Como esperado, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga minimizou o impacto da pandemia conduzida por Jair Bolsonaro, que matou 665 mil pessoas, em discurso hoje (23) na Organização Mundial da Saúde (OMS). E enquanto o ministro declamava as “vitórias” do Brasil no suposto combate ao coronavírus, o presidente derrubava o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19.
Os dois ocorreram na manhã desta segunda (23). Segundo Jamil Chade, do Uol, o discurso de Queiroga foi mais uma “propaganda eleitoral”, que omitiu os dados de vítimas de Covid-19 no país e comemorou os supostos “avanços”. E sem ser conduzido a falar do tema, levantou a bandeira “anti-corrupção” de Bolsonaro na saúde.
“Queiroga, como se não estivesse na sede da ONU, ignorou todos os principais temas da agenda internacional, como a negociação de um novo tratado global contra pandemias, não citou a reforma da OMS (Organização Mundial da Saúde), o debate sobre o regulamento sanitário internacional e não tocou no tema da guerra na Ucrânia”, relatou o jornalista, em sua coluna.
E no tom da campanha de reeleição de Bolsonaro, sem ser convidado a falar sobre o aborto, disse que o governo “defende, de forma intrasigente, a vida desde a sua concepção”.
Sendo o Brasil o segundo país com mais mortes por Covid-19, a reunião da OMS em Genebra, nesta semana, tinha o objetivo de traçar novas metas para o combate do vírus e diminuir as desigualdades de acesso a vacinas e recursos para o enfrentamento.
Mas na linha do que vem adotando de forma eleitoral, Queiroga participou do evento com a missão de desfazer a imagem negativa que o Brasil recebeu no exterior. Sem contextualizar o impacto de todas as políticas negacionistas do governo Bolsonaro, Queiroga disse que o Brasil reduziu “em 90% os óbitos pela Covid-19 no último ano”.
“Desde o início da pandemia de COVID-19, o governo do presidente Jair Bolsonaro atuou para preservar vidas, conciliando oequilíbrio econômico e a justiça social”, elogiou.
Conforme o GGN mostrou, entre os temas de importância para o eleitorado brasileiro atual, a pandemia deixou de ser chave e motivo de preocupação. Em pesquisa Ipespe divulgada na semana passada, 56% dos entrevistados afirmam que não estão “com medo do coronavírus” e somente 11% estão “com muito medo”.
Ao mesmo tempo que o ministro pronunciava as “vitórias” do governo Bolsonaro na pandemia, o próprio presidente publicava no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda a revogação do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19.
Trata-se do grupo criado em março de 2021, já com um ano de atraso do governo, para lidar com a emergência e adoção de políticas para a pandemia. Também foram publicados outros 22 decretos que revogam todas as estruturas da administração pública federal para o combate à Covid-19, desde as regulamentações para o isolamento, exportação de produtos hospitalares, etc.
Nas redes sociais, também minimizando o fim das políticas do governo Bolsonaro para o enfrentamento da pandemia, Queiroga contraditoriamente disse que “nenhuma política pública de saúde será interrompida”.
Entretanto, a própria pasta de Queiroga estima que mais de 2 mil normas caíram com o fim do estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) pela Covid-19.
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