Enquanto os progressistas não dispõem de bandeiras, por Luís Nassif

Eleições revelaram o poder dos governadores para eleger prefeitos, esses se reelegerem e a falta absoluta de instrumentos do governo federal

Rovena Rosa – AGência Brasil

O quadro político é complexo.

Há uma contagem regressiva para as eleições de 2024. Dependendo da votação, a bancada de direita no Senado poderá alcançar uma maioria capaz de acuar o Supremo Tribunal Federal.

Os chamados setores progressistas têm apenas a boia da candidatura Lula. Mas ele está completamente amarrado pelas limitações do orçamento. 

Essas eleições revelaram o poder dos governadores para eleger prefeitos, dos prefeitos para se reeleger e a falta absoluta de instrumentos do governo federal, depois que o orçamento foi sequestrado pelas emendas parlamentares.

Por outro lado, a absoluta liberdade das redes sociais tem alimentado de maneira vigorosa não apenas a ultradireita, mas as incursões do crime organizado na política. E não há sinal da constituição de uma maioria visando estabelecer limites. Nem sinal de um discurso dos setores modernos, capazes de se opor à simplificação matadora dos slogans de direita.

O Supremo Tribunal Federal se converteu na única garantia da democracia. Em muitos estados, porém, o poder judiciário atua como agente político, como foi o caso da Paraíba, desestabilizando as forças progressistas e abrindo espaço para a reeleição de um candidato claramente associado ao crime organizado. Em outros lugares, há uma infiltração do crime organizado em organizações sociais, assumindo o controle da saúde e do lixo, sob os olhares acomodatícios de promotores estaduais.

Em algum momento do futuro – sabe-se lá quando – as forças progressistas entenderão que a bandeira a ser estendida é a da solidariedade, mas não apenas como uma manifestação de bons sentimentos e voltada também para o setor produtivo.

Hoje em dia o Brasil é campeão de movimentos sociais exemplares, que ajudaram a tirar milhares de pessoas da miséria e da marginalidade. É o caso do Movimento dos Sem Terra e dos Sem Teto. Falta articular ações que ajudem na organização das pequenas empresas.

Possivelmente, se eleito, e com os recursos de que dispõe a Prefeitura, Guilherme Boulos poderia promover uma revolução social, levando a tradição de organização do MTST para pequenos bares, pequenas farmácias, ajudando a fortalecer o comércio de periferia, os pequenos produtores contra o poder  massacrante das grandes plataformas.

Mas essas experiências precisam vir à tona e serem multiplicadas, como aconteceu anteriormente com o orçamento participativo.

Aliás, é curioso que o PT, dispondo da fundação mais prolífica entre todos os partidos políticos – a Perseu Abramo – não consegue transformar nenhuma das ideias em programa de governo ou em bandeira de partido.

10 Comentários

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  1. Talvez esse seja um efeito negativo imprevisto do Fundo Partidário. De um lado as lideranças de esquerda resistem à renovação porque querem continuar controlando o dinheiro público transferido para os partido (imitando assim seus pares à direita). De outro, como a renovação está bloqueada mediante artifícios como o que ocorreu em Osasco (Emídio poderia ter dado lugar a outro candidato, mas preferiu disputar mesmo sabendo que perderia porque não quer deixar de ser reeleito deputado federal) ninguém mais se esforça na base junto à população. A esquerda se igualou à direita por dentro e a imagem dela apodrece rapidamente aos olhos da população.

  2. O crime organizado seja pelos bem nascidos ou pela ralé só AVANÇA aonde o Estado falhha,estão terceirizando tudo e vai para quem ?Nosso comércio está em frangalhos funcionando com estrutura deficitária,está havendo uma transição nos negócios,isso é uma ótima oportunidade para Sampa sair na frente e vanguarda da transição energética mundial,muitos vão ganhar muito dinheiros BEM VINDOS AO FUTURO ELE CHEGOU !!!

  3. Boulos tem de ter orgulho no movimento de ocupação de imóveis desocupados e sem função social, sonegados e invadidos muitas vezes por pessoas ainda mais marginalizadas. O MTST ao menos chamava a atenção para a função social da propriedade e a desmarginalização de famílias excluídas do alcance do erário. Um exemplo de solidariedade, pois há a politização dos sem teto, sua conscientização. A imprensa se assegura no diteito à propriedade em desfavor do social por que é de genética escravocrata.

  4. o velhíssimo discurso da “pequena burguesia” ungida e santificada, cujos sujeitos homens brancos e velhos são as eternas “vitiminhas do sistema” que os persegue e injustiça. Ri alto aqui, Nassif, com todo respeito. Sua ladainha classista tem a mesma profundidade filosófica de um tratado de Pablo Marçal sobre economia política.

    1. Além de não fazer sentido com o que está escrito, com o assunto abordado, chega a ser engraçada sua ressalva. Se isso já foi “com todo o respeito”. imagino se fosse sem respeito: faca? canivete? corda de enforcar? tanta agressividade não deveria ter lugar aqui

  5. Parece que o PT envelheceu antes do tempo. Ou parece que neste governo Lula o PT está tomando pra ela as limitações que o governo sofre como minoria no parlamento, o orçamento nas mãos do centrao etc. O governo estabeleceu uma estratégia para a sua sobrevivência mas o partido tem que estabelecer a sua própria estratégia

  6. Não existe força de progresso no governo Lula, Lula se mostrou apenas mais um, Lula não quis reendustrialuzar o Brasil através do pré sal, a aepet tinha um plano bom, não quis e nem vai, hoje somos um país parado e sem rumo e nada mudará, e quanto ao STF, a Direita comemorou quando o STF autorizou a venda das das refinarias e das empresas brasileiras estatais, a direita se alegrou quando o STF carimbava a destruição que a lava jato fez…. E hoje a esquerda se alegra….. Temos é torcida… O nacionalismo não existe mais nos partidos, só no povo que o nacionalismo desenvolvementista vive… Lula acabou só o nassif não quer ver.. Bolos só foi pro segundo turno porque marcal apresentou o laudo muito louco.. E Nunes ganha fácil..

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