
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro e amigo pessoal de Jair Bolsonaro (PL), Fabricio Queiroz, ainda cobra do clã “consideração” e, claro, dinheiro em troca de sua lealdade. O cenário complicado foi exposto em uma série de mensagens de voz gravadas por Queiroz e encaminhadas a Alexandre Santini, ex-sócio do filho “01” do ex-presidente.
Incumbido de administrar as ‘rachadinhas’ no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Queiroz perdeu o prestigio após o escândalo vir à tona. Inconformado, ele faz uma série ameaças aos antigos patrões por meio de áudios, obtidos pelo colunista Rodrigo Rangel e revelados nesta quinta-feira (23) no site Metrópoles.
Santini, o ex-sócio do senador em uma loja de chocolates da Kopenhagen, a Bolsotini Chocolates e Café Ltda, que segundo o Ministério Público do Rio foi usada para lavar dinheiro lavar dinheiro, seria o interlocutor entre Queiroz e o clã. Rompido com Flávio, Santini chegou a ameaçar colocar o ex-sócio na cadeia.
As gravações reveladas hoje mostram que Queiroz pede que Santini faça um “empréstimo” na conta do senador, a quem se refere como “amigo“. “Você não tem noção da fogueira que eu tô pulando (…) Eu tô precisando de uma grana emprestada aí e depois eu vejo com o amigo lá pra te pagar aí, cara”, afirmou o ex-assessor.
Nas mensagens, Queiroz se mostra bastante inconformado com o abandono dos Bolsonaro, ao se comparar com outros aliados que tem “salário garantido” e faz ameaças, alegando que seus filhos estão desamparados.
Para ilustrar sua fala, Queiroz conta que dos de seus filhos, Felipe e Nathália, até haviam conseguido alguma renda com o auxílio de um aliado de Flávio, mas que, como vieram a público as contratações secretas realizadas por meio do Ceperj, uma fundação ligada ao governo do Rio, acabaram enquadrados.
O ex-assessor cita, inclusive, o ex-árbitro de futebol Gutemberg Fonseca, nomeado secretário de Esportes do governo de Cláudio Castro, por indicação de Flávio. Queiroz põe ainda na conversa o nome de outro homem de confiança do senador, o advogado João Pedro do Nascimento, que durante o governo Bolsonaro se tornou presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Gutemberg Fonseca, isso é um vagabundo (…) Eu sei das tretas dele todas junto com o João Pedro… Eu não sou de bobeira, entendeu? Você sabe que informação é o que eu mais tenho”, afirmou.
Queiroz afirmou ainda que sua mulher havia “se humilhado” para que Victor Granado, ex-assessor de Flávio, pagasse a faculdade da filha caçula, Evelyn Mayara.
“Acumula, fica seis meses, ela liga, se não (pagar) ela não pode renovar a matrícula. Eles (referindo-se aos filhos de Bolsonaro) fizeram faculdade, eles são tudo (formados em) faculdade particular, eles sabem como é que funciona isso”, reclamou.
Em seguida, Queiroz cita também o cargo comissionado da esposa de Granado, Mariana Frassetto Granado, que atua como assessora do Flávio desde 2019, com salário de mais de R$ 20 mil, além de um “contrato milionário” com uma advogada do filho de Bolsonaro.
“A mulher do Victor tá lá pendurada no gabinete ganhando 20 mil, o Victor tá com um contrato milionário com a Luciana… Eu não sou otário, pô, eu sei de tudo, entendeu?”, disse.
Na série de gravações, Queiroz vai além e garantiu ter informações que tem sido mau falado pela família e que pode comprometer os Bolsonaro caso as demandas financeiras dele não sejam atendidas. “Eu quero falar isso com o amigo (Flávio), frente a frente. Porque, se for verdade, eu vou pro pau mesmo (…) Eu sou homem“.
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