, ou vai precisar de um desenho ?

           

  2. Esse comportamento dele é
    Esse comportamento dele é representativo da classe média “intelectualizada” votante contra o PT, que morre de medo de o Brasil vir a tornar-se uma Venezuela. Pautados pela Grande Mídia, isto só lhes revela o preconceito, a burrice e a desinformação que lhes são próprios. O meio artístico está cheio de tipos como este.

    1. Todos nós, inclusive os

      Todos nós, inclusive os petistas (embora sem admitir abertamente), morremos de medo de o Brasil vir a tornar-se uma Venezuela.

      1. Medo?

        Se você vê a Venezuela como um país desestabilizado, miserável e sem futuro, esbulhado de suas riquezas, e teme que o Brasil acabe assim, é melhor você: 1) começar a se informar melhor – ou seja, deixe de ler somente a Veja e ver a Globo; 2) fique de olho muito aberto para o que faz o Tio Sam. Na Venezuela e aqui.

      2. Caetano, eu morei dois anos

        Caetano, eu morei dois anos na Venezuela e ainda tenho amigos, brasileiros e venezuelanos que eu ainda mantenho contato regular. Não tem coisa mais absurda do que o que faz a mídia brasileira. Eles se revoltam quando eu mostro as notícias que saem aqui sobre a Venezuela. Meias verdades, factoides e omissão completa da verdade é o que mais se vê na imprensa brasileira sobre a Venezuela. Por exemplo: a última eleição presidencial na Venezuela, teve como observador internacional nada menos que o ex presidente americano Jimmy Carter, que voltou aos EUA dizendo que assistiu à um pleito democrático. Essa é uma informação que foi sobejamente ignorada pela imprensa nacional. Parece um conluio mesmo. As manifestações tão faladas aqui não contam com a adesão tão “popular” como a que se fala aqui. São jovens de classe média alta que sentem a perda do status. Aqui no Brasil os protestos levaram milhões às ruas, lá se contam as centenas, apesar de muito mais violentos. A imagem que se pinta aqui é de um país completamente falido e sem instituições atuantes. Qual o objetivo da imprensa eu não sei, mas que há inverdades ditas sobre a Venezuela isso é claro para mim.

        1. Prezado Leoneves, respeito

          Prezado Leoneves, respeito sua opinião, ainda mais por ter lá morado. Nem questiono se as eleições foram limpas, eu acredito que sim.

          Ninguém pode ser contra a inclusão e melhora da qualidade de vida da população mais pobre. O problema é o método. Não é perseguindo a oposição, processando jornalistas e até fechando empresas da mídia que se melhora um país. Não é com o Executivo dominando o Legislativo e o Judiciário que terão democracia. Não é confiscando mercadorias e obrigando comerciantes a vender pelo “preço justo” que se incentiva a atividade empresarial. Não é aparelhando a PDVSA, praticamente expulsando seus melhores técnicos e usando-a como “caixa” para pagar o que se queira, de combustível para norte-americanos pobres a desfile de carnaval no Brasil, que o país progredirá. A Venezuela tem a bênção de estar sobre o petróleo e a maldição de não saber usar sabiamente esses recursos.

  3. Putz, tive a sorte de nunca

    Putz, tive a sorte de nunca ter Gabeira como meu ídolo. Quando li “O quê é isso, companheiro”, achei-o de um pedantismo e auto-glorificação enojante. Ele praticamente comandou e planejou o seqüestro do embaixador, os outros estavam aí de lambuja, talvez para pegar uma carona pra Cuba. Hj o tal de mito se desfaz mostrando o que realmente era.

  4. FRACASSO

    O fracasso da organização da Copa do Mundo ( a Copa do Lula como Serra definiu para o Presidente do São Paulo) é a grande aposta da oposição reacionaria

    Se apegam na questão de gastos exorbitantes e inconpetencia do Governo Dilma.

    Vão detonar a organização inclusive com apoio de setores populares( inocentes uteis).

  5. Gabeira é um homem d classe

    Gabeira é um homem d classe média alta da Zona Sul do Rio, que deu bons exemplos de guerreiro ao tempo da ditadura, ao lado de ícones como José Dirceu e José Genoíno – pra citar dois apenas . Mudou suas ideias, suas posturas, e talvez por falta de entendimento consigo mesmo tornou-se um político apagado. Se tivesse continuado no PT poderia hoje estar em situação mais cômoda. Deve estar com raiva dele mesmo pelas suas escolhas.

    1. É difícil entender que nem

      É difícil entender que nem todos são corrompidos pelo poder ou pela proximidade dele ?

      É difícil entender que algumas pessoas, como Gabeira, não aceitariam jantar com Maluf e Sarney ? 

      É difícil entender que algumas pessoas não aceitariam comprar apoio político ? 

      É difícil entender que algumas pessoas ainda tem caráter, e o prezam ?

      É difícil entender que administrar grandes orçamentos não é, e nunca foi, o objetivo de vida de algumas pessoas, como Gabeira ?

      Evidente que Gabeira poderia estar se acercando deste governo petista, como muitos outros, o único problema é saber se ele algum dia quis isso.

      Apesar de ser normal as pessoas se julgarem outros si mesmas, acredite, nem todas as consciências tem preço ou estão à venda.

      1. Você é engraçado!

        Hahahahahahahahaha !

        Pache-cão vc é muito engraçado cara. É o troll mais engraçado que já apareceu por aqui.

        É difícil entender que algumas pessoas, como Gabeira, não aceitariam jantar com Maluf e Sarney ? 

        Isso é hilário….hehehehehehe.

  6. Quem ainda lê o

    Quem ainda lê o Estadão?!?!?!?Só o fato de ele escrever um texto para esse jornal, já indica tudo. Concordo, são ressentimentos represados por muito tempo. Na idade que o Gabeira está e falta maturidade….

    1. Eu leio.

      Eu leio. E aconselho a todos lê-lo, ainda que não concordando, discordando completamente ou indignando-se com as “mentiras da mídia manipuladora”. Serviria ao menos para pensar em bons argumentos para refutar as alegadas inverdades lá ditas.

  7. Para rebater, contraditar

    Para rebater, contraditar semelhante pulha, difícil encontrar um texto tão elegante, mas consistente, verdadeiro e contundente. Não há reparos no que está dito, onde Gabeira fica nú, sem mesmo a tanga que usou nos seus tempos de rebeldia, que agora se vê era tão somente rebeldia mesmo, nenhum comprometimento com novos tempos. Mais parece que o que realmente almejava era posição destacada na política, não consegui, se desvaneceu, largou a militância  partidária,  e foi para o ataque a quem poderia ter  pavimentado o caminho de sua ambição, no caso o PT, e seus dirigentes, com respaldo da poderosa Globo, e a seu serviço.

  8. E eu que pensei que Gabeira

    E eu que pensei que Gabeira tinha chegado ao fundo do poço. Com esse artigo que é o psdebismo ressentido, cagado e cuspido, chegou onde somente os ratos podem descer.

  9. Oh Gabeira…Gabeirinha, que

    Oh Gabeira…Gabeirinha, que DÓ de você…

    Que dó quando você disse que não se elegeu prefeito, porque os seus ELEITORES FORAM PASSAR O FIM DE SEMANA PROLONGADO, EM ANGRA.

    Que dó que você esqueceu, que de tão ético, foi pilhado na FARRA DAS PASSAGENS AÉREAS PARA SUA ESPOSA.

    Que dó…que os seus eleitores NÃO TEEM NÚMERO para levá-lo a PARTE ALGUMA.

    Vai ter que contentar-se em ser o “paipai” da menina das ONDAS GRANDES. E JÁ É MUITO para uma DECEPÇÃO, COMO VOCÊ.

     

  10. Gabeira pulou a cerca

    Sérgio Saraiva,

    Fernando Gabeira tem uma uma trajetória na vida que imagino causar inveja a qualquer pessoa esclarecida, foi de banido pela ditadura militar a deputado federal, sempre com expressiva quantidade de votos. 

    Quando perdeu a eleição para prefeito e depois para o governo do RJ, esta última em 2010, resolveu abraçar a chapa do paquiderme paulista e seu vice índio, e de lá prá cá foi trilhando o mesmo caminho de Arnaldo Jabor e outros, isto é, o de se deixar levar pelo conforto $$$ , mesmo que obrigado a obedecer o rito imposto pelo patrão.

    Enxergo estas guinadas violentas como questão de ordem pragmática, uma sobrevivência bem abonada prá defender a vida futura dos filhos. Ás vezes me arrependo por não ter feito o mesmo.

  11. Já  que  ele

    Já  que  ele  gosta….Gabeirou  feio…

       Ressentimento pelas repetidas rejeições eleitorais  que experimentou ?

         Sabe-se lá o que se passa  na mente de figura tão  irascível…

  12. Gabeira sempre foi um

    Gabeira sempre foi um equivocado, tanto em política quanto em estética. Nos debates da intelectualidade nos anos 60, só para citar um exemplo gritante, criticou com argumentos furadíssimos e dogmáticos os dois melhores filmes do período: Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, de Glauber Rocha. O primeiro, obra-prima reconhecida internacionalmente, foi chamado de “bobagem”. O segundo, também reconhecido mundialmente como um dos melhores exemplos do cinema político, num célebre debate do MAM, em 1967, foi chamado de fascista por Gabeira, que criticou a figura do poeta-político encarnado por Jardel Filho no filme de Glauber, sem perceber que esse intelectual vacilão poderia ser ele mesmo, e tantos outros como ele, divididos entre a esquerda radical e seus compromissos de classe com o poder instituído… Para Gabeira filme bom mesmo é o lastimável O que é isso, companheiro…

      1. Valeu, Assis.

        Corrigindo minha informação: o debate foi no MIS (Museu da Imagem e do Som) e não no MAM (Museu de Arte Moderna). Dele participaram, além de Gabeira, outros intelectuais, que defenderam o filme: Hélio Pelegrino, Alex Vianny, Maurício Gomes Leite, Joaquim Pedro de Andrade, Luiz Carlos Barreto.

  13. Pra mim este cara sempre foi

    Pra mim este cara sempre foi um blefe. Menino de boa familia e se dizia perseguido pela ditadura. Tanto é mentira que hoje taí abraçado com ela. A Cinderela é ele mesmo, somente, como sempre, errou o endereço.

  14. Gabeira precisa trabalhar

    Gabeira precisa trabalhar esse resentimento dele, prá ser líder precisa muito mais do que passear de tanga na praia. Nós sabemos que o Zé Dirceu não dava muita bola prá ele, mas ficar ranzinza e bandear para a direita, é dose. Nem Freud explica.

  15. O mito se foi

    Pois é Sérgio,

    Eu também já admirei o Gabeira. Lembro da campanha para governador de 1982, no Rio. O Gabeira era o candidato pelo PV em coligação com o PT.

    Presenciei alguns debates com os candidatos, em locais diferentes do Rio. E o Gabeira sempre com sua inteligência elegante, falando de violência, de minorias, de meio ambiente, com propostas claras que ofuscavam os demais candidatos. Era um discurso novo e bonito.

    Mas de uns anos para cá entrou numa decadência sem fim. Será que ele almeja ser um José Serra ou um Roberto Freire? Do jeito que vai, um dia chega lá. Uma pena!

  16. Inveja galopante


    O narcisismo doentio, esse mal que assola os tempos modernos, aflorou por inteiro no ex-militante de esquerda, Fernando Gabeira. Ele não aguenta o ostracismo, a desimportância, a mediocridade a que ele mesmo se submeteu por conta das escolhas que andou fazendo no outono da existência. Saiu do PT, abraçou-se a Toninho Malvadeza, a Serra, enfim enterrou o que ainda poderia haver de progressista em sua trajetória política e pessoal. Restou-lhe o conforto concedido pela mídia conservadora aos críticos contumazes do PT e do governo federal. Triste figura, esse espantalho da direita é hoje um reles ressentido, um homem que morre de inveja da esquerda que continua lutando e acreditando em valores que há muito ele desprezou. 

  17. Bom dia Cinderela é brilhante

    Bom dia Cinderela é um artigo brilhante. Já esse post que tenta desqualificá-lo, cruz credo! Falácias, falácias, falácias…

  18. Revolucionário que perde o Patrocinador

    Depois da queda da União Soviética e do muro de Berlim, muitos “revolucionários” ficaram sem sustentação. O PT surge como uma corajosa opção brasileira, bancada pelos sindicatos e intelectuais, para prosseguir com o socialismo de “casa”. Sem ânimo de lutar em condições precárias, Gabeira encontra o ombro amigo do Partido Verde, que traz a mensagem global à moda europeia. Assim como ele, o Roberto Freire ficou mais perdido que cego em tiroteio, ao perder o apoio dos sindicatos do tipo Solidariedade, vivendo hoje de sobras de campanhas tucanas e os seus polpudos patrocinadores de Washington. Dá para juntar vários sujeitos com este perfil, de viúvos da antiga esquerda global e perda total de rumo.

  19. No mundo da lua, mas contente

    Gabeira é a constatação da fraqueza do ser humano. Deixou-se cooptar alegre e festivamente pelas forças conservadoras e reacionárias.

    Trocou as boas lutas pelas benesses das elites midiáticas.

    É um pobre senhor que não manda mais nas suas vontades.

  20. Gabeira grosseiro e ignorante

    É impressionante ver que, por ressentimento nascido talvez quando José Dirceu deu um deselegante chá de espera em Gabeira, esse ex-guerrilheiro de esquerda tenha se tornado um homem rude e ignorante nos seus achismos. Os argumentos contra Dilma, pífios, foram desconstruidos no texto acima. É impressionante também ver que ele tem espaço em um jornal como O Estado de S. Paulo. Não enviei minha reclamação porque esse jornal, ao contrário da Folha, quase nunca dá espaço para reclamos contra seus colaboradores e muito menos para manifestações a favor de Dilma. Contra, sim. ALém de tudo, aquele que foi um grande jornal insiste em não ter um ombdusman. Pena. 

  21. Qualquer pessoa tem o sagrado

    Qualquer pessoa tem o sagrado direito de escolher um lado, sobretudo quando esse lado é sinônimo de comida na mesa, como é o caso do Gabeira.

    Quem conheceu Gabeira no Pasquim pensa que está vendo seu fantasma sob as asas dos marinhos.

    A fé remove montanhas, e o ostracismo transforma o caráter e a personalidade dos fracos que almejam notoriedade a qualquer custo.

  22. Este post, para mim, retrata

    Este post, para mim, retrata o problema que existe no Brasil: de um lado o Gabeira, que acha que “tudo o que está aí”está errado, do outro, o autor do post, que chega ao cúmulo de dizer que ” … O povo, mesmo durante os maiores protestos desde os anos 80, lotou os estádios… “.

    Não há meio termo. 

  23. Parabéns Sérgio Saraiva ! Eu

    Parabéns Sérgio Saraiva ! Eu assisti uma palestra dele em uma mostra de livros há 2 anos atrás, e palavra: Fiquei chocada c/ o estado físico e mental dele, inclusive disse que tinha aceitado 50 mil (se não me engano) do Serra p/ sua campanha. É uma sombra do que foi, se foi alguma coisa. Eu me lembro que no Rio diziam haver uma esquerda “festiva” aquela que só sabia discursar sentado numa mesa de bar e de copo na mão .  Penso que ele foi um típico personagem dessa esquerda, com algumas atitudes, obviamente.

  24. Interessante! Tenho amigos

    Interessante! Tenho amigos que caminharam comigo na juventude, na busca frenética de uma luz que viesse amenizar os males que há séculos fustigam o nosso povo sofrido; Hoje, depois que se projetaram socialmente, esqueceram tudo e vivem de mãos dadas com a direita opressora! Perderam o ideal que eu mantive mesmo havendo também galgado alguns degraus da escala financeira que os “bem-criados” como eu e os citados amigos conseguiram através do seletivo sistema capitalista. Hoje, tantos anos passados, já na velhice, fico a indagar-me: O que me faz manter acesa a chama do meu ideal? Consegui a resposta ao ler o filosofo argentino José Ingenieros, quando num capítulo do sei livro: “O Homem Medíocre”, trata de Emoção do Ideal nos seguintes termos: “Nem todos, como você, se extasiam diante de um crepúsculo, sonham diante de uma aurora ou vibram diante de uma tempestade. Nem todos gostam de passear com Dante, rir com Molière, tremer com Shakespeare, crepitar com Wagner. Nem todos emudecem ante o David, a Ceia ou o Partenon. É de poucos essa inquietude de perseguir avidamente alguma quimera, venerando filósofos, artistas e pensadores que fundiram em síntese suprema suas visões do ser e da eternidade, voando para além do real. Os de sua estirpe, cuja imaginação é povoada de ideais e cujo sentimento neles concentra toda a personalidade, formam uma raça à parte na humanidade: são idealistas. Definindo sua própria emoção, poderia aquele que se sente poeta dizer: o Ideal é um gesto do espírito no sentido da perfeição.”

    Com certeza ocorreu com Fernando Gabeira o mesmo que ocorreu com esses meus antigos amigos: PERDERAM A EMOÇÃO DO IDEAL, ou, na verdade, nunca foram tocados por essa emoção!

  25. Interessante! Tenho amigos

    Interessante! Tenho amigos que caminharam comigo na juventude, na busca frenética de uma luz que viesse amenizar os males que há séculos fustigam o nosso povo sofrido; Hoje, depois que se projetaram socialmente, esqueceram tudo e vivem de mãos dadas com a direita opressora! Perderam o ideal que eu mantive mesmo havendo também galgado alguns degraus da escala financeira que os “bem-criados” como eu e os citados amigos conseguiram através do seletivo sistema capitalista. Hoje, tantos anos passados, já na velhice, fico a indagar-me: O que me faz manter acesa a chama do meu ideal? Consegui a resposta ao ler o filosofo argentino José Ingenieros, quando num capítulo do sei livro: “O Homem Medíocre”, trata de Emoção do Ideal nos seguintes termos: “Nem todos, como você, se extasiam diante de um crepúsculo, sonham diante de uma aurora ou vibram diante de uma tempestade. Nem todos gostam de passear com Dante, rir com Molière, tremer com Shakespeare, crepitar com Wagner. Nem todos emudecem ante o David, a Ceia ou o Partenon. É de poucos essa inquietude de perseguir avidamente alguma quimera, venerando filósofos, artistas e pensadores que fundiram em síntese suprema suas visões do ser e da eternidade, voando para além do real. Os de sua estirpe, cuja imaginação é povoada de ideais e cujo sentimento neles concentra toda a personalidade, formam uma raça à parte na humanidade: são idealistas. Definindo sua própria emoção, poderia aquele que se sente poeta dizer: o Ideal é um gesto do espírito no sentido da perfeição.”

    Com certeza ocorreu com Fernando Gabeira o mesmo que ocorreu com esses meus antigos amigos: PERDERAM A EMOÇÃO DO IDEAL, ou, na verdade, nunca foram tocados por essa emoção!

  26. Gabeira, que a mesma direita
    Gabeira, que a mesma direita para a qual agora ele se curvou e engraxa os sapatos, antes o chamava de “viado”, “terrorista” e “maconheiro”, tornou-se um lixo… um lixo como político e como ser humano… um lixo repleto de rancores e de ódios contra seus antigos companheiros que conseguiram transformar o país em uma Nação menos injusta e menos desigual…Gabeira junta-se a outros lixos e trânsfugas, como Roberto Freire, Aloísio Nunes Ferreira, José Serra, FHC, etc… Será que essa corja era mesmo militante contra a ditadura militar, era mesmo “revolucionária” (como gostava de se apresentar), ou era apenas um grupo de agentes infiltrados à serviço dos militares? Tenho minhas dúvidas de que não tenham sido isso, tamanho o seu comportamento odioso contra os que eram seus aliados de antes e com eles lutaram numa mesma trincheira…Gabeira, saiba que o que tantos dizem é pura verdade: na política o povo adora a traição, mas odeia o traidor, pois o traidor personifica o covarde que se volta contra o que defendeu antes e contra aqueles com os quais esteve junto em muitas lutas… Você é um traidor, portanto você é que irá para a lata do lixo da História… Porque o tempo não para e tempos virão em que as verdadeiras intenções dos traidores serão desmascaradas… e seguramente não são nobres essas intenções…

  27. Cá pra nós, com o perdão do

    Cá pra nós, com o perdão do autor do post, que traçou fundadas críticas ao texto do autor de “O que é isso, companheiro?”, mas Gaberia nunca foi ícone da esquerda. Sempre foi considerado, inclusive pela esquerda armada, um bundão, um vacilão. E acho que agora ele realmente se encontrou com o Gabeira que sempre foi ou quis ser, mas que, dadas às circunstâncias conjunturais, não teve coragem de assumir. Mais um conservador, udenista enrustido, cristão não muito novo do velho tucanato udenizado – ou UDN tucanizada. Em suma, mais um alinhado com as versões globais acerca de tudo: do PT, da Venezuela, da Petrobras. Este posicionamento lhe assegura credibilidade junto ao público que o cerca, além de algum meio de sobrevivência junto à velha mídia. Ele, Madureira, Jabor, Garcia, e tantos outros, todos com pensamento único, têm cada vez mais a cara de quem chupou limão, reparem. Estão envelhecidos na alma, não importa a idade que tenham. Num Brasil que produz esperanças e sonhos, eles são as aves de mau agouro.

  28. O mito moderno

    Ao se olhar no retrato, Dorian, como Narciso, se engana. Narciso, acaba se afogando na própria beleza. Dorian, sabe-se velho, porém, não quer morrer. E continúa rolando sua vidinha, enganando, e se enganando. A questão, é continuar possuindo o retrato. Como a história se repete como farsa, num belíssimo dia de junho, o retrato refletiu a verdadeira face de Dorian. Assobiaram avisando que o retrato ruiu, mas Dorian prefere pensar que não, que o quadro jamás envelhece.

    “Eu irei ficando velho, feio, horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho… Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse!… Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!”.  O. Wilde, in O Retrato de Dorian Gray

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