Grupos à direita esvaziaram o “Fora, Temer” para impedir o retorno de Lula, diz estudo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: EFE

Jornal GGN – Um estudo feito por uma agência digital mostra que grupos ligados a pensamentos mais à direita decidiram esvaziar os protestos pelo “Fora, Temer” porque não querem que Lula ou o PT seja beneficiado com a deposição do atual presidente. Na visão desse nicho “azul”, é melhor um governo corrupto – segundo as declarações da Lava Jato por causa da JBS – do que um governo à esquerda. O estudo ainda mostra que os movimentos de rua que pediram o Fora Temer foram majoritariamente organizados por partidos políticos e aliados. Itamar Garcez trata do assunto em artigo divulgado nesta terça (1), em Os Divergentes.

Por Itamar Garcez
 
Em Os Divergentes
 
Estudo sugere que o “Volta, Lula” barra o “Fora, Temer” nas redes sociais
 
As redes sociais não são reflexo absoluto do pensamento da população física, aquela que tem CPF. Afinal, o fato de alguém não se manifestar não implica ausência de opinião.
 
Mas certamente as social networking são um bom termômetro dos movimentos de massas que se configuram no mundo virtual para depois desembarcarem na Avenida Paulista. Foi em busca desse parâmetro que uma nova agência de informação, a Mitra, produziu um estudo inédito.
 
De acordo com um dos titulares da agência, Pedro Ferreira, “se alguém espera que o “Fora, Temer” venha das ruas, está enganado”. O título do trabalho de 18 páginas já traz a conclusão: “A desidratação do ‘Fora Temer’ nas redes sociais”.
 
Para chegar ao veredito foi necessário antes levantar dados de manifestações políticas na internet. O corte foi a primeira semana de julho.
 
Em seguida, a Mitra partiu de uma estatística que aponta a origem das recentes manifestações de rua. Segunda ela, 99% dos protestos de ruas contra o presidente Michel Temer “com mais de 3 mil usuários com presença confirmada foram organizados por partidos políticos, movimentos sociais ou usuários alinhados à oposição”. Ou seja, concluem os organizadores do estudo, até aqui não houve mobilização de segmentos “neutros” ou “apartidários”.
 
Dados da ePS (ePoliticSchool), escola de comunicação digital que tem entre seus sócios Xico Graziano e Mauricio Salvador, dividiram a militância nas redes entre bloco azul (mais à direita) e bloco vermelho (mais à esquerda). O levantamento da ePS contabilizou 5,7 milhões (36%) de engajamentos do grupo vermelho e 10,3 milhões (64%) do azul. Por engajamento leia-se a soma de curtidas, comentários e compartilhamentos, ou seja, aqueles que reagem diante de um post.
 
Temer, o mal menor
 
Mostras de postagens indicam que os usuários azuis das redes sociais (onde germinaram as manifestações de rua contra a presidente Dilma Rousseff antes do impeachment que a depôs) chegaram a se empenhar pela destituição do mandatário diante do colossal impacto das primeiras denúncias contra Temer reveladas pel’O Globo. O movimento, no entanto, arrefeceu diante de três “fatores”.
 
Primeiro, a deposição de Temer impulsionaria a candidatura Lula. Segundo, sites ligados aos “vermelhos” passaram a reproduzir postagens “azuis” que defendiam o “Fora, Temer”. Terceiro, o acordo entre o procurador-geral da República Rodrigo Janot, que “garantiu impunidade à empresa [JBS], não trazia nada contra o PT”.
 
Um quarto fator pode ser acrescentado: o bloco azul defende as reformas liberais do presidente da República. Enfim, o alvo era “evitar um novo governo com maior alinhamento ao PT” – receio que recaía sobre o sucessor imediato, deputado Rodrigo Maia.
 
O estudo não aposta na permanência de Temer no poder. Mas indica que não deve haver mobilização de monta nas ruas para pressionar os deputados a rejeitar o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel na próxima quarta, 2 – e, com isto, abrir caminho para a deposição. A queda do mandatário-tampão dependerá, assim, de “conchavos” e de novas denúncias.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

19 Comentários

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  1. Não me impressiona.

    Por isso que o Bolsonaro é o candidato da direita, segundo penso.

    Há um tempo, eu dizia, “o brasileiro médio é de direita”. Mas pra Bolsonaro ser um nome, é preciso que exista alguma parcela de verdade. Mas, onde?

    Se uma pessoa olha para o político e para o crime, enviezando no todo ou em parte a relação entre economia e política, a candidatura de Bolsonaro aparece.

    Claro, as redes sociais agregam aqueles que possuem acesso à rede. E correspondem àqueles que acessam determinadas postagens. Então, eu relativizo um pouco.

    Entendo que a tentativa de responder à questão “cadê o povo, com essa destruição toda?” pelas informações de rede possa fazer sentido, mas não explica totalmente.

    O complicado é essa maioria silenciosa e tola determinar fortemente o meu caminho.

  2. Equívocos primários

    O “estudo” peca por algo absolutamente elementar e primário nas ciências sociais: reduz a multicausalidade sociológica a uma unicausalidade presumivelmente mensurável.

    Sinteticamente: não dá para deduzir toda a política das assim chamadas “redes sociais”. Quem fizer isso estará produzindo uma reificação de um fenômeno (“redes”) que só faz sentido se devidamente dimensionado, ou seja, se reconhecidos seus limites e sua incidência.

    A pergunta que não foi feita antes da naturalização da ideia de “opinião” nas redes é: quem se mobiliza para esse tipo de discurso político via “rede”? para quem a política está necessária e imperiosamente reduzida às “redes”? quem tem tempo ocioso para coletar insumos e reagir a informação política na “rede”?

    São perguntas análogas àquelas que Pierre Bourdieu fazia quando se atrevia a sustentar que “a opinião pública não existe”, ou seja, ela é fabricada pela própria atividade de coletá-la.

    Que as corporações clássicas da política tenham conduzido um determinado movimento de mobilização não é nenhum dado alarmante, é apenas um truísmo, é o curso mais que tradicional da ação política.

    As perguntas que interessam, na verdade, estão em outro lugar: o que, para além das redes, condiciona a difusão e o reconhecimento de legitimidade das mensagens políticas?

    O fracasso do Fora Temer pode ter razões muito distantes das “redes” para existir, entre elas pode estar, por exemplo, a da guetificação da política e a da vitória da antipolítica operadas, por casualidade, pelo primado do consumo como princípio da socialidade, algo que diz respeito à lógica mais íntima da política sob a égide dos governos petistas.

    Mas esse é o tipo de macrocausalidade que, exatamente por exigir muito trabalho interpretativo, está bastante distante da ligeireza dos vaticínios cabais que as seduções quantitativistas oferecem.

    Portanto, ainda falta muita análise para que esse fenômeno social possa ser efetivamente interpretado.

    1. Poderias ter iniciado pelo

      Poderias ter iniciado pelo sétimo parágrafo, posto ser a “tese” do comentário. Pouparia os que discordam do reducionismo.

      1. Ele acusa o PT de colocar a

        Ele acusa o PT de colocar a importancia no consumo sem dizer que a direita coloca toda importancia do mundo em pobres passarem fome pra que eles tenham escravos.

        Ricardo, sinto muito, mas seus comentarios sao de dar pena, ok?

    2. A pancada foi tão forte que

      A pancada foi tão forte que não conseguiu que o sociologo Pierre Bourdieu se revirasse no tumulo.Quem saiu do casulo foi o companheiro J B Costa,esbravejou feio aí embaixo.

      1. Pois é!

        Pois é. A malta religiosa petista é tão intelectualmente rasteira que, para ela, tudo fica condicionado ao que se pense dessa bosta que é o sacrossanto PT. Todo o resto é desprezível.

        Eles nem perceberam que, ao final do meu comentário, o que eu lancei foi uma hipótese.

        Eles nem perceberam que, minha crítica à reificação quantitativa da “opinião” se dirigia contra a presunção imbecil da pesquisa de querer afimar que a direita (ou “grupo azul”, ou o nome que se queira dar) representaria 64% dessa “opinião”.

        Eles nem perceberam que minha crítica metodológica é muito mais ampla que o espinho que lhes dói no calo do fanatismo petista.

        Coitados! Mediocridade é foda!…

        1. Ricardo, a tua crítica é tão ruim e desfocada como o artigo.

          Carimbaste o teu anti-petismo sem que ninguém tivesse falado nada, mas babando que nem o Villa e congêneres, não resistiu. Vai fazer parzinho com a Lulu Genro e beijar a mão do Aécio.

          Outra coisa, põe um babador para não sujar a camisa, mamãe vai ficar braba.

          1. Faltou o principal
            Faltou o principal companheiro Ricardo.Nao sou petista,sou lulista,so nele deposito meu solitario voto.

  3. VOLTa Dilma!!!
     
    LUis inácio

    VOLTa Dilma!!!

     

    LUis inácio voltará, inevitavelmente.

    mas em 2019.

     

    agora é Dilma. eleita presidente até fim de 2018.

    sem crime, nem indício.

     

    houve um erro, iremos corrigí-lo.

    SEM CRIME NÂO HÁ IMPEACHMENt!

    1. NÃO ADIANTA SONHAR COM O

      NÃO ADIANTA SONHAR COM O IMPOSSÍVEL. ESTÁ MAIS FÁCIL UM BURRO SAIR VOANDO QUE A DILMA VOLTAR E FIM. NINGUÉM ACREDITA NISSO E A MAIORIA NÃO QUER, ENTÃO NÃO ACONTECERÁ NEM POR DECRETO.

  4. Ah! Lula….

    Esta claro desde que conseguiram fazer o impedimento de Dilma Rousseff que não é a esquerda e a população em geral que mobiliza, mas tal qual em 64, instituições e organismos subvencionados é que decidem quando e contra quem se vai para as ruas.

  5. A cada descoberta que fazem
    A cada descoberta que fazem esses jornalistas de alto coturno,como o post acima,com pinta de uma bomba de fazer inveja ao missil disparado pelo baixinho invocado norte-coreano,Kim Jung-un,me deixa vermelho de vergonha.Os meus conhecimentos do mundo politico,e suas mumunhas,a cada dia,me deixa convencido que eu deveria esta sentado a esquerda de Deus.

  6. Nunca foi a corrupção

    Sempre foi Fora Lula nine paraíba, Fora Petralha, Fora presidenta honesta, Fora Partido dos Trabalhadores.

    Esse espaço é meu, disse a casa-grande.

     

  7. Não seria o contrário?

    Precisa ver tanto a veracidade do artigo quanto a lógica.

    Na minha opinião, a manutenção do Vampiro é que beneficia a esquerda (seja Lula, PT ou Dilma), inclusive, se as pesquisas estiverem certas, saiu uma um dia desses, em que mais da metade da população disse que o governo Dilma foi melhor que o Vampiro.

    Se a saída do Vampiro beneficia o PT/Lula, por quê a Globo e parte do psdb defenderia? me engana que eu gosto.

    Na minha humilde opinião, a manutenção do vampiro é a menos pior das opções. Por quê? se for a questão das reformas, pelo contrário, o objetivo dos golpistas é dar uma “limpada” no golpe com uma “carinha nova” e projeto político-econômico medieval. Tanto um como outro são capazes de continuarem com a destruição da sociedade, com o charmoso nome de reformas. Se o Vampiro continua, ele vai ter que enfrentar a globo, o que é bom. Porém, cada vez mais desmoralizado.

    Outra coisa, precisa parar este estado fascista-policialiesco, que ele tambem vai ter que enfrentar, se quiser sobreviver.

    Se a direita prefere o fascismo ao PT e não se incomoda com a república governada por ladrões, eu também prefiro ladrões ao fascismo. Esta guerra precisa escancarar.

  8. É impressionante como as pessoas se autodenominam o que não são.

    Quem são estes tais de convergentes ou divergentes. Não é um nome de uma série de filmes para adolescentes?

    Análises políticas sempre partem de uma posição política de quem a faz, este tipo de consideração é mais velho do que a Terra! Pois bem, os divergentes fazem uma pesquisa, dividem infantilmente os grupos por cores, que tal vermelho, cor de rosa, …., azul, bota infantilidade política nesta divisão. Aí analisam, não dizem como, quem é fora Temer, como isto fosse a Queda da Bastilha, é contra ou a favor a não sei o que?

    Finalmente com os dados obtidos da ePS (ePoliticSchool), escola de comunicação digital, chegam a uma conclusão que pode ser obtida por qualquer um que queira sem toda esta manipulação, que os azuis, classificados como de direita no início são pró reformas liberais do que combate a corrupção de Temer ou de qualquer direitista, e para os vermelhos nem sei direito a que conclusão que tiveram!

    Realmente não é porque te dá o nome de divergentes ou convergentes que permitem através de informações de uma “agência de informação” (CIA ?) a Mitra podem escrever qualquer bobagem e pior, a gente perder tempo em procurar decodificar o que não está codificado.

  9. Coxinhas/fascistas = apolíticos/sem-ideologia

    A observação absolutamente ridícula de que “os ‘azuis’ não têm partido” e que “os ‘vermelhos’ foram sempre mobilizados por partidos” contraria outras observações anteriores (desde 2013), em que se percebeu a forte atuação do PSDB, de empresários e de outros partidos de direita na mobilização dos grupos fascistas que hoje infestam as redes sociais.

    Os coxinhas sempre apontam o dedo para os “vermelhos” e suas ideologias, enquanto batem no peito se dizendo “apolíticos” e “imunes” a qualquer ideologia.

    Quando alguém me diz que não tem ideologia, eu penso: analfa-coxinha, não sabe o que é ideologia. Quando diz que é “apolítico”, invariavelmente, é fascista.  Em todo caso, não enxergam a sua própria posição no plano político-ideológico, tal qual os autores desse “estudo” enviesado.

  10. Conta outra

    Ou seja, concluem os organizadores do estudo, até aqui não houve mobilização de segmentos “neutros” ou “apartidários”.

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